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Organizamos tudo pela manhã, após me preparar para a viagem, recebo a notícia de que Orfeu irá conosco, pelo que eu entendi eles estão transferindo a base de negócios deles para uma cidade mais perto da nossa.

Minha pressão subiu automaticamente quando ouvi, só de imaginar que vou passar dias num cubículo que é a carruagem, logo com Orfeu, tão falante.

Ó céus como vou aguentar fingir por tanto tempo?!

-Iliesen? Está nas nuvens hoje, oque houve?

-Não se preocupe Orfeu, só estou ansioso pra passar o resto de minha vida vivendo com minha amada.

-Tão romântico, espero que o universo me traga alguém assim.

-Está a procura de um amor?

-Sinceramente acho impossível que alguém me ame. Afinal, quem poderia amar um monstro como eu.

-Não acho que seja um monstro, monstro são aqueles que tentaram atrapalhar meu casamento.

-Deixem de cochichos! Oque tanto conversam?! -Diz ela de dentro da carruagem, esperando por nós dois.

-Estamos indo Mis Valery.

Entramos na carruagem, de início não teve muita conversa como havia imaginando. Orfeu estava pensativo, cabisbaixo.

Senti por ele, pelo pouco que conheço, ele parece ser um bom homem, não acho justo o atacarem por algo bobo como a aparência ou o passado, seja lá qual ele for. Pelo tempo que estive perto dele, me mostrou ser um pessoa bondosa e honesta, apesar de seus olhos serem frios.

-Orfeu, tem algo que não quero mais, pode ficar para você. Está no compartimento em cima de nós. -Ela se referia a uma espécie de maleiro que fica no teto da carruagem.

-E o que seria Mis Valery?

-Abra e descubra.

Ele pega uma caixinha de madeira com rosas entalhadas em volta. Ao abrir se depara com um broche de lírio, que na nossa região significa pureza.

-Aaa não acredito que me comprou um presente!

-Eu não comprei nada para você, me desfiz dele.

-Para de ser carrancuda Mis Valery! Vem aqui, me dá um abraço!

Ele pula ao banco da frente e a abraça beijando seu rosto.

-Orfeu! Saia de cima de mim agora, ou vou matar você!

Para mim ela soou assustadora, porém Orfeu a abraçou mais ainda.

-Mis Valery lindinha... fofinha...

-Saia daqui insolente! -Diz ela gritando e empurrando-o pra frente. Esse que volta a se sentar no banco ao meu lado, com um sorriso de menino sapeca.

Não aguentei e comecei a rir com a situação, não sei se foi de nervoso ou se jamais pensei que essa situação ocorreria em minha frente, acabei achando graça. Tentei ao máximo segurar o riso, mas ele escapou.

-Viu! Seu marido achou engraçado.

Ela me olha com os olhos cerrados.

-Me perdoe, eu não pude me conter.

Passamos o tempo dormindo e admirando a vista, e claro, ouvindo Orfeu falar por horas.

Paramos em uma pousada na beira da estrada.

Na recepção ouvi minha senhora pedir três quartos principais.

-Ah nada disso, por que tanta castidade... já não és tão pura, casou e divide o quarto com seu marido. Dois quartos apenas senhora. -Segue a frente pegando as chaves com a senhorinha da recepção.

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