Capítulo 5 - Can you cross the river?

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Andrea parou diante da imponente porta da mansão dos Priestly, seu coração — ou o que restava dele — apertando-se com uma urgência antiga, mas familiar. Segurava o livro sob o braço, uma rotina quase tediosa para muitos, mas cada visita à casa de Miranda era carregada de uma tensão que poucos perceberiam. 

Para sua surpresa, quem abriu a porta fora uma ruiva de cabelos lindamente ondulados e rebeldes, mas com olhos azuis familiarmente inquisitivos. 

— Quem é você? — A voz da adolescente soou levemente esganiçada e Andrea sentiu vontade de rir dos efeitos que aquela fase complicada tinha no corpo dos seres humanos.

— Sou a nova segunda assistente da sua mãe. — Respondeu, um sorriso doce em seus lábios. Ela gostava de crianças petulantes como àquela. — E você é? 

A ruiva não a respondeu, ao invés disso estreitou os olhos e arqueou uma de suas sobrancelhas. Andrea a achou uma perfeita miniatura de Miranda Priestly.

— E por que está parada na minha porta como se tivesse criado raízes? — A morena novamente teve que conter sua risada, ela definitivamente era filha de El Dragon. 

—Bom, você precisa me deixar entrar. — Disse divertida, mesmo que se tom soasse mais baixo do que pretendia. 

A garota ergue uma sobrancelha, o canto da boca se contorcendo em um sorriso debochado. 

— Isso é sério? — ela provocou, cruzando os braços. — O que vai fazer, derreter na porta se eu não deixar?

Andrea deu de ombros, não havia muito que pudesse ser feito. As regras dos vampiros eram implacáveis, mesmo em tempos modernos. Então ela não tinha escolha senão ficar ali parada. 

— É só uma formalidade. — A morena respondeu por fim, mas o sorriso da pequena a sua frente apenas se alargou. 

— Eu me chamo Caroline. — Disse em um tom que denunciava seu divertimento, ela abriu a porta por completo, recuando para deixá-la passar. 

A ruiva a olhou confusa, vendo-a completamente parada na soleira da porta, com as mãos segurando o livro como se fosse o santo graal — Caroline sabia que para Runway ele certamente era —, mas nada que pudesse explicar o motivo pelo qual a segunda assistente de sua mãe permanecia imóvel.

— O que foi? — Questionou impaciente. 

Você precisa me deixar entrar. — Andrea repetiu, dessa vez mais lentamente. 

Os olhos azuis se arregalaram ligeiramente, com um brilho de fascínio correndo por eles. Ela entendeu. Como não poderia? Ela consumia aquele conteúdo com a mesma avidez de um viciado e seu produto químico favorito. Caroline reconheceria de longe aquela palidez enferma, as lentes de contato castanhas mal colocadas ocultando a verdadeira cor daqueles olhos, os caninos porcamente escondidos por detrás daqueles lábios cheios.

Caroline sorriu. Absolutamente fascinada. A garota era completamente obcecada por histórias de vampiros.

— Oh merda. — A adolescente murmurou, visivelmente animada. — Você pode entrar. — Sua voz tremulou de excitação e Andrea arqueou uma das sobrancelhas quando finalmente deu um passo para dentro da luxuosa casa. 

A morena manteve a cama, ofereceu um sorriso vago para Caroline e seguiu o caminho familiar para desempenhar suas tarefas. Ela abriu a porta do closet, deixando as roupas limpas devidamente penduradas e quando saiu se deparou com a ruiva ainda parada no mesmo local a encarando com uma avidez faminta.

— Você é muito pálida, está anêmica ou algo assim? — Comentou a jovem, de maneira casual, mas com um brilho animado nos olhos. — Você usa lentes? Você tem miopia? Eu também uso, Cassidy prefere óculos. Qual seu grau?

Blood HungerOnde histórias criam vida. Descubra agora