# 01 Meu amado soldado

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O ano era 1938,para quem não conhecia o futuro. O país já havia dado uma estabilizar após a guerra mundial, não irei dizer que as coisas estavam boas,porém aparentavam estar melhores.
Agora eu trabalhava, uma verdadeira revolução para nós mulheres, era cansativo, porém eu era a responsável por sustentar a minha extensa e pobre família.
Trabalhava como uma condenada porém não reclamava.
Eu era a mais velha de seis irmãos,um pai morto em guerra e uma mãe doente internada em um hospício local.
Eu havia me tornando mãe sem nunca ter feito o ato.
Os dias eram logos,os horários de almoço curtos,banhos mais curtos ainda,a hora de dormir extensa como só ela.
A ordem como disse começava comigo, havia completado 23 anos mês passado,a segunda Adele 16 anos nas costas completa 17 esse ano e passa a trabalhar ano que vem,Oriole 13 anos completos um mês anterior ao meu, a Izabel tinha completado 12, Mary Jane acabou de fazer 7 no final do ano passado,e Lysander com 5 anos, Theodore e Alice gêmeos acabaram de completar 2 anos.
Há alguns anos havia boatos de uma possível segunda guerra que se torna realidade nos dias de hoje,alguns longos anos depois.
Convocada para ir como enfermeira e servi meu país infelizmente fui obrigada a deixar meus irmãos a própria mercê.
Com o coração na mão e minha mente nos pequenos irmãos deixo minha casa entrando nas grandes viaturas do exército.
Meus irmãos né abraçam chorando esperançosos para que voltasse.
Não acreditava que voltaria porém fazia promessas vazias,seladas com choro e mágoas e por fim beijos de despedida.
Adentro, o ônibus lotado de homens que despertava sua masculinidade em seu cheiro.
Havia poucas mulheres como eu, elas permaneciam encolhidas devido ao medo ou apenas aos homens que de fato eram muito espaçosos, a maioria deles malhados ando até o fundo e encontro um magrelo quase desnutrido,sentava na janela e ao seu lado um banco vazio.
Ao meu ver aproximar se levanta e me oferece a janela sorrindo.
" Esse garoto não vai durar uma semana" penso
Me sento e agradeço mas fico quieta não pretendendo puxar assunto mas parece que ele não pretendia o mesmo.
Logo me diz:
- Enfermeira?- acredito que não é comigo mas ele repete e me encara no fundo dos olhos
Aceno com a cabeça confirmando e pergunto:
- Soldado?- era uma pergunta óbvia mas queria ser educada
- Sim,servi meu país né?
Dou um sorriso melancólico
E ele percebendo me diz:
- Não queria tá aqui né?
- É mas eu fiz enfermagem aos meus dezesseis
- É você ainda se lembra?
Aceno com a cabeça confirmando
- Que arrependimento!- bufo
- Tem pessoas que gostaria de estar no seu lugar!- ele me reprime sutilmente
- Os pacientes do hospício?
Ele ri mas continuo seria tirando um pouco de sua graça
- Você não sabe o que é a guerra garoto!
- É você? Sabe?
- Pois pode ter certeza que sim!
- Você nem era nascida nessa época!
- ah quem me dera!
O silêncio transforma uma barreira entre nós
E me sinto mal,não deveria ter sido tão severa com ele
Então puxo assunto novamente,seus olhos me parecem agradecer,pareciam até sorrir em agradecimento.
- Tem irmãos?
- Tenho,quatro,quatro garotinhas- ele sorri -
E você?
- Sete! Os meus pequenos!
- Você já é enfermeira profissional então?
- Com certeza - respondo rindo

No final acabamos nos dando certo, um garoto sem noção do mundo e do que realmente era a guerra se sentia honrado ao servi seu país enquanto eu uma mulher com basicamente sete filhos,revoltada com nosso país e nosso sistema se pudesse acabava com tudo, obrigada a vim ea deixar meus pequenos sozinhos,chegava a ser irônico.
Mas quanto mais tempo passávamos mais nos aproximavamos em um determinado período acharam que estávamos tendo um caso.
Era um curto período de tempo,três semanas,nos tornamos inseparáveis,um porto seguro um do outro.
Diante de tantas mortes e soldados caídos ao chão ele seguia firme orgulhando a mim e a seu país que dele dependia.
Trabalhar como enfermeira não era fácil muito pelo contrário sofria muito,sentia pena dos feridos principalmente quando estes eram crianças ou idosos.
Fazia o máximo que podia porque o mesmo queria quando fosse meu irmão.
Noites em claro,tanto minhas quanto de Matthew,o garoto de quem havia me aproximando desde o início e agora me parecia o começo de uma paixão porém não pretendia deixá-la fluir ou me expressar com ela.
Por diversos motivos dentre eles pois sabia que ele não voltaria vivo,não poderia me apegar em alguém tão perto do outro lado de sofrimento já basta a minha vida monótona.
Os dias se tornaram mais iluminados,seu sorriso me motivava era radiante.
De uns tempos para cá pude perceber que Math acabava por ganhar um corpo como os outros homens do exército mas matinha sua essência esguio e de ser forma delicado para um homem principalmente quando comparado aos dos exército.
Esses dias conversamos sobre isso e ele me disse que me fez refletir
" Eu acho interessante pois desde do momento em que te vi percebi sua essência,sua áurea, apesar de resmungar e dizer que estava só por obrigação,você é um anjo que veio salvar a tantos"
Chego hoje a sala e me deparo com o pior, ele,deitado,agonizando na maca.
Ele me reconhece e sussurra o apelido que deu para mim,Flore, e o impressionante e quem apesar de estar naquela situação ele ainda sorria com os olhos.
Vou até ele e recorro ao médico e pergunto o que havia acontecido,ele havia levado um tiro na perna mas no geral estava bem,em um leve delírio devido a anestesia.
Sendo assim me sento a cadeira sussurrada ao lado da cama onde muitos choraram e rezaram pedido a vida de seu amado e eu o mesmo fiz ao me ver chorando com a cabeça entre as mãos,puxa uma de minhas mãos e passa pelo seu rosto e me diz:
- Eu tô bem!- suas palavras me fazem da um sorriso quase involuntário
- Sabe o que eu pensei naquele momento?- ele me pergunta
Negando com a cabeça ele continua a falar
- Eu nem me declarei para ela e eu a amo,amo como amo o mundo,amo como nunca amei,amo mais do que meu país,do que minha família e até mesmo do que minha vida
Palavras que por outros proferidas não me causariam o mesmo efeito apesar de fortes,caio em lágrimas não de triste mas a alegria que me tomava era tão grande que me parecia incapaz de conter tais lágrimas.
Ele sorri e me afirma:
- Eu te amo, Florença e que bom que consegui te falar isso se não conseguisse não sei o que faria! Não sei se o mesmo sente mas se sentir lhe peço a honra de me casar com você
Ele era rápido talvez devido a emoção ou a anestesia mas parecia sincero então aceito lhe dando um selinho.
Não durmo bem na poltrona surrada porém durmo feliz recompensada.

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