Capítulo 8 - What's it called? Coraline?

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Um pequeno crossover?

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Na manhã seguinte, Miranda acordou como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Cada músculo doía, sua cabeça girava e a fome a consumia de uma forma que jamais havia experimentado. Ela mal conseguia pensar direito, tampouco lembrar da noite anterior, enquanto se arrastava até a cozinha, onde devorou o café da manhã que a governanta preparara, quase como um animal faminto.

— Você está bem? — Cassidy, com seus olhos curiosos e um toque de preocupação, foi quem quebrou o silêncio. Felizmente, era ela e não a outra filha, que sempre assumia o papel de inquisidora implacável.

— Um pouco tonta e com fome — murmurou Miranda, a voz arrastada, enquanto tomava mais um gole de café. — E você, sweetheart? Por que já está acordada?

— São 8h, mommy. Temos que ir para a escola.

A surpresa atravessou o olhar cansado de Miranda. Perder o horário? Não fazia isso há anos. A rainha do controle, desorganizada a esse ponto? Algo estava errado, mas sua mente parecia lenta demais para buscar respostas naquele momento.

Ainda assim, resolveu aproveitar a oportunidade rara. Tomou café com as filhas, algo que não fazia há muito tempo, e as deixou no colégio pessoalmente, como se aquela manhã fosse uma chance de resgatar algo perdido.

— Vamos demorar hoje, pode liberar Roy — murmurou Cassidy, enquanto se despedia. — Eu tenho treino, e Caroline tem grupo de estudos.

— Está bem, querida — respondeu Miranda com uma doçura rara, plantando um beijo no topo da cabeça de cada uma antes de vê-las partir.

Ao chegar à revista, os olhares surpresos dos funcionários a seguiram como uma sombra. Era a primeira vez que Miranda Priestly, sempre pontual e implacável, chegava tão visivelmente atrasada. No entanto, ninguém ousou comentar. O silêncio reverente era quase palpável.

— Bom dia, Miranda — a voz soou, firme e estranhamente vívida. Miranda ergueu uma sobrancelha, intrigada. O tom era inusitado, como se carregasse algo a mais. E então, seus olhos se fixaram na figura que a saudava.

Andrea. A visão quase a fez parar. Havia algo perturbadoramente transformado na jovem assistente. A editora a estudou com uma intensidade afiada, mas não pôde ignorar o que via: Andrea parecia transbordar energia. Os cabelos dela, sempre um pouco despenteados, agora brilhavam com um vigor invejável. Os olhos — vivos, intensos, como se queimassem por dentro. O sorriso era quase indecente de tão deslumbrante, e a confiança em seus gestos tinha um quê de perigoso, algo que Miranda jamais havia testemunhado antes.

Era como se o sangue que Miranda lhe dera houvesse feito mais do que simplesmente alimentá-la. Havia transformado Andrea em algo irresistível. Um ímã de desejo, poder e mistério. Miranda sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

[...]

Caroline sempre fora uma criança de mente inquieta e coração curioso, uma menina que buscava explicações para tudo o que a cercava, mas que também não se furtava em mergulhar nas águas do inexplicável. Enquanto sua irmã mais velha, Cassidy, se dedicava inteiramente ao esporte, se destacando na quadra de vôlei com a mesma intensidade com que dominava as conversas sobre garotos e festas, Caroline se sentia deslocada naquele universo de suor e popularidade. Preferia passar suas tardes entre as estantes de uma biblioteca ou diante da tela de um computador, onde o mundo lhe parecia vasto e cheio de possibilidades que iam além das paredes da escola e dos limites da pequena cidade onde viviam.

Blood HungerOnde histórias criam vida. Descubra agora