Capítulo 4

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Os dias que se seguiram ao encontro com Namjoon foram uma montanha-russa emocional para Ana. A cada momento, ela se pegava revivendo a breve conversa que tiveram na cafeteria, cada palavra, cada olhar. A possibilidade de reencontrá-lo parecia ao mesmo tempo emocionante e assustadora, e essa dualidade fazia seu coração acelerar constantemente.

Naquela manhã, o céu estava nublado, refletindo a incerteza que dominava os pensamentos de Ana. Apesar disso, a temperatura agradável a convidava a sair e tentar distrair a mente, que não conseguia parar de pensar em Namjoon. Decidiu visitar uma das bibliotecas mais conhecidas de São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade. O ambiente silencioso e cercado de livros parecia o lugar perfeito para acalmar seu turbilhão interior.

Enquanto caminhava entre as prateleiras repletas de livros, sentia-se levemente mais tranquila, como se o simples ato de estar ali, cercada por histórias e conhecimento, a ajudasse a reorganizar seus pensamentos. Mas a paz durou pouco.

Quando ouviu uma voz familiar ecoar suavemente no ambiente silencioso, o tempo pareceu parar. "Lugares como este têm uma magia especial, não acha?"

Ela se virou, e lá estava ele, Namjoon, segurando um livro como se fosse uma extensão de si mesmo. O mundo ao redor desapareceu, e por um instante, Ana sentiu que estava sonhando. O nervosismo tomou conta de seu corpo, as mãos suadas e o coração batendo descompassadamente. Tentando manter a compostura, ela sorriu, embora sentisse como se cada músculo de seu rosto estivesse tremendo.

"Você de novo," ela respondeu, tentando não gaguejar. "Parece que nossos caminhos continuam se cruzando."

Namjoon riu, um som que reverberou em seus ouvidos como música, fazendo seu coração pular uma batida. Ele olhou ao redor, admirando as estantes imponentes e o brilho suave das luzes. A proximidade fez a cabeça de Ana girar. O cheiro sutil do perfume dele invadiu seus sentidos, e ela teve que lutar contra o impulso de fechar os olhos e apenas sentir.

"Acho que o universo tem um senso de humor interessante," ele disse com aquele sorriso que parecia desarmá-la por completo.

Eles começaram a caminhar juntos pelos corredores da biblioteca, mas Ana mal conseguia se concentrar nos livros ao seu redor. Seu corpo estava em alerta máximo, cada palavra de Namjoon parecia penetrar diretamente em sua alma. Ela absorvia suas palavras como se fossem água em um deserto, sentindo-se fascinada pela maneira como ele via o mundo. Havia algo tão cativante na forma como ele falava sobre a importância da leitura, como se cada livro tivesse um significado profundo e pessoal.

Conforme a conversa continuava, Ana começou a relaxar um pouco, mas o nervosismo nunca desaparecia completamente. A ideia de que aquele momento poderia terminar a qualquer instante a deixava ansiosa, e ela não queria desperdiçar nem um segundo. A conexão entre eles parecia crescer a cada palavra trocada, como se algo mágico estivesse acontecendo, algo que ela nunca tinha experimentado antes.

"Você mencionou que gosta de explorar a cidade," disse Namjoon, mudando de assunto. "Já pensou em visitar o Mercado Municipal? É um lugar interessante, cheio de vida e sabores únicos. Acho que você iria gostar."

A sugestão fez o coração de Ana disparar novamente. A ideia de passar mais tempo com ele parecia surreal. Ela sentiu uma mistura de excitação e medo ao imaginar o que poderia acontecer. "Não, ainda não fui. Sempre quis visitar, mas não sabia por onde começar."

Namjoon olhou para ela, seus olhos suaves e cheios de curiosidade. "Se você quiser, posso te levar. Estou com a tarde livre, e seria um prazer."

Ana sentiu como se estivesse flutuando. O convite parecia mais um sonho do que realidade, e ela teve que se esforçar para manter a calma. Seu coração gritava para ela aceitar, enquanto sua mente tentava não criar expectativas. Com um sorriso que tentava esconder sua euforia, ela respondeu: "Eu adoraria."

O passeio ao Mercado Municipal foi uma explosão de cores, aromas e sabores. Cada corredor que percorriam juntos parecia repleto de novas descobertas, e cada pequeno detalhe era gravado na memória de Ana. O Mercado estava lotado, mas a presença de Namjoon ao seu lado fazia tudo parecer calmo e controlado, como se nada pudesse atrapalhar aquele momento. A combinação de cheiros intensos de frutas frescas e especiarias exóticas misturava-se ao som das vozes e risos ao redor, criando uma atmosfera vibrante.

Namjoon a guiou até uma barraca de frutas, onde escolheram juntos algumas amostras para experimentar. Ana não pôde evitar rir ao vê-lo saborear uma pitaya pela primeira vez, o que provocou uma gargalhada espontânea e encantadora. Havia uma leveza na forma como ele interagia com ela, como se eles fossem velhos amigos, o que a fazia se sentir cada vez mais à vontade.

Enquanto experimentavam algumas frutas, Ana tentava absorver cada detalhe do momento, como se quisesse guardá-lo para sempre em sua memória. A presença de Namjoon ao seu lado era ao mesmo tempo confortante e intoxicante. Ele falava com uma paixão que fazia seus olhos brilharem, e ela sentia uma mistura de fascinação e atração crescente.

Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu com cores vibrantes, eles encontraram um pequeno café dentro do Mercado e decidiram parar para descansar. Namjoon pediu um suco de maracujá, e Ana, tentando parecer tranquila, pediu uma limonada. Mas por dentro, seu coração estava em uma corrida louca, e cada momento ao lado dele parecia tingido de uma intensidade quase insuportável.

"O que achou do passeio?" ele perguntou, os olhos fixos nos dela, como se realmente quisesse saber o que ela estava sentindo.

"Foi incrível," Ana respondeu, a sinceridade em sua voz revelando mais do que ela pretendia. "Eu não imaginava que São Paulo tivesse tantos lugares interessantes. E a sua companhia foi... inesperadamente maravilhosa."

Ela sentiu seu rosto corar ao dizer isso, mas Namjoon apenas sorriu, e aquele sorriso foi como um raio de sol em seu coração. "Eu também gostei. É raro ter um tempo assim, para simplesmente aproveitar o momento e conhecer alguém nova."

As palavras dele ressoaram dentro de Ana, despertando uma mistura de alegria e medo. Ela sentia que algo estava mudando, mas ao mesmo tempo, temia o que aquilo significava. Era como se estivesse à beira de um precipício, prestes a se jogar em algo desconhecido, mas irresistível.

"Você vai embora logo?" ele perguntou, a voz baixa, quase como se não quisesse saber a resposta.

Ana sentiu um aperto no peito. A realidade a atingiu de forma cruel. "Ainda tenho alguns dias aqui, mas... sim, logo volto para minha cidade."

Namjoon assentiu, o olhar pensativo. "Então, talvez devêssemos aproveitar ao máximo o tempo que temos."

Antes que Ana pudesse responder, o telefone de Namjoon vibrou, cortando o momento como uma faca. Ele olhou para a tela, e ela pôde ver a mudança em sua expressão, como se algo importante estivesse acontecendo.

"Eu preciso atender isso," ele disse, levantando-se com um suspiro. "Mas... posso te encontrar de novo amanhã?"

Ana sorriu, embora por dentro estivesse se perguntando se aquilo tudo era real. "Claro, eu adoraria."

Namjoon se despediu com um sorriso caloroso e saiu do café, deixando Ana sozinha com seus pensamentos. Ela o observou se afastar, sentindo uma mistura de felicidade e incerteza. O encontro inesperado havia sido breve, mas deixava no ar a promessa de algo mais.

Enquanto o céu escurecia, Ana ficou sentada, o coração ainda acelerado, tentando processar tudo o que havia acontecido. Talvez aquela viagem a São Paulo fosse mais do que apenas um show do BTS. Talvez fosse o começo de algo que ela jamais havia imaginado.

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