O diabo está em minha casa.

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Capítulo 4.

Alguns dias antes.

Jimin estava inquieto, sua mente não funcionava bem, nem mesmo a dança o trazia de volta. Ele sentia que não podia respirar, seu coração apertado em meio a sala de ensaio já vazia.

Ele então se senta e encara o espelho.

ㅡ Por que sempre está sozinho? Me diga Jimin por que você nunca tem ninguém? ㅡ Falou seus pensamentos altos.

Encarando a imagem no espelho se pôs a pensar o que sua mãe diria sobre ele. A mulher sorridente e bonita que lhe deu a luz. Vê tantas fotos dela espalhadas como se sua presença fosse ainda física.

Ou talvez fosse o modo de seu pai lhe castigar um pouco mais, afinal ele era culpado pela mulher ter falecido.

E ele sentia a dor dessa culpa.

ㅡ Quero uma família grande… ㅡ sussurrou para seu reflexo.

Era sua maneira de orar, ou rezar. Bom ele não sabia bem como nomear, a religião não era exatamente seu maior interesse.

Na verdade ele não podia dizer que tinha muitas coisas em seu interesse. Roupas eram bonitas, jóias eram legais, mas além da dança, o que poderia ocupar sua mente?

Talvez, o moreno que ficava naquele camarote, encarando-o de forma tão intensa.

O homem parecia emanar uma energia poderosa, e fizera o bailarino se dedicar com afinco. Queria impressionar, queria aquele olhar faminto e poderoso em si.

"Não seja bobo, ele só gosta de te ver dançar."

Pensou de primeira, mas mesmo quando apenas estava parado, em meio a cena, esperando sua vez, odia sentir aquele olhar quente.

Seu coração errava as batidas, sua pele se arrepiava e pensava:

"De onde veio esse homem que me atrai como um pecado em forma humana?"

Porém, o que Park não sabia era que o homem era realmente o pecado, mas especificamente o pecado da fúria.

Talvez o que sentisse fosse de certa forma o furor, de quem não podia resistir. Sucumbia com tal facilidade ao humano, sem ter a certeza de que ele sentia o mesmo.

Porém tudo iria mudar naquela noite…

A polícia dominou todo o teatro e, enquanto o policial falava com Jimin a respeito da bailarina, o menor não soltava a mão do demônio. Sentia-se protegido por ele e, de certa forma estava, apenas não sabia disso.

ㅡ Ah ela era maravilhosa... Doce e gentil, eu não creio que fizeram essa atrocidade! Me sinto horrível, e com medo.

O loiro dizia com a voz embargada, e assim que as lágrimas desceram ele foi ao encontro do peito de Jeon, procurando conforto.

O moreno lhe recebeu, deixando a mão acariciar os cabelos dourados e macios.

ㅡ Eu entendo meu jovem, que bom que seu namorado estava com você. Não creio que seja seguro ninguém da companhia voltar sozinho para casa, não sabemos quem pode ser o assassino, então redobre os cuidados. Eu encerro seu depoimento por aqui ㅡ diz o policial, fazendo um aceno com a cabeça para ambos, deixando-os sozinhos.

ㅡ Eu irei levá-lo para casa ㅡ diz Jeon, encostando o nariz nos cabelos do menor que apenas assente sem afastar o corpo do outro.

Caminham com os dedos entrelaçados até o carro de Jeon. Um Impala 67 preto como a alma daqueles que o demônio castigava.

ㅡ Nossa, é lindo! Acredito ser o carro mais bonito que já vi! ㅡJimin admira o brilho lustroso do automóvel.

ㅡ É meu favorito! ㅡ O moreno se gaba.

ㅡ Você tem mais? Mais carros? Você é tipo, rico? ㅡ Ele encara o moreno, com um riso divertido.

ㅡ No mínimo uma dezena, ou talvez mais, sou quase um sugar daddy, querido. ㅡ Pisca, arrancando uma gargalhada do outro.

E Jeon não mentia, ser um demônio lhe dava alguns privilégios no mundo humano que ele apreciava e muito. Um deles era o dinheiro e Jeon amava como podia corromper almas por algumas cédulas de papel, adorava ver as guerras e as desgraças que a ganância causava, talvez fosse esse o pecado favorito do demônio.

ㅡ Você está todo rico... Me dá, até vergonha de levar você para meu apartamento, o balé não rende tanto assim. ㅡ Jimin diz, sentindo o rosto quente.

Jeon se aproxima, acariciando a bochecha agora rosada.

ㅡ Não me importo com dinheiro, é apenas uma cédula que é utilizada para trocarmos por coisas necessárias ou apenas caprichos... Agora sua companhia e, principalmente seu bem-estar, nenhum dinheiro no mundo poderia pagar, meu Querubim. Então não perca tempo com pensamentos bobos, apenas vamos te deixar tranquilo e seguro.ㅡ O demônio, é tão sincero, que não pode deixar de se sentir um tolo, mas não poderia estar se importando menos.

Segurando a mão grande que lhe afaga a face, Jimin concorda e suspira. Nem em seus melhores pensamentos havia se imaginado nessa situação, sendo levado para casa pelo seu admirador... Que também é admirado por si.

Jungkook abre a porta do carro e ajuda Jimin a colocar o cinto, recebendo do menor um selar leve em sua bochecha, o que faz o demônio sorrir.

A verdade é que o bailarino sentia-se um bobo, em sua primeira paixão. Sim, ele não poderia negar, a atração era óbvia e ele ansiava pelo caminho que iria tomar com Jungkook.

No caminho até o apartamento, Jimin acaba por adormecer, exausto não só pela apresentação mas também pelas emoções envolvidas naquele dia.

Jeon apenas o admirou adormecido por todo o caminho. Ao chegarem ao apartamento do bailarino, acordou-o com pequenas carícias na face.

ㅡ Jungkook… ㅡ diz o loiro, ao alcançar a porta de seu apartamento.

ㅡ Sim? ㅡ O moreno encara a face que já arde, pela vergonha.

ㅡ Se importa de ficar comigo um pouco? Estou assustado e não quero ficar sozinho. ㅡ A verdade é que a ideia de se afastar do homem lhe apavora, talvez tivesse criando uma dependência.

Que culpa tinha o doce garoto, se era a primeira vez que se sentia adorado? Era um jogo perigoso, tinha ciência, mas queria continuar.

O demônio lhe sorri.

Deixando o lobo entrar em sua casa, pobre chapeuzinho.

ㅡ Claro, mas acredite meu Querubim... Nada de ruim irá lhe acontecer, não enquanto eu existir.

Dancing with devil.Onde histórias criam vida. Descubra agora