Capítulo 03 - Uma bagunça ambulante

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A pequena viagem de carro até o hotel foi horrível. Não foi à toa que Hope ignorou todas as ligações desesperadas de Geórgia, mas ela não sabia que, ao fazer isso, a atrairia a Seattle. Assim que chegaram ao quarto do hotel, Hope já estava completamente sem paciência. Geórgia andava pelo quarto como se fosse boa demais para aquele lugar, seu comportamento arrogante e desdenhoso mais evidente do que nunca. Hope nunca tinha percebido esse lado dela até os últimos meses. Agora, ela entendia por que Erin quase nunca a visitava quando Geórgia estava em casa.

Geórgia fez uma careta para uma estátua de decoração que ficava em cima da cômoda. Hope revirou os olhos, implorando mentalmente que aquilo acabasse logo e que Geórgia fosse embora. Sua mente também estava em Amélia, uma distração inesperada, mas ela não conseguia entender por que seus pensamentos a levavam até a médica.

— Por que está em Seattle, Geórgia? — Hope perguntou, a voz carregada de exasperação.

— Se atendesse minhas ligações, eu não precisaria vir — rebateu Geórgia, caminhando até a cama e sentando-se. — Você não conseguiu nem terminar comigo.

Hope sentiu uma pontada em seu coração ao encarar os olhos da mulher. O peso das palavras de Geórgia caiu sobre ela, trazendo de volta todas as emoções que ela estava tentando enterrar.

— Achei que fui clara quando te mandei fazer as malas e sair do meu apartamento — Hope retrucou, tentando manter a calma. A lembrança daquele dia ainda a assombrava; a sensação de fracasso e a luta interna para não se deixar abater.

— E precisou aceitar um trabalho desses para ficar tão longe de mim assim? Eles não vão te pagar metade do que pagariam em Nova York — disse Geórgia, com um toque de desdém disfarçado que Hope aprendeu a decifrar.

— Meu trabalho aqui não tem nada a ver com você — Hope respondeu, cruzando os braços, defensiva. Ela sabia que precisava se manter firme, mas a proximidade de Geórgia estava abalando suas defesas. — Eu não baseio minhas escolhas se perguntando “o que será que Geórgia acharia disso?”

Geórgia levantou-se da cama e caminhou lentamente até Hope, o olhar fixo nela. Havia algo naquela mulher que prendeu Hope por três anos, uma atração que ainda estava ali, sondando tudo.

— Eu não vim aqui por você, se é o que acha — disse Geórgia, com um sorriso frio. Hope a olhou confusa. — Uma família me contratou para representá-los em um processo contra seu novo hospital. Vamos nos ver mais vezes.

Hope sentiu um arrepio de frustração e raiva subir por sua espinha. A presença de Geórgia ali era sufocante, trazendo de volta memórias que ela desejava esquecer. Ela tinha que se afastar, precisava de espaço. Geórgia nunca daria para trás.

— Ah, por favor. Não fique tão surpresa. — Geórgia disse revirando os olhos. — Você sabe que eu sou uma advogada extraordinária, não aceito o fracasso. Não foi exatamente isso que chamou sua atenção?

— Geórgia, isso não muda nada entre nós. — Hope tentou se manter firme, mas a proximidade de Geórgia a deixava inquieta. — Eu quero que você vá embora, por favor.

Geórgia deu um passo à frente diminuindo ainda mais a distância entre elas. Seu olhar penetrante e a postura confiante a faziam parecer uma predadora prestes a dar o bote. Hope tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. A intensidade dos olhos de Geórgia sempre teve esse efeito sobre ela.

— Você me magoou, Hope — Geórgia murmurou, a voz baixa e carregada de dor. Havia lágrimas em seus olhos, e a expressão vulnerável fez Hope vacilar. — Você tinha meu coração nas suas mãos e brincou com ele. Você me deixou. E por quê? Porque não sabia lidar com um relacionamento.

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⏰ Última atualização: Sep 08 ⏰

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