À Primeira Vista

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A expressão de desagrado não deixou o rosto de Edward desde que ele aterrissou em Lawrence. Ao sair do avião, encontrou Esme no pequeno aeroporto, seu sorriso enorme contrastando com o humor sombrio do filho. Ela o levou para a fazenda, e, felizmente para ele, a viagem foi breve e silenciosa, marcada apenas pelo som constante e irritante do motor da velha caminhonete, que lutava para enfrentar o caminho.

Durante os poucos minutos que levaram para chegar à fazenda — que, é claro, ficava fora da cidade —, Edward só conseguia pensar em todas as coisas que ele já odiava. O vento frio de fevereiro cortava o ar como lâminas, penetrando em seus ossos, e ele se perguntava como poderia estar tão gelado quando deveria estar apenas frio. O aquecedor da caminhonete estava ligado no máximo, mas mal conseguia manter o interior do carro confortável.

Ao olhar pela janela, Edward observou a paisagem invernal. As pastagens vastas e desoladas estavam cobertas por uma fina camada de neve suja, acumulada nas cercas e nos poucos arbustos secos que resistiam ao inverno. O céu era uma extensão interminável de cinza, sem sol e sem cor.

Cada vez que a caminhonete passava por um trecho de estrada de terra, uma nuvem de poeira e neve misturada se erguia atrás deles, criando uma trilha fantasmagórica. Os galhos secos das árvores ao longe, cobertos com uma leve camada de gelo, pareciam braços esqueléticos apontando para o céu. Ele sentiu como se estivesse sendo levado para a sua morte.

— Janice! — Esme gritou assim que pararam em frente ao casarão. Edward seguiu seu olhar e viu uma cabra saltitando pela grama seca. — Filho, pode começar a levar suas malas para dentro? Eu já vou te mostrar onde é o seu quarto.

Antes que ele pudesse responder, ela saiu correndo atrás da cabra. Edward ficou ali, de pé ao lado da caminhonete, observando a cena absurda com uma expressão entre a incredulidade e o tédio. Ele revirou os olhos e foi pegar suas malas na caçamba. Precisou fazer duas viagens para colocar tudo dentro da casa. Esme ainda estava tentando levar a cabra para o cercado, então Edward ficou esperando na sala.

Edward havia visitado a fazenda apenas uma vez antes, durante as férias de verão, quando ainda era criança. Naquela ocasião, ele passou a maior parte do tempo trancado em seu quarto, sentindo-se deslocado e alienado. As poucas vezes em que saiu, não pôde deixar de notar como Esme, Anthony e Carlisle pareciam uma família — família esta da qual ele não fazia parte.

A sua estadia foi marcada por um desconforto crescente, e Esme, percebendo o mal-estar de Edward, ofereceu-lhe a opção de não voltar no próximo verão. Ela queria que ele se sentisse livre para decidir, sem a pressão de fazer algo que claramente não desejava. No entanto, para Edward, isso apenas reforçou o sentimento de insignificância que ele já carregava em relação à vida de sua mãe, e ele lamentava agora que seu retorno àquela fazenda fosse inevitável. Ele desejava que as coisas tivessem permanecido como antes, que a distância tivesse continuado a separá-lo daquele lugar e daquelas pessoas.

Instintivamente, Edward começou a explorar o ambiente, seus passos o levando até um aparador no canto da sala. O móvel estava coberto com uma coleção de porta-retratos, cada um com uma moldura diferente. Ele parou para examinar as imagens que ali estavam.

Em um dos porta-retratos, Esme e Carlisle pareciam dois palhaços de circo com sorrisos enormes no dia do casamento deles. Em outro, Anthony, ainda criança, cavalgava alegremente um pônei. Essas fotos retratavam uma família perfeita e feliz, algo que parecia tão distante de sua própria experiência.

Viu também uma foto de Anthony com uma jovem de cabelos escuros e grandes olhos castanhos que lhe parecia vagamente familiar. Ao lado, havia uma foto dele mesmo em sua formatura do ensino médio, e ele não fazia ideia de como Esme havia conseguido a foto, já que ele não a convidou para o evento.

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