Capítulo 9

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Laura pov.

Infelizmente, nem tudo é um conto de fadas. Depois de quase um ano e seis meses com a Aitana, ela me pediu em casamento. Estávamos em uma fase maravilhosa e eu decidi aceitar, dando mais uma chance ao amor.

Postamos sobre o pedido no Instagram, como sempre fazemos, pois nossos seguidores adoram acompanhar nossos momentos. No entanto, logo me arrependi. Os comentários negativos foram esmagadores e isso me deixou profundamente chateada. Ninguém ali conhecia a fundo o meu relacionamento com a Carolana eles apenas viam o que queríamos mostrar e, por isso, achavam errado eu estar com a Aitana.

Estava no quintal de casa, lendo alguns artigos de medicina, quando ouvi aquela voz que eu tanto amo.

— Oi, amor — Aitana envolveu meus ombros com os braços e se aninhou ao meu lado. — Como você está?

— Oi, meu bem. Estou bem. E você? Como foi o treino? — Ela se acomodou no sofá ao meu lado.

— Foi ótimo. Estou confiante para a indicação da Bola de Ouro. — Sorri com a empolgação dela. — Ale e Juliana querem sair para jantar esta noite. O que você acha?

Ela me observou com uma expressão preocupada e me senti um pouco desconfortável com seu olhar.

— O que foi, amor? — Sentou-se ao meu lado e tirou o computador do meu colo, mostrando preocupação genuína.

— Está tudo bem, amor. Só estou um pouco cansada.

— São os comentários na foto? — Afundei meu rosto em seu pescoço, buscando conforto. — Nunca vamos conseguir agradar a todos. Não foque nos negativos.

— Você não se incomoda? Nos comentários, o nome da Carolina está em toda parte e a foto é do pedido de casamento que você me fez.

— Amor, eu pedi você em casamento e recebi um lindo "sim". Isso é o que importa para mim. Sobre a Carol, ela fez parte da sua vida por dez anos. Vocês viveram muitas fases juntas e ela foi importante para você. Não me importo com o que dizem nos comentários, porque quem tem que escolher com quem vai ficar é você. E você me escolheu. Só com isso que eu me importo.

Me afastei um pouco e vi aquele sorriso lindo que me encantava. Não resisti e beijei seus lábios. Amava beijá-la, sentir o calor do seu corpo perto do meu. Minha vida mudou muito desde que comecei a namorar com a Aitana e ainda mais depois do noivado. Ela era incrivelmente atenciosa e carinhosa, sempre me surpreendendo com gestos pequenos e grandes.

Toda vez que ela viajava para jogar e eu não a acompanhava, trazia um presente do local. Se fosse uma padaria ou mercado, sempre aparecia com um doce ou uma flor. Esses pequenos detalhes me faziam apaixonar ainda mais por ela a cada dia.

Nossa relação era leve, sem cobranças, sem crises de ciúmes. Eu estava em paz. Meu casamento com a Carol foi maravilhoso, mas acabou caindo na rotina, havia ciúmes e desgaste. Desta vez, eu faria tudo de forma diferente.

[...]

Estava no shopping procurando uma roupa para o aniversário da Alexia, que seria no final de semana. Entrei em várias lojas, comprei algumas coisas, mas ainda não encontrei o que realmente procurava.

Estava na minha loja preferida, olhando um vestido longo preto com uma fenda na perna, quando senti uma mão no meu ombro e me assustei.

— Você vai ficar uma gostosa nele — virei e vi Carolina sorrindo, com aquele jeito familiar. — Oi, Laura, quanto tempo! — Ela me abraçou.

— Oi, Carol. Como você está? — Fiquei surpresa ao vê-la ali, especialmente porque sabia que ela estava morando na Itália. — O que faz aqui?

— Estou bem, e você? Parabéns pelo noivado! — Isso me surpreendeu. — Espero que esteja feliz com ela. Se ela te machucar, vou socar aquela baixinha. — Sorri com a última frase. — Estou aqui porque teremos um jogo daqui a alguns dias e decidi passear um pouco.

— Estou bem, obrigada, Carol. E não se preocupe, a Aitana não vai me machucar. — Ela abriu um grande sorriso. — Que tal um café?

— Claro, vamos lá colocar o papo em dia.

Acabei comprando as roupas sem experimentar e fomos até a praça de alimentação, conversando sobre tudo. Ela me contou como estava a temporada na Itália e como estava se adaptando lá.

— E esse coraçãozinho? — perguntei curiosa, tentando saber mais sobre sua vida pessoal.

— Se você quer saber se estou com a Anne, é só perguntar — sorri. — Mas não, na verdade estou conhecendo uma mulher misteriosa. — A encarei com curiosidade. — É uma longa história.

— Hum, temos tempo. Agora estou realmente curiosa.

— Você sempre foi curiosa. Eu ainda não a vi pessoalmente, apenas conversamos por mensagens agora. Antes, trocávamos cartas.

— Cartas? Que ano é esse? 1800? — Ela riu.

— Eu estou morando em um apartamento que dá de frente para uma mansão. Reparei que uma mulher ia sempre para a janela em um horário específico. Nunca vi movimento lá, então fui tentar descobrir e uma coisa levou à outra. Tentei me aproximar levando um bolo, mas ninguém me recebeu. Depois de um tempo, recebi uma cesta com uma carta e começamos a trocar cartas. Isso se tornou uma rotina e, eventualmente, ela me enviou uma mensagem. Desde então, conversamos por mensagens.

— O que eu não entendo é por que vocês ainda falam assim, se ela mora em frente ao seu prédio.

— Ela sofreu um acidente, perdeu toda a família e foi a única sobrevivente. Se você pesquisar "família Caccini", vai ver as notícias. Ela é uma pessoa com alguns traumas, e por isso ainda não nos encontramos.

— Uau, estou chocada, Carol. — Encostei minhas costas no apoio da cadeira. — Eu conheço esse caso foi notícia no mundo todo o milagre da garota ter sobrevivido. Fico feliz que esteja conhecendo alguém, mesmo que seja dessa maneira. — Ela sorriu.

— Agora quero saber quando vai ser o casamento. Vou te passar meu endereço porque quero convite. Vai ter aquela parte: "Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre"?

— Você continua sendo uma idiota. Não vai ter essa parte, mas pode deixar que vou te mandar o convite.

— Já tem uma data?

— Não, ainda não. Estamos pensando em fazer depois da Copa do Mundo, mas nada confirmado.

— Você está feliz?

— Muito, Carol. Ela é incrível. Não tem como descrever o quanto ela me faz feliz.

— Eu vejo nos seus olhos que você está feliz, e isso me deixa em paz.

Continuamos conversando, e nos despedimos prometendo marcar um café novamente. Também pedi para ela me atualizar sobre seu romance virtual. Ela ficou emburrada quando falei isso, mas logo sorriu e concordou.

Decidi passar na cafeteria vegana que a Aitana adora, mesmo não sendo vegana, e comprar algumas coisas para ela comer quando chegasse do treino. Estacionei o carro e vi que ela já estava ali. Mesmo não morando juntas ainda, ela passava muito tempo na minha casa.

— Oi, meu amor. Trouxe umas coisinhas gostosas da sua padaria preferida, achando que chegaria antes. — Fui até ela, que estava mexendo no celular. Congelei ao ver uma foto minha com a Carol abraçadas. — Aitana, eu encontrei a Carolana por acaso e fomos tomar um café para colocar a conversa em dia. Não teve nada do que estão falando aí. Essa foto foi tirada de um ângulo que dá a impressão errada.

Estava completamente desesperada, vendo a foto que parecia mostrar um beijo entre eu e a Carol. Meu coração acelerava enquanto tentava explicar a situação.

SHE? - Carolana x AitanaOnde histórias criam vida. Descubra agora