Eu estava com a visão escura por conta da adrenalina, enquanto o homem parecia estar mais familiarizado com aquela situação do que eu gostaria de admitir.
Ele prendeu sua arma de volta ao corpo e me estendeu um blazer escuro, que contrastava com a noite fria de Washington.
— Veste. – Ele mandou, com o tom firme.
— Por que? – Me ousei perguntar, mesmo consumida pelo choque e medo.
— Eu não tenho tempo para isso.
Então o homem virou meu corpo com agilidade, e passou as mangas do blazer à força nos meus braços. Não que tenha sido muito difícil para ele, já que meu corpo não parecia me responder direito.
Eu deveria gritar, deveria correr, deveria pedir socorro, mas não conseguia assimilar nada ao meu redor.
O grito das pessoas no restaurante. Mais barulhos de tiros. A sirene da polícia apitando. Era tudo demais para mim.
David foi morto na minha frente, seu sangue está por todo meu corpo, fazendo o vestido grudar na minha pele. Meus cabelos estão sujos, minhas mãos estão marcadas. E eu estou sendo arrastada pelo homem que acabou de tirar a vida dele.
O blazer cobria até boa parte das minhas coxas, ocultando o maior vestígio de sangue possível, e o homem propositalmente deixou as pontas do meu cabelo para dentro, voltando a me guiar para fora dali.
Tudo era caos. Mas ele sabia exatamente onde pisar para que não fossemos vistos.
Saímos ainda por aquele andar de cima, e com passos calculados ele nos tirava de dentro do restaurante.Seu rosto era uma carranca obscura, o maxilar estava travado, marcando bem aquela região, e vez ou outra ele soltava um resmungo baixinho em uma língua que eu não conseguia identificar.
A inércia do meu corpo o ajudava a me controlar feito uma boneca, me fazendo andar, ou me abaixar pelo topo do prédio à medida que nos aproximavamos de uma escada de incêndio.
E antes que eu pudesse tomar qualquer decisão sobre descer ou não, já que minhas pernas pareciam uma gelatina, o homem se abaixou, enlaçou meus joelhos, e me jogou por cima do ombro.
O movimento foi tão rápido que sequer me deu chance de reagir, me deixando apenas sentir enquanto desciamos em passos rápidos, e quando fui colocada no banco do carona de um carro desconhecido.
Ele deu a volta no veículo, e quando entrou pela porta do motorista, avançou sobre mim, prendendo o cinto de segurança, antes de voltar para seu lugar, e desferir dois socos fortes no painel do carro, fazendo meu corpo estremecer.
Ele parecia querer gritar, ou quebrar alguma coisa, mas se conteve, dando partida no carro, e saindo dali o mais rápido possível, desviando do caos que a rua havia se tornado.
***
Eu não sei dizer quanto tempo se passou desde que entrei nesse carro.
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S H E L T E R - JAMES B. BARNES
Fiksi PenggemarO mundo de Elizabeth Hughes não vai ser mais o mesmo após uma paixão do passado reaparecer para reencontrá-la no dia do seu aniversário. Tudo que ela acreditava sobre aquele homem vai mudar da noite para o dia, enquanto ela irá descobrir o amor em J...