Capítulo 7

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Correntes Invisíveis

Ainda na banheira, Yelena tenta relaxar e esquecer tudo o que lhe ocorreu, tanto a tentativa de... - seu corpo se arrepia ao pensar naquilo de novo - quanto a prisão do responsável por sua angústia. Por sorte, Nathan já havia chegado e, provavelmente, estava arrumando a mesa para que pudessem comer juntos a torta que ele trouxe, especialmente para ela.

Mesmo sentindo o cheiro da essência de rosas, o calor da água morna e um pouco do perfume de Nathan - que era tão forte que ficou no ar quando ele passou em frente ao cômodo - nada tirava aquele pensamento da mente. Nada.

As palavras proferidas por seus colegas de trabalho, em quem ela achava que podia confiar, e por seu chefe - ex-chefe - rabugento...

~ Sinceramente, acho que não tem como isso tudo piorar... ~ Assim que pensou isso, Romanova recebe uma notificação em seu celular. Ela verifica quase imediatamente, achando que era Nathan avisando que já estava tudo pronto.

- ... - Quão tola ela foi.

Em uma tentativa frustrada de não pensar em nada, tentando esvaziar sua mente, afundou-se na banheira, na esperança de se livrar daquele misto de sentimentos.

Ela então percebe um objeto no canto do banheiro, próximo à banheira, que havia colocado ali há pouco tempo.

Nathan estava preparando tudo para que sua amiga não se preocupasse com nada. Aquele foi um episódio e tanto na vida dela, e certamente deixaria algumas cicatrizes profundas em sua mente e coração.

Apesar de já fazer parte de seus planos, o loiro queria entregar o chefe de Yelena com uma denúncia anônima bem elaborada, e então convenceria Yelena a fazer terapia para lidar com o que aconteceu. Mas, naquele momento, o que ela mais precisava era de consolo imediato e de seu grande e prestativo amigo...

Ele interrompe seus pensamentos ao ouvir a russa descer as escadas após o banho e entrar na cozinha de braços cruzados, o que chamou a atenção de Campbell, fazendo-o assumir uma expressão de preocupação.

- Oi, 'Than - Yelena se encosta no portal que dava passagem para a sala.

- Oi, Ye' - ele responde, observando-a. Ele não sabia o que dizer, então tenta iniciar uma conversa: - Como você está?

- Obrigada. - A mulher o interrompe quase que imediatamente, surpreendendo-o com a fala.

- Pelo quê? - pergunta, sem entender a origem da gratidão, fazendo um sorriso desajeitado surgir nos belos lábios da moça.

- Por sempre cuidar de mim... E - ela se interrompe, incapaz de segurar as lágrimas, desabando lentamente no chão, enquanto abraça os joelhos contra o peito, seus olhos marejados por lágrimas silenciosas.

Seu semblante carregava o peso de uma tristeza profunda e avassaladora, que parecia consumir cada parte de sua alma. Algo quase incompreensível para 'Than naquele momento, pois nunca imaginou sua amiga assim.

~ Amiga... ~ Ao perceber que a palavra "amiga" carregava um peso maior do que o usual, Nathan tenta esquecer isso por agora e se focar no que veio fazer ali.

Com preocupação e compaixão, o médico se aproxima lentamente, ajoelhando-se ao lado dela. Ele estende os braços, hesitante, e, sem dizer uma palavra, envolve-a em um abraço caloroso e reconfortante. Seu toque é suave, mas transmite toda a sua força e apoio através daquele gesto simples.

A mulher se entrega ao abraço de Nathan, permitindo-se desabar em soluços de dor e angústia, carregando toda a tristeza que guardava no coração. Ela afunda a cabeça sobre o peito dele, fazendo-o abraçá-la com mais força.

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