XIV

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Quando Rubens entrou em casa naquela noite, exausto pela viagem. O silêncio parecia mais denso do que o habitual.

A casa estava fria e sem vida, como se estivesse à espera dele.

Olhando ao redor, ele se perguntava se o dia tinha sido um pesadelo ou se a sensação de estar sendo observado era de fato real. Luanne neste horário já o deixara sozinho, os pensamentos começaram a apertá-lo.

Estranhamente é encontrado uma caixinha, esculpida com madeira escura em cima da mesa de sua cozinha. Havia algo de sinistro em sua presença. Pequena e de aparência antiquada.

O brilho das ferragens que prendiam as suas partes pareciam revelar algo misterioso.

Rubens hesitou por um momento, com o coração batendo forte. O medo era palpável, quase sólido.

O frio na espinha não o deixava esquecer o que ele havia encontrado no terreno baldio dias atrás: o mesmo tipo de espeto metálico que estava na cabana em Florence, estavam agora fincados na caixa Como marca fiel da presença da fantasma ali.

Com as mãos trêmulas, ele abriu a tampa. A caixa rangeu, e uma nuvem de poeira se levantou, preenchendo o ar com um cheiro pungente e antigo.

Dentro, havia um emaranhado de estacas afiadas e uma lista grotesca e gasta de nomes.

Os nomes estavam escritos com raiva palpável, com rasuras e manchas, como se quem escrevesse não suportasse olhar para aquilo.

A lista parecia quase viva, pulsando com uma energia macabra.

Rubens leu alguns nomes, e a sensação de pavor aumentou.

Era como se cada nome carregasse uma maldição que se entrelaçava com sua própria existência.

A fantasia que o atormentava não era apenas um capricho, era uma verdade horrível.

E a garota fantasma, que sempre o observou, o testava. E provavelmente não era o único envolvido neste quebra-cabeça que se tornava cada vez mais complexo.

Sua mente estava uma bagunça. As palavras da fantasma ecoavam em sua cabeça, misturando-se com os gritos silenciosos dos nomes na lista.

A ideia de que ela estava o observando, infiltrando sua mente e manipulando seus pensamentos, era insuportável.

A mente já cansada pelo retorno à sua casa, onde sentia um cansaço inexplicável, estava agora mergulhada em um mar de confusão e terror.

O que o aguardava era algo além da compreensão. Ele não tinha escolha senão seguir adiante, pois o medo era grande demais para ser ignorado.

As estacas, com seu brilho frio e ameaçador, pareciam ter um propósito terrível que se entrelaçava com a própria essência de sua vida ou talvez só seriam as agulhas que a garota maníaca usaria pra tecer e costurar as suas infinitas bonecas bizonhas.

Rubens passou o resto do dia apreensivo. Nada aconteceu. Quando a noite veio, continuava pensando em como enfrentar o que estava por vir em seguida e esse momento não chegava desde o último evento macabro.

A caixinha estava longe de si. Mas presente no seu campo de visão. Queria garantir que nada saísse de lá para surpreendê-lo.

O peso da responsabilidade sobre seus ombros parecia esmagador.

Ele sabia que não poderia continuar assim, mas também não sabia como lidar sobre o pedido feito pela garota.

O medo de perder sua vida era grande, mas o medo de se deparar com o que a garota fantasma de repente exigisse era maior.

O Caso de Rosalinne OrssowOnde histórias criam vida. Descubra agora