𝟎𝟏. 𝙼𝙰𝚇

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‎‎‎‎ ‎‎‎‎ ‎‎‎‎ Meus últimos minutos ao lado dos meus irmãos são difíceis de descrever, quase tanto quanto a dor que a purificação causava, a queimação parecia ainda estar presente na minha pele, queimando para sempre

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‎‎‎‎ ‎‎‎‎ ‎‎‎‎ Meus últimos minutos ao lado dos meus irmãos são difíceis de descrever, quase tanto quanto a dor que a purificação causava, a queimação parecia ainda estar presente na minha pele, queimando para sempre. Como uma marca fodida que me lembraria de tudo o que aconteceu, uma marca que sempre me levaria de volta a sala de estar da nossa antiga casa, onde todas as memórias ficariam guardadas, mesmo que nossa existência tenha sucumbido em meio a purificação.
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Mas por que eu estou tão consciente se deveríamos ter deixado de existir? Algo não está certo.

Minhas pálpebras se afastaram lentamente, tentando se acostumar com a claridade insuportável que me tomou por completo. O que era isso? Seria algum tipo de paraíso para pessoas como nós? Que passeamos entre as linhas temporais causando apocalipses em um loop infinito. E se for o paraíso, por que estou aqui? Tenho certeza que matei pessoas o suficiente para ter uma cadeira reservada do outro lado.

- Olha só, ele está acordando! - Ouço uma voz ao longe, não consegui decifrar de quem era. Meu corpo inteiro doía, minha cabeça parecia ser composta por chumbo, por que eu estava aqui? A purificação não funcionou? Preciso ficar calmo, se estou aqui, os outros também devem estar. Lila deve estar por perto.

Apalpei a superfície onde eu estava deitado, pareceu ser uma cama, com um edredom que cheirava a lavanda. Usando um pouco de esforço, consegui me mexer entre as cobertas, tentando incansavelmente abrir os olhos, a luz era tão forte, que pensei que acabaria ficando cego.

- Ele está incomodado com a luz, não está vendo? - Dessa vez passos, parecia mais perto do que a primeira voz que ouvi. Onde caralhos eu estava? Quem são essas pessoas?

A claridade diminui repentinamente, pelo que parece uma das vozes havia fechado as cortinas. Ainda tendo dificuldade para me mover, abri os olhos, tudo à minha volta estava um pouco turvo, mas aos poucos identifiquei o cômodo como um quarto de hóspedes. Era simples, uma cama, armário pequeno, criado mudo com abajur em ambos os lados.

As paredes foram pintadas com um tipo de rosa pastel, quadros com paisagens adornavam todo o cômodo, fazendo parte dessa decoração cafona que atingiu minha visão no momento em que consegui abrir os olhos.

A janela era bem de frente para a cama, consequentemente, o sol estava batendo no meu rosto quando acordei.

- Que dia é hoje? - Perguntei rápido, me apressando em sentar na cama, o que raios era esse lugar? Por que eu estava aqui? Preciso de respostas rápidas, ou vou acabar surtando aqui mesmo.

- Como assim que dia é hoje? Sexta-feira, é claro - Uma garota baixinha me respondeu, deve ter no máximo uns cinco anos, seus cabelos castanhos escuros destacam os olhos da cor verde. Logo ao seu lado, uma segunda garota me encarava tão confusa quanto a primeira.

- Que pergunta bizarra, você é um viajante do tempo ou algo assim? - Disse a mais velha, um nítido tom de deboche em sua voz. Meus olhos se torceram enquanto me sentei na lateral da cama, olhando para a parede vazia no fundo do quarto, as meninas estão atrás de mim próximo a porta.

𝔼𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 𝔹𝐎𝐑𝐁𝐎𝐋𝐄𝐓𝐀 - 𝖼. 𝗁𝖺𝗋𝗀𝗋𝖾𝖾𝗏𝖾𝗌 ʚɞ  Onde histórias criam vida. Descubra agora