01 - A FESTA DE ANIVERSÁRIO

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Meu relógio de pulso apitou, marcando 18h em ponto para a completa alegria do senhor Williams que não aguentava mais nossa sessão de fisioterapia

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Meu relógio de pulso apitou, marcando 18h em ponto para a completa alegria do senhor Williams que não aguentava mais nossa sessão de fisioterapia.

— Pronto, já pode parar com essa palhaçada, seu horário acabou. – O velho rabugento disse, largando o elástico que apoiava nos pés. 

— O senhor sempre feliz com nossos encontros, não é? – Dei uma risadinha pela cara de desgosto dele.

— Feliz eu vou ficar quando não precisar mais sentir seu perfume doce demais às quartas e sextas – Ele disse, levantando da cadeira e indo em direção a copa, se servir uma xícara de café.

— Então acho melhor fazer os exercícios direito, assim seu filho não precisa renovar meu pagamento todo mês e eu não preciso pegar duas estações de metrô pra chegar até aqui. — Devolvi, recolhendo meu material.

Sr. Williams era meu paciente mais velho, e também mais recorrente. Ao perder a esposa para o câncer, virou um senhor descuidado com a saúde, acabou caindo algumas vezes no banheiro, e fraturando a coluna. Robert, filho dele, era meu colega na faculdade, e devido às viagens de trabalho não pôde acompanhar o tratamento do pai, me indicando para o trabalho.

Digamos que eu e o senhor Williams temos nossa própria relação.

Suspeito que o velhote me adore, mas não quer dar o braço a torcer nas sessões de fisioterapia, dificultando meu serviço em cem por cento, já que nunca consegui sequer dar alta para ele nesses 6 meses que o visito religiosamente duas vezes por semana.

— Que tal você só simplesmente dizer para o meu amado filho que não tenho jeito, ou que você é uma péssima fisioterapeuta e se demitir? – Sr. Williams arqueou as sobrancelhas, enfiando um punhado de biscoitos na boca.

— Sinto muito, Will, a grana é boa demais para negar.

Enfiei todas as minhas coisas na bolsa e segui em direção a porta, ouvindo ele resmungar.

— Não me chame de Will! – Ele gritou da cozinha.

— Até próxima semana, Will!! – Bati a porta no exato momento que ouvi sua resposta abafada.

— Isso vai sair do seu salário, Elizabeth!!

Com uma risadinha, eu desci as escadas do prédio, vendo que o elevador havia acabado de fechar, e eu já estava atrasada para o meu último compromisso do dia.

Praticamente corri até a estação de metrô mais próxima, e quando vi que cheguei antes do horário de lotação, respirei fundo, sentindo meu telefone vibrar no bolso.

Precisa de carona? – Ouvi a voz do meu irmão assim que atendi a chamada

— Não, já estou indo para casa, eu pego um táxi e te encontro no restaurante em uma hora, não se preocupe.

Lizzie, temos reserva com hora marcada, vê se não se atrasa. – Ele disse e pude ouvir algum burburinho no fundo.

— Pode deixar. – Falei, vendo que já estava na hora de descer para pegar a próxima estação. — Ainda está no trabalho? Tem uma barulheira no fundo.

S H E L T E R - JAMES B. BARNESOnde histórias criam vida. Descubra agora