4. O passado sempre volta.

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Perdão pela demora meninas, estou bem corrida com a facul e o trabalho. Em compensação, esse capítulo tem 5.800 palavras 💖😅

Aproveitem💖

Ps: escutem a música👀💜
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Antônio adentrava a mansão La Selva após uma manhã estressante de trabalho na administração da fazenda. O chapéu preto havia pousado na mão direita, enquanto a outra foi levada a barba grisalha em um gesto de impaciência.

O som das botas ecoando pelo chão rebuscado, os pensamentos distantes, quando de pronto ouviu um som que lhe gelou o sangue. A voz aguda de Ágatha cortava o ar, carregada de raiva e desprezo.

— Você não passa de um inútil! — gritou Ágatha, os olhos faiscando de ódio enquanto encarava Caio, que permanecia de cabeça baixa, tentando não ceder às lágrimas. — Todo mundo nessa casa te trata como um príncipe, mas você é só um fardo!

Antônio parou na porta da antessala, os olhos estreitando ao ver o filho sendo humilhado. A ira subiu por sua espinha como um veneno, queimando em sua garganta. Ele não suportava ver o filho sendo tratado daquela maneira, ainda mais pela própria mãe.

— O que você pensa que está fazendo, Ágatha? — Sua voz era baixa, controlada, mas cheia de ameaça.

Ágatha virou-se, surpresa, mas sua expressão logo se transformou em um misto de desafio e desprezo. — Ah, você finalmente apareceu, Antônio. Parece que a única coisa que ainda te interessa são aqueles grãos malditos, porque aqui, na nossa casa, você parece não existir.

Antônio fechou os dedos sob a palma de suas mãos, até os mesmos ficarem brancos em uma vã tentativa de conter a raiva que o consumia.

— Engraçado que o meu dinheiro nunca deixou de existir. - Fitou-a com raiva. -Isso não te dá o direito de descontar sua frustração no Caio! — Ele deu um passo à frente, a fúria quase escapando do controle. — Se você tem algum problema comigo, resolva comigo, mas não se atreva a fazer isso com o menino.

Caio, sem dizer uma palavra, aproveitou a distração dos pais para correr. Antônio só percebeu quando ouviu o barulho da porta batendo e o som distante dos passos do filho desaparecendo pelo corredor.

— Minha nossa Senhora, onde será que o meu menino foi? Todo desesperado o coitadinho. — Exclamou Angelina exasperada  pela forma como Caio havia saído.

— Ótimo! — exclamou Ágatha, com uma risada sarcástica. — Agora ele foge, parece você, Antônio, sempre fugindo dos problemas!

Antônio a ignorou, o coração batendo descompassado. Ele correu atrás do filho, chamando seu nome pela casa e pelos jardins, mas Caio não respondeu. O desespero crescia dentro dele, transformando-se em pânico. Onde aquele menino poderia ter ido?

Depois de procurar por toda a casa, sem sinal de Caio, Antônio ligou para o irmão.

— Ademir, o Caio tá aí com você?

A resposta negativa do outro lado da linha fez o peito de Antônio apertar ainda mais.

— Merda! Onde você tá, garoto? — murmurou, desligando o telefone com um golpe seco.

Foi então que uma lembrança lhe veio à mente. A aldeia indígena. Caio sempre falava com carinho sobre o lugar e sobre as histórias que o pajé Jurecê contava.

Sem pensar duas vezes, Antônio subiu em sua caminhonete e dirigiu rapidamente até a aldeia. Ao chegar, avistou Caio ao longe, brincando com algumas crianças indígenas, uma expressão de paz no rosto que ele raramente via em casa. Mas a visão não trouxe alívio. Pelo contrário, atiçou uma raiva profunda.

O idiota do meu cunhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora