Capítulo 6 - Do you need a taste of my blood?

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Agora vai. 

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— Mamãe, por Deus, me escute! — Caroline pediu, pela vigésima vez somente naquela semana. — Estou te dizendo, Andrea não é o que você pensa

Miranda bufou levemente, o ar escapando por entre os lábios, como se a simples menção do nome fosse suficiente para esgotar sua paciência. Ela ajeitou a postura, caminhando lentamente até o sofá e sentando-se na beirada, sem desviar os olhos da filha. Havia um cansaço no rosto da editora que, por mais que ela tentasse disfarçar, não conseguia esconder.

— Caroline, você precisa parar com isso. Essa obsessão com Andrea... — Ela fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado. — Isso está indo longe demais. Vampiros, Caroline? Isso não é um livro de fantasia, isso é a realidade.

A ruiva revirou os olhos, claramente impaciente com o que considerava a recusa da mãe em ver o óbvio. Havia uma energia contida em seus gestos, uma frustração mal disfarçada.

— Você acha que eu estou inventando tudo, não é? — As palavras saíram com uma acidez que surpreendeu Miranda, mas a garota não recuou. — Acha que eu estou sendo... infantil? — A palavra pesou no ar, uma acusação velada que Miranda não pôde ignorar.

Miranda inclinou-se levemente para frente, os olhos azuis penetrantes, analisando cada movimento da filha. Havia uma sensação de deja-vu naquele confronto — a mesma teimosia, o mesmo orgulho que ela via todos os dias ao se olhar no espelho.

— Caroline — começou Miranda, sua voz baixa, porém autoritária. — Você é uma garota inteligente. Extremamente inteligente. Mas está se deixando levar por... fantasias. Andrea é minha assistente. Ela trabalha para mim, e embora eu possa concordar que ela é esquisita, tenho certeza que ela é um ser humano. — Sua voz ficou mais firme a cada palavra, como se estivesse tentando convencer uma criança de que papai noel não existia.

Caroline permaneceu em silêncio por um momento, os olhos brilhando de raiva, mas também de algo mais profundo — uma certeza inabalável. Quando finalmente falou, sua voz era baixa, quase um sussurro, mas cheia de convicção.

Você viu como ela agiu naquele dia no parque. — Acusou. — Ela não podia atravessar a ponte. Eu inventei que ela havia machucado o pé, mãe. Você sabe disso. E ela usa lentes, sabia? Lentes para esconder os olhos. — A ruiva se levantou, andando lentamente pela sala, como se as palavras a conduzissem. — Você nunca percebeu que ela é sempre pálida demais? Ou que nunca come? — Ela se virou para a mãe, os olhos fixos nos de Miranda, desafiando-a a negar o que, para ela, era óbvio. — Eu li sobre isso, mãe. Ela tremeu quando recitei a leitura sagrada para ela. 

Miranda fechou os olhos por um segundo, o peso das palavras de Caroline pairando no ar. Quando os abriu novamente, sua expressão havia mudado. Havia um lampejo de algo incômodo ali.

— Isso é ridículo, Caroline. — A voz dela soou mais dura do que pretendia, mas havia um nervosismo velado, como se, por um breve momento, ela estivesse considerando a hipótese absurda que a filha sugeria. — Vampiros não existem. E embora eu não possa ir contra nenhum tipo de religiosidade que venha da sua própria vontade, você está dando muita atenção para mitologia cristã que seu pai tenta enfiar na sua cabeça. 

Caroline sorriu, um sorriso irônico, mas sem alegria. Ela sabia que estava ganhando terreno, e isso a deixava ainda mais determinada.

— Você está mentindo para si mesma. — A frase foi dita com uma calma surpreendente, mas o impacto foi imediato. — Você é Miranda Priestly. Controla tudo, sabe tudo. É impossível que esteja cega dessa forma. 

Blood HungerOnde histórias criam vida. Descubra agora