𝑻he hauting

10 2 0
                                    

O quarto era um abrigo opressor, envolto em uma sensação de névoa quase palpável, apesar de sua ausência física. A atmosfera era esmagadora, pesada e sufocante. A única fonte de luz era uma lâmpada pequena, com um brilho moribundo e azulado que mal iluminava a mesa à sua frente. Era uma luz que parecia lutar para existir, assim como a paciência que ele havia perdido para com o mundo.

Fotografias estavam espalhadas pela superfície, organizadas com uma precisão que parecia mais milimetricamente calculada, em contraposto com a bagunça que o ambiente estava. Jisung sorrindo, Jisung ensaiando, Jisung solitário no silêncio frio do apartamento, acreditando ingenuamente que estava invisível.

Ele via tudo.

Ele sempre via.

Com uma calma conturbada, ele deslizou uma das fotos para o centro da mesa. Era uma imagem recente — capturada mais cedo naquele mesmo dia. O rapper saindo do prédio, os olhos ligeiramente arregalados, uma faísca de insegurança refletida.

A imagem parecia vibrar, a certeza do desconhecido que estava por vir. Era o momento exato em que Han havia percebido.

Ele sabia que o rapper sabia que havia alguém ali olhando por ele.

Adorável.

— Ele sabe... — murmurou para si mesmo, a voz rouca e desgastada, como se não tivesse sido usada há eras. Uma sombra de um sorriso tortuoso se formou em seus lábios secos e rachados. Talvez fosse verdade. Ele não precisava falar. Apenas observar e almejar de longe. Ele era paciente. Ele poderia esperar pelo momento em que o teria.

Sua mão se estendeu lentamente, pousando sobre a mesa, acariciando uma das fotos com a ponta dos dedos. O toque era um ato quase carinhoso, como se ele estivesse tocando a pele real de Jisung.

Aquele sorriso... aquele olhar... Han tinha sido dele desde o início, mesmo que não soubesse.

Ele sempre estivera ali, sempre observando, e Jisung... ele, com seus gestos nervosos e sua vulnerabilidade disfarçada, era perfeito. Um diamante bruto que ele ansiava por lapidar, moldar e proteger à sua maneira. Eles eram perfeitos um para o outro.

Eram almas gêmeas, o rapper só não sabia disso ainda.

Mas agora... havia uma intrusão.

Ele fechou os olhos, o rosto se contorcendo em uma expressão de repulsa ao lembrar daquele outro homem, sempre por perto, perturbando o delicado equilíbrio que ele havia cultivado com tanto cuidado.

Um garoto novo, surgido recentemente, próximo demais de Han.

A sombra que se aproximava, ameaçando o que era seu por direito.

Sua mandíbula se contraiu com uma fúria crescente, uma raiva que parecia borbulhar lenta e implacavelmente. Ele odiava aquele garoto. Odiava o modo como Jisung parecia se aquietar na presença dele, como se acreditasse que aquela figura imponente pudesse realmente protegê-lo. Jisung estava completamente enganado. O garoto não entendia. Nenhum deles entendia.

Com um gesto abrupto, ele empurrou as fotos do garoto para o lado, o rosto contorcido em uma fúria contida. Aquilo não era sobre ele. Não deveria ser.

O rapaz era apenas um obstáculo passageiro, uma peça que ele teria que remover eventualmente, assim como havia feito com todos os outros. Sim, todos aqueles que se interponham entre ele e Jisung. Todos os intrusos que tiveram a audácia de achar que poderiam tomar o que era dele.

Ele riu, um som seco e oco que reverberou pelas paredes do pequeno quarto. O riso tinha uma frieza cortante, e as lembranças começaram a emergir, distorcidas e nebulosas, como fantasmas de um pesadelo que se recusava a acabar.

The Stalker - 𝐂𝐀𝐒𝐄 𝟏𝟒𝟑 「Minsung」Onde histórias criam vida. Descubra agora