A Despedida

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— Eu odeio seu pai — Edward declarou.

Caius riu.

— Não, você não odeia. O que você odeia é que te digam o que fazer, e isso é uma história completamente diferente.

Edward fez uma careta.

Ele conhecia Aro praticamente a vida toda e sabia que o homem realmente se importava com ele. Uma parte tola e oculta dentro de si sentia uma estranha satisfação com isso. Mas, por mais que tentasse ignorar, a irritação fervilhava em seu peito, obscurecendo qualquer traço de gratidão. Tudo porque Aro, em seu modo sorrateiro e meticuloso, havia se intrometido naquilo que ele julgava ser assunto privado. E pior, envolvera sua mãe na situação, como se ele fosse incapaz de lidar com seus próprios problemas.

Esme ligou para ele, e Edward sabia que isso era obra de seu tio. Ele tinha fornecido a ela seu número, é claro. Durante a ligação, Esme expressou preocupação com sua situação financeira e seus estudos, tomando cuidado para não mencionar sua opinião sobre o vício e a irresponsabilidade de Robert. Ela também evitou tocar na culpa que carregava por ter permitido que Edward fosse criado pelo ex-marido. Mas o que mais poderia ter feito? Ela acreditava que, ao ceder aos desejos do filho, poderia, eventualmente, conquistar seu perdão. Quando Edward expressou a vontade de morar com o pai, ela acatou, acreditando estar fazendo o certo.

Infelizmente, ela estava enganada. Para Edward, o fato de sua mãe ter entregue sua guarda a Robert apenas reforçou suas suspeitas de que ela nunca se importou verdadeiramente com ele. Afinal, ela já tinha um filho perfeito — por que precisaria de outro?

No fim, Esme apenas se limitou a oferecer ajuda.

Edward estava furioso. Como aquela mulher podia ter traído seu pai com o melhor amigo dele, mudado-se para longe com esse homem, casado poucos meses após o divórcio, e ainda assim fingir se importar com algo além de si mesma? Se realmente se importasse, não teria destruído a própria família.

Mas ele a ouviu, apenas para ter a satisfação de poder rejeitar sua ajuda.

Me ligue se mudar de ideia, Teddy — ela disse suavemente antes de Edward desligar o telefone abruptamente, sem se despedir.

— Não vou para aquele fim de mundo — Edward disse a Caius, a raiva ainda fervendo em suas veias.

— Por que não? — Caius perguntou, tentando ser razoável. — Sua mãe ofereceu um lugar para você ficar. Você poderia economizar dinheiro, tentar uma bolsa de estudos na universidade de lá, se formar médico. E, quem sabe, depois, voltar para cá.

— Você quer que eu vá morar no Kansas? E vá para uma universidade... na porra do Kansas? — Edward riu amargamente. — Você tá me zoando, né?

— Não é tão ruim. Kansas City é quase do tamanho de Los Angeles e parece ser um lugar decente, pelo menos no Google Imagens.

Edward lançou um olhar incrédulo para seu melhor amigo, se controlando para não socar o idiota.

— Google Imagens, sério?

— Só estou dizendo que não faria mal tentar.

— Eles não moram em Kansas City, Caius.

— Ah, não? Onde então?

— Lawrence — Edward respondeu entredentes.

— Espera. Isso é um lugar real? Achei que fosse só uma cidade fictícia de Supernatural.

Edward desejou que um meteoro caísse sobre sua cabeça, ali mesmo.

Mas Caius continuou insistindo, até que alguns dias depois, quando ele viu que o valor dos alugueis em Los Angeles não iriam ajudá-lo na tarefa de economizar o pouco dinheiro que lhe restava e voltar aos estudos, Edward finalmente cedeu e ligou para sua mãe. No momento em que ela atendeu, ele se arrependeu de sua decisão precipitada, claramente influenciada pelo álcool que corria em suas veias — cortesia da garrafa de uísque que ele havia surrupiado do armário de bebidas de Robert. Ele ficou em silêncio, contemplando a ideia de desligar, mas antes que pudesse, ouviu a voz de Esme do outro lado da linha.

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