Entre Melodias & Destinos

Capítulo 9

Dias se passaram desde que Ana desembarcou em Seul, e a vida na nova cidade começava a tomar forma. A rotina de trabalho era intensa, mas gratificante. O ambiente corporativo coreano, com sua disciplina e eficiência, a desafiava de maneiras que ela jamais imaginara. Apesar das dificuldades iniciais com o idioma e a adaptação à cultura local, Ana sentia uma satisfação crescente com sua decisão. Mas, à noite, quando finalmente chegava em casa, o peso da solidão voltava a se fazer presente.

Em um desses dias, enquanto voltava do trabalho, Ana decidiu parar em uma pequena livraria que ficava no caminho de seu apartamento. A fachada discreta, com livros empilhados em uma vitrine, chamou sua atenção. Lá dentro, o cheiro de papel velho e o silêncio acolhedor a fizeram se sentir à vontade. Era um refúgio em meio ao caos de uma cidade que nunca dormia.

Enquanto percorria as prateleiras, seus dedos deslizavam pelas lombadas dos livros, muitos deles escritos em uma língua que ainda lhe era estranha. Ela procurava algo que pudesse preencher as lacunas de seus pensamentos, uma história que a levasse para longe de suas próprias preocupações. Mas, de repente, seu olhar foi atraído por um livro em particular, com uma capa simples e título em inglês: "The Road Not Taken".

Ana pegou o livro e, ao folheá-lo, encontrou uma dedicatória escrita à mão na primeira página: "Para aqueles que têm coragem de seguir um caminho diferente, mesmo quando o coração hesita." Essas palavras ressoaram profundamente nela, como se fossem escritas especificamente para aquele momento de sua vida. Decidiu comprar o livro, sentindo que ele seria uma companhia fiel nas noites solitárias.

De volta ao apartamento, Ana preparou uma xícara de chá e se acomodou no sofá, pronta para se perder nas páginas do novo livro. Mas, antes de começar a leitura, seu celular vibrou com uma notificação. Era uma mensagem de uma colega de trabalho, convidando-a para um evento social naquela semana. Ana hesitou. Desde que chegara a Seul, evitava esse tipo de encontro, preferindo focar no trabalho e manter uma distância segura de qualquer situação que pudesse trazer memórias indesejadas.

No entanto, algo dentro dela a impulsionou a aceitar o convite dessa vez. Talvez fosse o desejo de se conectar mais com as pessoas ao seu redor, ou quem sabe, a necessidade de provar para si mesma que podia seguir em frente. De qualquer forma, ela respondeu positivamente à mensagem, marcando presença no evento que aconteceria na sexta-feira à noite.

Os dias que antecederam o evento foram uma mistura de ansiedade e expectativa. Ana sabia que essa era uma oportunidade de se abrir para novas amizades, mas o medo de se deparar com qualquer menção a Namjoon, ou mesmo esbarrar em alguém que o conhecesse, ainda rondava seus pensamentos.

Na noite do evento, Ana se arrumou com cuidado, escolhendo um vestido elegante, mas discreto. Ela se olhou no espelho e respirou fundo. Estava pronta para enfrentar essa nova etapa de sua vida, com todas as suas incertezas e desafios. Ao sair de casa, uma sensação de determinação tomou conta dela. Estava disposta a aproveitar ao máximo essa oportunidade, sem deixar que o passado a prendesse.

O evento, realizado em um lounge moderno no centro de Seul, estava lotado. Ana sentiu-se um pouco deslocada no início, mas logo foi recebida calorosamente por seus colegas. As conversas eram leves, e o ambiente era animado. Pela primeira vez desde que chegou, Ana sentiu que poderia encontrar um pouco de normalidade naquela nova vida.

Mas, como se o destino gostasse de brincar com seus sentimentos, em um momento de distração, ela ouviu uma voz familiar. Seu corpo gelou, e o coração começou a bater mais rápido. Não era Namjoon, mas a pessoa com quem ele havia sido fotografado na premiação semanas atrás. Ela estava ali, conversando com algumas pessoas do outro lado da sala.

Ana tentou manter a calma, desviando o olhar e concentrando-se na conversa com seus colegas. Mas era impossível ignorar a presença daquela mulher, que agora estava rindo e parecendo completamente à vontade. O passado que Ana tanto tentava esquecer parecia estar determinado a segui-la, mesmo do outro lado do mundo.

Nesse momento, Ana percebeu que, por mais que tentasse, não poderia escapar tão facilmente das sombras do passado. Mas uma coisa era certa: ela não deixaria que essa visão arruinasse sua noite. Estava ali para seguir em frente, para construir algo novo. E, com isso em mente, ela ergueu a cabeça, decidida a aproveitar o momento e fazer com que aquela nova vida valesse a pena.