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Leo

— Pai? — chamo, ao terminar de passar o perfume.

— Fala, filhão! Já estou indo! — ele avisa, e eu espero até que ele abra a porta.

— Desculpa aí, estava arrumando umas coisas no carro e...

— Pai? — chamo. — Está ruim?

— Que isso, filho? Você 'tá impecável, moleque.  — ele ri. — Eu gostei desse all black. — rio ao ouvir. — Vai 'pra onde? — ele pergunta.

— Uma festa de início do ano que um menino lá da sala vai dar.

— Maneiro. Fez amizades rápido. — ele ri, orgulhoso. — Já tem como ir ou quer que eu te leve?

— Vou com uma amiga, relaxa. Devo voltar com ela também. — explico.

— Amiga? — meu pai muda o tom de voz e eu sou obrigado a rir.

— Isso, SÓ amiga. — rio, enfatizando o "só".

Ouvimos uma buzina do lado de fora da casa.

— Bom, deve ser sua amiga. — ele avisa, e olha pela janela. — É uma menina, deve ser ela mesma. Vem, te ajudo a descer. — meu pai estende o braço, e eu o agarro.

Ouço minha mãe abrir a porta da sala, sussurrando o quanto estou bonito nessa roupa.

— Oi, querida. — minha mãe fala com S/N. — Você esta linda. Uma princesa.

Ouço S/N sorrir. Aquela risada gostosa que ela dá sempre que fica sem graça e/ou feliz com alguma coisa.

— Agradeço. — ela responde. — Gostei do all black, Leo. — ela fala, e meu pai dá um tapinha em meu ombro direito, provavelmente lembrando da sua fala exatamente igual há minutos atrás.

— Valeu. — sorrio, indo até a porta para dar um abraço em S/N.

Aquele cheiro.

Era o mesmo cheiro de todos os dias, mas hoje, parecia diferente. Eu definitivamente não podia ver ela, mas sabia que ela estava exatamente como minha mãe descreveu. Eu podia sentir.

Uma roupa com tecido fino, leve. O cabelo parecia mais macio e alinhado. Ela usava um cordão maior e mais anéis e pulseiras que o habitual.

Apoio a mão em seu antebraço, e ela me guia até o carro, após nos despedirmos dos meus pais.

— Ainda vamos buscar a Larissa, tudo bem para você? — ela pergunta, encaixando o cinto.

— Sim, claro. — sorrio

— Seus olhos são lindos. — ela confessa, me pegando de surpresa.

Eu não costumava receber esse tipo de elogio, mesmo que eu soubesse que eles eram azuis.

— Valeu.

Sorri novamente.

Ela colocou alguma playlist das muitas que ela tinha. Alguma com músicas bem animadas. Provavelmente para entrar no clima de festa.

S/N me avisou que chegamos na casa de Larissa e parou o carro, esperando a mesma sair da casa.

S/N abaixou o vidro, e Larissa deu um gritinho comemorativo, cumprimentando nós rapidamente e entrando no carro.

— Boa noite, princesa. — S/N brinca com Larissa.

— Boa noite. — Larissa fala com o que parecia ser um enorme sorriso no rosto, e uma voz eufórica.

— Boa noite. — respondo rindo.

— 'Tá com o endereço aí? — S/N pergunta à Larissa.

— Aham. — ouço os sons de seu celular, no que parecia ser o gps recapitulando a rota, e falando onde S/N deveria entrar para fazer um retorno.

— É perto daqui. — Larissa pontuou.

— Isso é bom. Especialmente na hora de voltar. — S/N diz.

— Aliás, já ia me esquecendo. Você bebe, Leo? — Larissa me perguntou.

— Eu não tenho esse costume, só bebi algumas vezes com meus pais. — expliquei.

— Você beberia comigo hoje? Já que S/N vai nos deixar na mão. — ela fala, fingindo tristeza, e S/N ri.

— Quem sabe um copo. — sorrio simpático ao responder, e Larissa comemora.

— Mais na frente. — ela explica para S/N.

Ela estaciona o carro em uma vaga próxima e voltamos uns metros andando.

S/N

Caminho com Leo ao meu lado, segurando em meu antebraço, enquanto Larissa vai a nossa frente, nos guiando.

Observo um portão aberto, que fazia parte de um muro bem grande.

Ao longe, ouço a batida nostálgica de "Rather be" e automaticamente uma chavinha é virada em minha cabeça.

Preciso. Viver.

— Ai, 'tô animada. — revelo à Larissa.

— Sabia que você iria ficar. — ela sorri convincente, e Leo a acompanha.

Ela apressa os passos, e tentamos acompanhar. Ela fala nossos respectivos nomes na porta, onde havia um segurança com uma lista virtual.

— Certinho. Aqui estão as pulseiras. — ele nos entrega, desejando uma boa festa.

— Eu coloco 'pra você. — aviso a Leo, após perder Larissa de vista em sua animação, que a levou diretamente para o centro da festa, deixando nós dois ali.

Dou uma risada nasalada.

Pego a pulseira de Leo após colocar a minha. Solto o pequeno papel da ponta e a circulo em seu pulso, tomando cuidado para não colar nenhum pelinho, ou isso doeria bastante depois.

Entrelaço minhas mãos involuntariamente nas de Leo, e sigo andando com ele devagar.

— Sabe, acertaram na playlist. — comento, olhando para Leo, e percebo o que acabei de fazer. — Ah, desculpa. Foi inconsciente. — peço, colocando a mão do mesmo em meu braço. Do jeito que estava antes.

— Não tem problema algum. — ele sorri, entrelaçando novamente nossas mãos. — É até melhor de ser guiado assim. — ele confessa. — Eu gosto dessa música, também.

Sorrio ao ver como Leo agiu, voltando a caminhar com ele para dentro da festa, procurando Larissa com os olhos.

— É, ela sumiu. — rio.

— Aposto que foi procurar o Matheus. — Leo ri.

— Não duvido. — respondo, rindo também. — Ou foi beber.

— Ou os dois. — rimos de novo.

— Ei, 'tá com fome ou sede? — pergunto a Leo.

— Não. — ele responde. — 'Tô de boa, e você?

— Também. — respondo, pegando apenas um copo para usar depois. — Vamos sentar um pouco então? — peço. — Vou tentar achar a Larissa pelo celular, já que no modo convencional eu não consegui. — rio.

— Como? — Leo pergunta, confuso.

— Ela tem uma espécie de rastreador em seu celular. E eu também. Fizemos isso tem um tempo, para casos de possível perigo de ambas. Mas normalmente usamos para encher o saco uma da outra. — rio, e Leo também.

— Justo. — ele responde.

— Já achei. Ela 'tá lá dentro. Deve ser um banheiro ou algum lugar assim. Vou marcar um tempo e se ela não sair vamos lá procurar ela, pode ser? — peço, e Leo concorda.

Por Trás do Toque Onde histórias criam vida. Descubra agora