Eu tive uma sensação estranha assim que entrei no quarto de Blake. Nossas mãos estavam entrelaçadas, o contato era macio como seda, que parecia amplificar cada batida do meu coração. Ele me guiou até o seu cubículo cinza brasão, e eu o segurei com uma força quase que sentimental, como se minhas mãos pudessem transmitir a profundidade do meu contentamento. O ambiente ao redor parecia diminuir à medida que a proximidade de Blake me envolvia, criando uma bolha de calma e antecipação.
Cada detalhe do quarto — o tom acolhedor das paredes, os pôsteres esportivos, as luzes LED enfraquecidas e o cheiro sutil de seu perfume — parecia combinar perfeitamente com a sensação de paz e desejo que eu finalmente encontrava em mim mesmo. O nervosismo que antes me assombrava dava lugar à uma confiança tranquila. As preocupações se desvaneciam com cada passo mais próximo do momento que eu sabia que viria, e agora, ao lado de Blake, a ansiedade transformava-se em uma sensação de plenitude.
Olhei para ele, que estava a poucos passos de distância, e vi o sorriso reconfortante em seu rosto, e também uma pitada singular de nervosismo. — Amor, eu vou lá em baixo... É... pegar alguma bebida, se você quiser. Sei lá, um bom vinho seria legal, não acha?
Eu sorri pra ele, me abraçando. — Ok. Pode ir. Um vinho parece ótimo.
Blake se aproximou de mim, e seus dedos tocaram suavemente o meu rosto antes que ele inclinasse a cabeça e deixasse um beijo delicado em meus lábios. O toque dos seus lábios era suave, e o gosto parecia ainda mais doce que das últimas vezes.
— Beleza. Vou deixar você se preparar enquanto vou buscar as bebidas. — Ele murmurou. — Não se preocupa, eu já volto.
Enquanto ele se afastava, o calor do seu beijo ainda permanecia nos meus lábios, e eu os mordi com firmeza, com o objetivo de sentir o gosto outra vez.
Depois que Blake saiu, eu me sentei na beirada da cama, tentando absorver o conforto do colchão macio e dos lençóis frescos. A luz suave do quarto criou uma atmosfera relaxante, e eu tentei me perder naquele ambiente acolhedor. Meu olhar vagava pela decoração juvenil, buscando algum ponto de ancoragem para minha mente ansiosa.
Foi quando meu olhar caiu sobre o criado-mudo ao lado de sua cama. Ali, de forma alarmantemente visível, estavam dois pacotes de camisinha vermelhos e um frasco de lubrificante. A imagem dos objetos, destinados a um nível de intimidade que eu ainda não conseguia completamente processar, provocou uma sensação avassaladora de pânico.
Meu coração começou a bater mais rápido, e um frio gelado se espalhou pelo meu corpo. Cada batida do meu coração parecia um eco de uma incerteza crescente, e minha mente se encheu de um turbilhão de pensamentos confusos. Eu me levantei abruptamente, sentindo a pressão no peito se intensificar. Com uma urgência quase instintiva, corri para o banheiro, desesperado por um espaço onde pudesse tentar encontrar algum controle.
No banheiro, a solidão das paredes branco gelo e o silêncio ao meu redor me deram uma breve sensação de alívio. Me encostei na pia, minhas mãos firmemente agarrando a borda, enquanto tentava recuperar o ritmo da minha respiração. Cada respiração era um esforço consciente para afastar a onda de insegurança que me envolvia. A água corrente do lavabo parecia um som tranquilizante em contraste com o tumulto interno.
Eu sabia que precisava de um momento para reunir meus pensamentos e acalmar minha mente. A sensação de estar sozinho no banheiro me deu um intervalo necessário para me recompor antes de enfrentar o que estava por vir. Fechei os olhos, tentando me conectar com minha determinação e coragem, enquanto me preparava para retornar ao quarto e enfrentar a situação com a serenidade que eu desejava, apesar da tempestade que rugia dentro de mim.
Robbie. Eu preciso dele. Vou ligar para ele.
Retirei o celular do bolso com mãos tremendo levemente. Liguei para Robbie. Sentei-me no vaso sanitário, tentando não me perder no poço de pensamentos que me assombravam, enquanto esperava que ele atendesse.
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As Cartas de Benjamin (Parte 2): Amor Entre Linhas
RomanceAinda não parecia real para Benjamin, bom, pelo menos em seu mundo particular. Ele e Blake estavam oficialmente namorando, e não era um sonho. Benjamin, acostumado a esconder seus sentimentos nas entrelinhas das cartas que escrevia, agora precisava...