Prólogo

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Edward suspirou profundamente antes de bloquear o celular e sair do Volvo. O ar úmido da noite de Los Angeles parecia mais denso do que o normal, pressionando contra ele enquanto guardava o aparelho no bolso de trás da calça jeans. Seus movimentos eram quase automáticos enquanto se dirigia aos elevadores do luxuoso edifício onde morava.

Já fazia dois dias inteiros desde a última vez que falara com seu pai. Robert Masen nunca foi o tipo de pai afetuoso, suas demonstrações de carinho eram tão raras quanto um eclipse. No entanto, ele mantinha um controle rígido sobre o que Edward fazia e onde estava, não por preocupação, mas para garantir que o nome da família não fosse manchado por algum deslize. O silêncio de seu pai durante o fim de semana que Edward passara na casa de praia da família de Jane, em Miami, era, no mínimo, inquietante. Robert sempre sabia de tudo, sempre monitorava, então, por que o silêncio agora?

À medida que o elevador subia, o ambiente ao redor de Edward parecia se comprimir, o espaço encolhendo à medida que a sensação de desconforto crescia dentro dele. O som suave dos cabos de aço puxando o elevador parecia amplificar sua inquietação. Era uma sensação que começava no estômago e subia, enroscando-se em seu peito como uma serpente. Algo estava errado, ele sentia isso. Cada fibra do seu ser gritava que algo terrível estava prestes a acontecer, embora seu lado racional tentasse acalmar aquele medo.

Quando as portas do elevador finalmente se abriram no andar da cobertura, Edward sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se o ar ali estivesse mais frio, mais pesado. A sensação de medo se intensificou. Ele não conseguia identificar o motivo exato, mas sabia que estava lá.

O corredor diante dele estava mergulhado em sombras, as luzes suaves do teto mal iluminando o caminho. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo eco dos seus passos sobre o mármore impecável. A quietude era tão profunda que parecia anormal, como se o próprio prédio estivesse segurando a respiração, esperando.

— Pai? — chamou, sua voz reverberando pelo corredor vazio, mas sem obter resposta.

Seu coração começou a acelerar, com uma batida irregular e ansiosa. Ele percorreu os cômodos, cada um mais vazio e frio que o anterior. As paredes do apartamento decorado em tons neutros pareciam sufocá-lo. O ambiente perfeitamente ordenado, as obras de arte penduradas meticulosamente nas paredes, a mobília escolhida com precisão... tudo parecia um cenário vazio, desprovido de vida, como se o tempo tivesse parado ali.

Quando chegou ao corredor que levava ao quarto de seu pai, algo chamou sua atenção. A porta estava entreaberta. Uma porta que, até onde Edward se lembrava, sempre permanecia fechada. Robert Masen tinha uma aversão quase obsessiva à ideia de deixar seu espaço pessoal exposto.

Edward empurrou a porta com cautela, como se temesse o que encontraria do outro lado. O quarto estava mergulhado em uma penumbra suave, as cortinas parcialmente fechadas, deixando entrar apenas um fio de luz do entardecer, que pintava o ambiente em tons de laranja e dourado. O ar estava pesado, carregado de uma quietude quase sobrenatural. E então ele o viu.

Robert Masen estava deitado na cama, imóvel, com o rosto pálido contrastando de maneira chocante com os lençois escuros. Ele parecia uma estátua, uma figura de cera abandonada ali. Edward não sentiu o desespero imediato que talvez outra pessoa sentiria ao encontrar o próprio pai morto. Não, o que ele sentiu foi uma incredulidade, como se sua mente se recusasse a aceitar o que seus olhos estavam vendo.

Mesmo assim, ele se aproximou da cama, com passos hesitantes, como se estivesse se movendo através de um sonho. Verificou o pulso de Robert, embora soubesse, no fundo, que não encontraria nada. A pele de seu pai estava fria, sem vida, e Edward não pôde evitar pensar em como era irônico que o homem que sempre foi uma figura tão controladora agora estivesse completamente fora do controle de tudo.

Ele sabia que precisava agir. Pegou o celular e ligou para os serviços de emergência, sua voz surpreendentemente calma ao relatar o que havia encontrado. Cada palavra que ele proferia soava distante, como se estivesse ouvindo a si mesmo de longe, em uma realidade paralela. Mesmo enquanto falava, seus pensamentos já estavam em outro lugar, considerando as implicações práticas da morte de seu pai. O funeral, o espólio, como isso afetaria sua vida confortável em Los Angeles. O dinheiro, as propriedades, o legado... tudo isso era importante, mas o homem que lhe proporcionava tudo isso? Bem, ele nunca foi realmente parte da equação emocional de Edward.

As sirenes se aproximavam, rompendo o silêncio pesado que envolvia o apartamento. Edward sentiu um vazio crescente dentro de si, mas não pela perda de Robert. Era mais pela incerteza do que viria a seguir. Ele olhou uma última vez para o corpo de seu pai antes de deixar os paramédicos entrarem no apartamento, sabendo que, a partir daquele momento, teria que lidar com uma nova realidade. Mas se conhecia bem, sabia que encontraria uma maneira de transformar essa tragédia em algo que funcionasse a seu favor. Afinal, era isso que Edward Masen fazia de melhor. E desta vez, não seria diferente.

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