S/N
A festa que o Pedro vai dar é hoje.
Confesso que, não sei se foi pelo quanto Larissa falou na minha cabeça, ou se só por uma vontade de espairecer, estou doida para que essa festa comece o quanto antes.
Acho que o fato de eu estar com 18 anos e beirando o fim da minha adolescência, quero viver cada momento da minha juventude como se fosse o último.
A semana foi tranquila. Leo se mostrou um ótimo amigo, tanto para mim, quanto para Larissa. Ele, além de mim, é uma das poucas pessoas que entende e tem paciência ao ouvir ela falar do Matheus e de como se sente em relação a ele.
Eu acho muito fofo.
Eu e Leo, especificamente, ficamos mais próximos ainda nessa uma semana que se passou. Ele é um melhor amigo excepcional, e, agora, acho que eu estava enxergando ele ainda mais como um amigo, nada mais.
Ao menos, era o que eu achava. E estava torcendo para não ser traída pelo meu achismo.
E eu acreditava que ele me enxergava da mesma forma, o que era bom. Estava precisando de mais amigos como a Larissa para sobreviver naquele colégio.
Estava lendo em mais uma aula, dessa vez, de física.
Meu lema se baseia em: se eu não vou entender o que é falado em sala, eu vou ler um livro. Assim não atrapalho ninguém e ainda fico quieta para ajudar o professor.
Antes entender um lindo romance do que não entender nada.
Hoje Leo faltou, e, mesmo que Larissa estivesse comigo, o dia não era o mesmo. Faltava algo ali.
Faltava Leo ali.
Nessa semana conseguimos um meio de contato com o Leo, já que ele tinha celular.
Criei um grupo no Whatsapp comigo, Larissa e Leo. Costumávamos trabalhar com mensagens de áudio para facilitar o trabalho do Leo, e era bem divertido. Especialmente quando Larissa chegava com alguma fofoca e respondíamos por áudio. Era perceptível a reação mais honesta de cada um de nós.
Assim que terminei de arrumar minha mochila fui para o carro, deixei Larissa em casa e mandei uma mensagem de áudio para Leo, perguntando se podia passar na casa dele para vê-lo.
É isso que amigos fazem quando o outro falta sem avisar, né?
Dirigi de maneira ligeiramente acelerada até a casa de Leo, que ainda me lembrava onde se encontrava.
Toquei a campainha ao fechar o carro na chave, sendo surpreendida por uma moça, muito parecida com Leo, por sinal.
Deduzir ser a mãe.
— Oi, boa tarde! — ela disse, com um sorriso no rosto. — Você que é a S/N, amiga do Leo? Ele me avisou que viria. Pode entrar.
Pude ver de quem ele herdou a simpatia.
— Boa tarde. — devolvo o sorriso simpático. — Sou eu, sim. Muito prazer. — estico minha mão, que é apertada pela mãe do mesmo logo em seguida.
— Meu nome é Maria. — ela completou, ao ver que eu ainda não sabia. — O Leo está logo aqui na sala. Você já almoçou? — ela pergunta, visivelmente preocupada.
Coisas de mãe.
— Ah, ainda não, mas não estou com fome, mesmo, obrigada. — agradeço, entrando junto a ela na casa, encontrando Leo no sofá.
— Ei, por que você faltou hoje? — dou um tapinha em seu braço, me sentando ao seu lado no sofá. Ele ri.
— Perdi o horário, e a tive dor de cabeça essa noite, mas já estou bem. — responde calmo.
— Hm, menos mal. — alivio, após ouvir sua explicação. — Vai na festa do Pedro hoje? Só vou se você for. — falo rindo.
— Ah, nem sei... — ele pondera. — Mas, como você vai se eu for, então eu vou. Assim sei que terei você como companhia de qualquer forma. — ele sorri.
— Bem, então iremos. — concluo. — Como eu sou mulher, você sabe, eu não vou me arrumar rápido. Então tenho que ir.
— É verdade. — ouço a mãe dele da cozinha. — Mas você é muito bonita, viu? Tenho certeza que não precisa de muito. — ela fala de forma gentil, e eu lhe entrego um sorriso.
— Posso passar aqui na ida para irmos juntos? Vou com o meu carro mesmo. — ele assente, e eu me despeço de ambos, saindo em seguida.
— Mãe? Pai? — chamo, ao entrar em casa.
Sem resposta.
— Devem ter saído. — murmuro, indo até meu quarto deixar a mochila para tomar um banho.
Acendo o celular e ligo para Larissa.
— Vou tomar meu banho agora. Fica conversando comigo? — peço, e a mesma assente, dizendo que tomaria seu banho também.
— Vai com que roupa? — ela pergunta.
— Ainda não sei, e você?
— Vestidinho, boba. — ela dá uma risada sapeca, e eu acabo rindo junto.
— É, acho que vou também. Mais fácil do que ficar combinando roupa. Curto ou longo?
— Você eu não sei, mas o meu vai ser bem curto. — ela faz uma dancinha comemorativa ao soltar essa frase.
— Vou ver qual eu uso hoje. — rio, passando a máscara de hidratação no cabelo.
— É hoje que você vai ficar com o Leo, né?
— An? Pirou? — pergunto, sem entender.
— Ah, vocês estão mais próximos, então eu deduzi que você tava curtindo ele, já que não paramos pra conversar sobre isso. — ela fala com tranquilidade.
— Não. Somos só amigos. Ótimos amigos. — explico.
— Ah, bem...
— Já você e o Matheus... — rio, vendo ela corar.
— Tsc! Besta. — ela revira os olhos. — Esse menino também não percebe nada. Eu não dou sinais? — ela pergunta enquanto enxágua o cabelo.
— Bem, para mim, que ouço você falar dele todo dia, você dá, e muitos. — rio. — Mas, para ele... Sabe como são os homens, especialmente o Matheus. — me refiro ao jeito desligado dele.
— Tem razão. Vou ver se a bebida me encoraja a dizer algo. — ela ri, e eu reviro os olhos.
— Falando nisso, eu vou de carro. Provavelmente não vou beber. Vai ter que arrumar alguém pra te acompanhar. — rio. — Vou dar uma carona para Leo, você também quer?
— Pode ser. — ela responde. — Será que o Leo bebe?
— Pode perguntar a ele quando estivemos indo para festa. — rio.
Ficamos mais alguns minutos conversando até finalizarmos o banho.
Como sempre, Larissa não deixou essa ligação passar batido e me contou mais umas vinte fofocas diferentes que ela descobriu só de ontem para hoje.
Eu confesso que isso me diverte.
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Por Trás do Toque
FanfictionQuando Leonam, um garoto cego, se junta à turma de ensino médio de S/N, ele rapidamente se destaca por sua simpatia e charme. S/N, fascinada por sua beleza e pela forma como ele encara a vida, decide ser sua amiga e ajudá-lo a se adaptar ao novo amb...