Capítulo 4 - Can i see your teeth?

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Vai ser atualização dupla hoje e amanhã PORQUE EU QUERO CHEGAR LOGO NO ROMANCE DELAS QUE INFERNO

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Era um dia normal na revista — ou o mais normal que se poderia ter em uma redação onde "normal" é um conceito relativo. O clima estava carregado de rotina, o que, na verdade, era um alívio depois das recentes bizarrices envolvendo minha segunda assistente. Eu estava começando a achar que finalmente teria um dia sem surpresas quando ouvi uma risada alta vindo do outro lado da sala.

Olhei na direção do som e vi Emily, por algum motivo sendo uma piadista, inclinada sobre a mesa de Andrea, dizendo algo que fez a morena explodir em gargalhadas. O tipo de riso que é tão espontâneo que você quase sente inveja de não estar na piada. Quase. Mas o que realmente me chamou a atenção foi outra coisa — um detalhe que deveria ter passado despercebido, mas que, para meu azar, não passou.

Enquanto Andrea ria, sua boca se abriu amplamente, revelando um par de caninos excepcionalmente afiados. Não era exatamente um destaque, mas se tornavam chamativos quando os reparava, ainda mais para uma mulher como eu, que presta atenção nos mínimos detalhes, aquilo era uma bandeira vermelha acenando na cara. Eu pisquei, tentando focar novamente. Aquilo era real? Ou eu estava começando a imaginar coisas?

Eu me recompus rapidamente, sem deixar transparecer a surpresa, e continuei observando-a. Andrea terminou de rir e voltou ao trabalho, sem perceber que estava sendo observada com um novo nível de escrutínio.

Decidi que seria mais divertido provocar um pouco para ver como ela reagiria. Afinal, o que me custava um pouco de diversão nesse dia?

— Andrea, venha aqui. — chamei, mantendo minha voz neutra, mas com uma leve doçura que sabia que a deixava desconfortável.

Ela veio até minha mesa, ainda com um leve sorriso no rosto, mas, quando olhou para mim, vi que o sorriso vacilou. Talvez fosse apenas minha imaginação, mas ela parecia... desconfiada.

— Sim, Miranda? — Ela se aproximou, tentando parecer casual, mas notei que evitava abrir demais a boca ao falar.

Eu a observei por um segundo antes de soltar, quase casualmente:

— Estava pensando... você tem um sorriso interessante, não acha?

Ela pareceu confusa por um momento, piscando rapidamente, como se tentasse decifrar o que eu estava insinuando.

— Ah... obrigada? — respondeu, visivelmente incerta sobre onde aquela conversa iria parar.

— É raro ver alguém com... hum... características tão distintas — continuei, apontando vagamente para minha própria boca, como se comentasse sobre uma cor de batom ou algo igualmente trivial. — Me lembra um pouco... um predador. Sabe, algo meio... felino.

O pânico passou brevemente pelos olhos de Andrea antes que ela conseguisse disfarçar, mas eu o vi. Eu sempre vejo.

— Eu... ah, sempre tive esses dentes, desde pequena. — Ela tentou rir, mas parecia mais nervosa do que divertida. — Um pouco de... genética peculiar, eu acho.

— Peculiar é uma palavra interessante — comentei, mantendo meu tom leve. — Suponho que não tenha problemas ao comer... carne?

Ela piscou rapidamente, mas tentou manter o tom casual:

— Não, de jeito nenhum, Miranda. Mas eu prefiro... comidas leves, na verdade. Nada muito... cru.

— Fascinante. — Fiz uma pausa, fingindo ponderar. — Acho que seria um truque útil em um banquete medieval, não acha? Todos aqueles assados e pernas de carneiro... Aposto que seus antepassados se divertiam.

Blood HungerOnde histórias criam vida. Descubra agora