Capítulo 14

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Os primeiros raios de sol penetravam as cortinas do quarto de Ana, anunciando o início de um novo dia. Ela havia passado a maior parte da noite revirando-se na cama, inquieta com a mensagem de Namjoon. O que ele queria conversar? E, mais importante, por que agora?

No entanto, seus pensamentos não estavam apenas ocupados com Namjoon. A lembrança da noite anterior, dançando com Jungkook, ainda a deixava com um misto de sensações que ela não sabia como definir. A forma como ele a olhava, como a segurava durante a dança, tinha um quê de tensão e algo mais profundo que ela tentava evitar pensar, mas que continuava a invadir sua mente.

"Eu não posso me complicar ainda mais," disse para si mesma, enquanto tomava um gole de café. "Namjoon já é problema suficiente."

Mas, por mais que tentasse se convencer disso, não conseguia esquecer o olhar de Jungkook e a proximidade que compartilharam. Será que aquilo significava algo mais para ele? E, se sim, o que isso significava para ela?

No escritório, Ana se esforçava para manter o foco, mas seu pensamento sempre voltava a Namjoon e, agora, a Jungkook também. A ideia de ver Namjoon naquele dia a deixava em constante estado de alerta. Como deveria agir? O que diria? E mais, será que deveria mesmo se encontrar com ele? A memória do dia em que ele a deixou esperando, sem qualquer explicação, ainda era um peso em seu coração.

Decidida a evitar mais sofrimento, Ana optou por ignorar a mensagem de Namjoon. "Ele não merece que eu vá," murmurou para si mesma, enquanto digitava freneticamente no teclado, tentando se distrair com o trabalho.

Durante o almoço, Yuna notou o estado de Ana e não hesitou em questioná-la. "Você parece que tá tentando fugir de alguma coisa. Ou de alguém?" Ela perguntou, com uma sobrancelha arqueada.

Ana suspirou, sabendo que não conseguiria esconder seus sentimentos da amiga. "É o Namjoon. Ele quer conversar, mas eu... Eu não sei se quero ouvi-lo." Ela parou por um momento, antes de continuar. "E tem o Jungkook também. Algo estranho aconteceu ontem, e agora não consigo parar de pensar nisso."

Yuna tomou um gole do seu suco antes de responder. "Você tem todo o direito de estar chateada com o Namjoon, mas fugir não vai resolver as coisas. Talvez ele tenha uma explicação. Não quer ouvir o que ele tem a dizer?"

Ana balançou a cabeça, determinada. "Ele já teve a chance dele. Agora, é minha vez de decidir o que quero para mim. E eu não quero me machucar de novo.

Yuna assentiu, respeitando a decisão da amiga, mas algo em seu olhar indicava que ela não estava completamente convencida.

"Então, me conta... Como foi a dança com o nosso querido Jungkook?" Yuna perguntou, com um sorriso travesso.

Ana sorriu, tentando não parecer afetada. "Foi só uma dança, Yuna. Nada demais."

"Só uma dança, é? Porque do jeito que vocês dois estavam grudados, parecia mais uma prévia de um encontro," Yuna provocou, fazendo Ana corar levemente.

"Tá bom, eu admito que foi divertido. Mas você sabe que ele só estava brincando," Ana respondeu, tentando desviar o foco de si mesma.

Yuna não se deu por vencida e, com um brilho nos olhos, mudou o tom da conversa. "Bem, enquanto você estava dançando com o Jungkook, eu estava ocupada com um cara incrível. Vou te poupar dos detalhes, mas vamos dizer que ele sabia exatamente o que estava fazendo..." Yuna piscou, e ambas riram alto.

Ana balançou a cabeça, rindo. "Você realmente não tem filtro, Yuna. Mas isso é uma das coisas que eu mais gosto em você."

Yuna deu de ombros, com um sorriso despreocupado. "A vida é curta demais pra se segurar, Ana. E você deveria aprender a se divertir mais. Quem sabe o que pode acontecer? Talvez você e Jungkook..."

Ana a interrompeu, tentando manter a conversa leve. "Não viaje, Yuna! Não aconteceu nada demais."

"Ok, ok, vou pegar leve com você. Mas saiba que estou torcendo por algum drama nesse trabalho, porque o que seria de nós sem um pouco de confusão emocional?" Yuna respondeu, rindo, antes de mudar de assunto.

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A tarde se arrastou, e conforme o final do expediente se aproximava, Ana começou a sentir a tensão aumentar. Ela sabia que, eventualmente, teria que enfrentar Namjoon, mas hoje não seria esse dia. Deixaria ele esperando, assim como ele a fez.

Entretanto, o destino tinha outros planos. Quando estava prestes a sair, ouviu uma voz familiar chamando seu nome. Virando-se, viu Namjoon do outro lado do corredor, se aproximando com um olhar determinado.

"Precisamos conversar, Ana," ele disse, sua voz firme, mas não agressiva. Havia uma urgência em seu tom que a fez hesitar, mas ela rapidamente recuperou a compostura.

"Eu realmente acho que não precisamos, Namjoon," respondeu, tentando manter a calma enquanto começava a caminhar em direção à saída.

Ele acelerou o passo, colocando-se em seu caminho antes que ela pudesse sair. "Por favor, só me escuta. Eu sei que te magoei, mas eu não podia evitar. Tive coisas urgentes a resolver, algo pessoal."

Ana sentiu uma pontada de decepção ao lembrar da mulher que viu com ele na festa, mas decidiu não tocar no assunto. Respirou fundo, tentando manter a postura despreocupada. "Tudo bem, Namjoon. Eu entendo que você tem sua vida e seus problemas. Eu só... Não quero me complicar. Acho que a gente deveria manter as coisas simples."

Namjoon parecia aliviado por ela não insistir no assunto. "Eu realmente me importo com você, Ana. Quero que possamos ser amigos, manter uma boa relação, sem complicações."

Ana forçou um sorriso, tentando se convencer de que aquilo seria o melhor. "Amigos, certo? Podemos ser amigos, sem envolvimento. Eu estou de acordo com isso."

Ele assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. "Sim, amigos. E se você precisar de qualquer coisa, eu estou aqui."

Ela deu um passo para o lado, preparando-se para sair. "Certo, Namjoon. Vamos tentar manter as coisas assim. Amigos."

Namjoon sorriu levemente, com uma expressão que parecia mais tranquila. "Ótimo. Obrigado por me ouvir."

Ana acenou com a cabeça antes de finalmente deixar o prédio. Enquanto caminhava para casa, repetia para si mesma que aquela era a decisão certa. "Somos só amigos," murmurou, como se estivesse convencendo a si própria. "Nada de envolvimentos, nada de complicações."

Mas, por mais que tentasse se convencer, uma parte dela não podia ignorar a pequena chama de esperança que insistia em permanecer acesa.

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