As Cartas de Benjamin (Parte 2): Amor Entre Linhas

2. Surpresa

- Então, Robbie... já namorou algum carinha? Argh, desculpa se estou sendo intrometido, não consigo me controlar as vezes - perguntou Lake, logo em seguida desculpou-se num tom penitente, voltando os olhos pra seu almoço.

- Ei, não tem problema - garantiu Robbie. - Sim, já namorei alguns caras, mas nada muito sério. Sabe como é, as coisas nem sempre funcionam como a gente espera.

- É verdade - concordei, dando uma mordida na minha maçã antes de continuar. - Eu também tive algumas experiências... complicadas.

Lake soltou uma risadinha nervosa, ainda um pouco envergonhado por ter feito a pergunta. - Acho que é normal, né? O mundo dos relacionamentos é uma confusão, independente de quem você gosta. Principalmente quando se é alguém LGBT.

- Ah, com certeza - disse Makena, rindo. - E olha que nem estou nesse time, mas acompanho de perto os dramas deles. Você vai ver, Lake, é um campo minado por aqui.

- Bom saber que não sou o único meio perdido nisso - Lake brincou, relaxando um pouco mais com a conversa. - E você, Benji? Tem algum sortudo que tá com você?

Senti o olhar curioso de todos em mim, e dei um pequeno sorriso. - É... agora estou com alguém. Não é fácil, mas é uma sensação incrível.

- Ooooh, agora fiquei curioso - disse Lake, os olhos brilhando. - E quem é?

Makena soltou uma risadinha perversa. - Que tal ver com seus próprios olhos? Vamos ao campo de futebol da escola, ainda temos quinze minutos.

- No campo de futebol?! Você namora um daqueles gostosos do time de futebol? Fala sério - Ele começou a cochichar, o que me deixou tranquilo. - Quem iria imaginar que tem um gay ali no meio.

Robbie deu uma risadinha. - Pois é, amigo. Os gays estão espalhados por todo canto.

Dei uma mordida sobressaltada em minha maçã, ansioso, mas ainda sorridente.

Ainda restavam exatamente doze minutos para as próximas aulas, nos dando tempo de recolher as bandejas com restos sobre a mesa e colocar na prateleira no meio do refeitório, e em seguida, ir ao campo de futebol para mostrar meu namorado ao Lake. Era uma ideia empolgante até. Era como se, a cada vez que eu mostrasse essa parte da minha vida para alguém novo, a relação se tornasse mais real.

Robbie e Makena andavam lado a lado, trocando olhares cúmplices e sorrisos maliciosos, enquanto Lake nos seguia com olhos curiosos e ansiosos.

Chegamos ao campo, e os olhos de Lake imediatamente se fixaram em Blake, que corria de forma ágil, os músculos se movendo sob o brilho intenso do sol. Ele parecia uma visão irreal, como se tivesse saído de um filme de esportes. Ainda tinha dúvidas se ele estava mais para um modelo da Vogue ou um jogador; dava pra ser os dois ao mesmo tempo, eu acho.

- Caramba... - Lake murmurou, seus olhos arregalados. - Aquele é o Blake? Não é? Quando vi aquele jogo dele, eu fiquei apaixonado. O cara joga demais. Já viram os movimentos do cabelo dele? Eu preciso muito saber o nome dos produtos que ele usa.

Makena riu suavemente. - Pois é, e adivinha só quem é o sortudo que conseguiu conquistar esse coração?

Lake olhou para mim, incrédulo, e depois voltou a encarar Blake. - Não acredito... Benji, você tá namorando o Blake?! Cara, isso é surreal.

Eu dei de ombros com um sorriso tímido, meu coração batendo acelerado de orgulho. - É... Eu sei que parece estranho, mas é real.

- Real demais - acrescentou Robbie, sorrindo. - Mas não vai achando que ele é só um rostinho bonito no campo, viu?