Cinco acreditava que após a purificação, a sua existência e a de sua família, iriam sucumbir, desaparecendo em meio a tantas linhas do tempo. Mas algo inesperado acontece, no dia seguinte, ele acorda na casa de duas garotas que Cinco nunca havia vis...
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Aquela noite foi estranha, não imaginava o quanto as pinturas e os desenhos de Mavis eram significativos para ela. Mas no final das contas, isso só atiçou a minha curiosidade em relação aos quadros, eles são os sentimentos de Mavis disfarçados como belas obras.
- Você viu o Louis? Que droga! - Vejo Mavis surgir, atravessando a porta da cozinha, desesperada atrás de uma das crianças.
- O loirinho? - pergunto, fingindo que me importava em aprender o nome de todos aqueles pentelhos.
- Não! O ruivo - ela retruca procurando atrás dos móveis.
- Garanto que ele não se escondeu dentro da geladeira - respondo com sarcasmo e ela solta um grunhido de raiva. Minha atenção estava no estrogonofe dentro da panela, estava sem tempo para os surtos dela.
- Você é insuportável. Beatrice está passando mal lá em cima, consegue me ajudar? - Olho para ela por cima do ombro, querendo saber como ela pretende fazer duas coisas ao mesmo tempo.
- O que você quer que eu faça? - pergunto dando uma última olhada para o molho dentro da panela e desligando o fogo, aceito que teria que terminar isso mais tarde.
- Pode ir lá em cima ficar de olho nela por um tempo? Só até eu conseguir colocar ordem em todos os pestinhas... vou aproveitar o clima nublado e colocar eles para assistir algum filme - aceno positivamente com a cabeça retirando aquela touca horripilante da minha cabeça.
- Tudo bem. Qual é o quarto dela mesmo? - Mavis sorri. Perecendo feliz em saber que vou ajudá-la.
- Subindo as escadas, o terceiro à esquerda - ela arregalou um pouco os olhos, parecendo estar lembrando de algo importante - eu... eu tive uma ideia - me apoio no balcão que fica de frente para a janela, e observo enquanto ela corre de um lado para o outro e abre um armário, pegando uma caixinha vermelha lá dentro - acho que ela pode estar com febre, consegue medir para mim?
- Claro, tem alguma suspeita do que pode ser? - perguntei pegando o termômetro de sua mão, e ela me olhou fazendo uma careta.
- Não tenho certeza, mas acho que ela ficou assim porque deixei ela até tarde correndo do lado de fora, meio que me distrai no estúdio ontem... - nós dois trocamos olhares, mas nenhum de nós disse nada sobre o que aconteceu ontem, digo, será que há algo a ser dito?
Mavis me ensinou que a arte pode evocar emoções poderosas e variadas, que muitas vezes transcendem a linguagem. No livro que li durante o apocalipse, dizia que os estudos mostram que a arte tem capacidade de ativar áreas específicas do cérebro relacionadas à emoção, e isso pode levar as pessoas a experimentar sentimentos como alegria, tristeza, nostalgia ou até mesmo raiva, dependendo da obra. Acho que a Mavis gosta de arte justamente por causa desse poder de provocar sentimentos profundos nas pessoas.
Arte também é uma forma de comunicação.
- Boa sorte procurando o pirralho - desejei após alguns segundos em silêncio, e ela sorriu brevemente acenando com a cabeça.