dawn of delusions

#02 Meu amado soldado

O sol logo surge me acordando, Matthew permanecia dormindo,tranquilo nem parecia que havia recebido um tiro na perna na noite anterior.
Passo a mão em seus cabelos,admirando sua beleza e torcendo para que tudo o que ele me disse fosse real.
Sabia que nossas diferenças iam além da idade,da cidade e até mesmo da forma de pegar em um fuzil.
Mas eu ainda o amava,amava Matthew!
Ele acorda sonolento e perdido sorri para mim e me pergunta o que havia acontecido.
Como nossa amizade sempre foi baseada na sinceridade lhe conto tudo, que me olha surpreso e confirma sorrindo de canto com os lábios.
Confesso que também o amava talvez não tanto quanto ele mas eu o amava,amava sinceramente como nunca amei ninguém.
Seus braços me envolvem tornando tudo mais real,sua boca envolve a minha demostrando seu amor,seu afeto.
Seu toque me parecia divino queria que durasse a vida inteira mas parecia saber que não,sendo assim queria aproveitar cada instante.
Nunca soube o que era esse tipo de amor,amor entre homem e mulher,marido e esposa. Estive tão ocupada que não me preocupei em saber o que era ou talvez não tive tempo.
O tempo passou cada dia me parecia uma luta,uma nova batalha.
Mais e mais soldados apareciam enfermos naquele hospital improvisado e precário muitos deixavam sua vida lá,sua esposa seus filhos,que só receberiam uma carta de agradecimento ao bravo desempenho daqui alguns meses.
Matthew lutou bravamente apesar do tiro na perna quis lutar por seu país,por mim,e impressionante permaneceu vivo por mais de um ano.
Como soldado era impressionante, mas como meu  futuro marido, meu amado, ele levou uma parte de mim,queria viver com ele,casar, criar uma nova vida,melhor.
Porém não foi possível me lembro do dia até hoje,de seu último suspiro,de sua alucinação diante da dor.
De suas palavras que me dedicavam ao amor eterno apesar da morte nos separar,um último beijo em seus lábios seu olhos se fechavam para um novo mundo,para um lugar melhor.
Suas palavras hora ou outra perpaçam em minha mente meu coração se aperta tentando aceitar o fim cruel que o governo lhe deu.
"Lhe amo tanto que palavras me faltam para me expressar,não se existe amor assim ou poemas que tente exemplificar mas acredite lhe peço,imploro que creia em um amor eterno que nem a morte seria capaz de separar
O real está em nossa alma, não preciso estar fisicamente aqui para você saber o quanto lhe amo.
A lua ficou com inveja e quis levar o nosso amor mas ela não vai conseguir,me prometa!"
Os dias se tornam piores,cada vez mais aterrorizantes mas a guerra se parecia perto de acabar.
Mas pouco me importa se iríamos ganhar ou não,eu so queria ir para casa e abraçar os meus irmãos e esquecer minhas frustrações e tentar em vão superar Matthew.
E estava correta como sempre o que na verdade não era bom.
Volto para casa com uma guerra vencida e muitos soldados deixados no campo, inclusive Matthew.
Os dias se tornam cinzentos talvez também por causa da revolução industrial que se fazia cada vez mais presente e poluente ou por minha tristeza.
Quando volto meus irmãos correm ao meu encontro e como estavam grandes, principalmente Ariele que me lembro de ter deixando ainda criança porém agora já era uma mulher que aliás havia se casado quando estava fora.
Me sinto mal por ter perdido aquele acontecimento ainda mais por estar tão feliz me contando tudo mas entendo completamente ela e não a julgo.
Me sinto estranha dentro da casa,sempre como desprotegida, ouço barulhos,isso até os dias de hoje.
No exato dia de hoje fazem seis anos Matthew me deixou,e nunca o superei aliás nem casei e nem pretendo.
Fazem quatro anos que a guerra acabou,mas ainda alucino com isso.
Eu e Matthew temos uma ligação nunca vista antes,eu ainda o sinto,sei que me acompanha desde a mente até às ações cotidianas.
Meus irmãos como nosso filhos e o vemos crescer juntos, Oriele se casou e Marie também,minha pequena Ariele teve filhos e se mudou da cidade indo cada vez para mais linde de mim.
E no fim das contas sempre seria sobre eu e Matthew que apesar de tudo seguimos unidos cada qual em sua dimensão.
Não há qualquer desculpa para separar um amor verdadeiro ainda mais quando parte de ambos...