Capítulo 6

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Os dias que se seguiram ao encontro falhado na cafeteria foram um borrão para Ana. Ela ainda conseguia lembrar claramente de como se sentiu esperando por Namjoon, da frustração crescente à medida que os minutos passavam e ele não aparecia. Aquela mistura de esperança e decepção parecia agora uma dor constante, uma ferida aberta que não queria cicatrizar.

Ana tentou preencher o tempo com passeios e visitas a lugares que ela ainda não conhecia em São Paulo. Foi ao MASP, andou pela Avenida Paulista, e até fez compras na Rua 25 de Março, mas nada disso a fez se sentir melhor. A cidade que antes parecia tão vibrante agora se tornava um lembrete amargo de tudo o que ela havia vivido e perdido ali.

Agora, de volta ao aeroporto, ela se sentia exausta, como se a energia que antes a impulsionava tivesse sido drenada. O aeroporto estava cheio de gente indo e vindo, mas Ana sentia-se completamente sozinha. O barulho das pessoas falando, das malas sendo arrastadas, dos avisos nos alto-falantes — tudo parecia distante, como se ela estivesse em um lugar diferente, isolada de tudo.

Ela chegou cedo para o voo, sem ânimo para fazer qualquer outra coisa na cidade. Tudo o que queria era sair de São Paulo o mais rápido possível e esquecer o que havia acontecido ali. Sentada em um dos bancos do terminal, ela pegou o celular, mais por hábito do que por vontade, e começou a deslizar pelo feed das redes sociais.

As postagens dos amigos e conhecidos passavam diante dos seus olhos sem que ela realmente prestasse atenção. De repente, uma notificação surgiu, puxando-a de volta para a realidade: uma nova atualização de uma página de notícias sobre o BTS. O coração de Ana deu um salto involuntário, mas o que ela viu na tela fez o sangue gelar em suas veias.

Era uma foto recente de Namjoon, tirada em uma premiação. Ele estava vestido impecavelmente, como sempre, mas o que realmente capturou sua atenção foi a mulher ao seu lado. Ela era linda, com um vestido elegante que parecia feito sob medida, e estava sorrindo para Namjoon como se fossem velhos amigos. Mas a legenda que acompanhava a foto era o que realmente doeu: "Novo casal na área? Fãs especulam romance entre Namjoon e famosa atriz após premiação!"

Ana ficou olhando para a tela, incapaz de processar o que estava vendo. Os comentários embaixo da foto eram um mar de elogios e animação dos fãs, muitos "shippando" o casal e comentando como eles ficavam perfeitos juntos. Ela sentiu o estômago revirar, uma sensação de náusea subindo enquanto a realidade a golpeava com força total.

"Então, era isso o tempo todo", pensou, as lágrimas começando a arder em seus olhos. "Eu fui uma idiota por acreditar que algo especial poderia acontecer entre nós." A imagem de Namjoon, que antes era de alguém carinhoso e atencioso, começou a desmoronar diante dela, deixando para trás apenas um homem que, no final, não era diferente dos outros.

Ela apertou o celular com força, como se quisesse esmagar a dor que sentia. A tristeza que a consumia na cafeteria agora parecia quase insuportável. Cada segundo que passava sem uma mensagem ou um sinal de Namjoon era uma tortura, e ver aquela foto foi o golpe final. As palavras que ele havia dito, os sorrisos, os olhares — tudo parecia vazio e falso agora. "Ele é apenas mais um cara que brinca com os sentimentos das pessoas," pensou, sentindo a raiva crescer dentro de si.

Ana desligou o celular abruptamente, tentando se desconectar da dor. Olhou ao redor, vendo as pessoas passarem por ela, vivendo suas vidas sem saber do turbilhão de emoções que a consumia. Respirou fundo, tentando manter a compostura. Ela não podia, não queria, ser vista chorando ali, naquele aeroporto, por alguém que provavelmente não se lembrava mais dela.

Ela se levantou e foi até a área de embarque, os passos pesados como se carregasse um fardo invisível. O sol brilhava intensamente do lado de fora, mas para ela, parecia frio e distante, refletindo o vazio que agora sentia por dentro. Cada passo era um esforço, como se a tristeza e a decepção fossem pesos amarrados a seus pés, arrastando-a para baixo.

Enquanto esperava para embarcar, Ana lutou contra as lágrimas que ameaçavam cair. A raiva que sentia por Namjoon agora começava a se voltar para si mesma. "Como pude ser tão ingênua?", pensou, a voz interna cheia de recriminação. Ela havia acreditado, mesmo que por um breve momento, que algo especial poderia acontecer entre eles. Havia construído castelos de sonhos em sua mente, apenas para vê-los desmoronar diante de seus olhos.

Mas, apesar de tudo, uma parte dela ainda resistia. Ela sabia que precisava seguir em frente, voltar para sua vida e deixar tudo isso para trás. Não podia mais ficar presa a uma fantasia que nunca se realizaria. "Eu preciso ser forte," disse a si mesma, a voz firme, mas tremendo ligeiramente.

Ana decidiu que, ao voltar para casa, colocaria todas essas lembranças em uma caixa e a trancaria no fundo de sua mente. Talvez um dia ela pudesse olhar para trás e rir de sua própria ingenuidade. Mas, por agora, ela precisava se proteger, precisava reconstruir as barreiras que havia baixado por Namjoon.

Enquanto o voo era chamado, Ana pegou sua bagagem de mão e se dirigiu ao portão de embarque. Estava pronta para deixar São Paulo, pronta para deixar Namjoon para trás. Mas, no fundo, ela sabia que esquecer o que sentiu, o que viveu, não seria tão simples. Namjoon havia deixado uma marca em seu coração, uma marca que o tempo levaria para apagar. Mas ela estava determinada a seguir em frente, a não deixar que essa decepção a definisse.

E assim, com passos firmes, ela embarcou no avião, pronta para voltar à realidade e, talvez, encontrar uma nova versão de si mesma no processo.

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