Capítulo 10 - Me escolha

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— É mesmo impressionante, como você não tenha mandado aquele desgraçado para a casa do caralho! Como deixou que ele falasse desse jeito com você?

Já era quase duas horas da tarde. Hoseok e eu estávamos tomando sol sentados na beirada da piscina.

— Ele disse que foi apenas isso que eu signifiquei. Apenas uma trepada. - Fiquei com vontade de conversar, de não em senti sozinho num final de semana acalorado.

Eu queria pegar uma sessão no cinema hoje a noite, mas desisti, quase na compra do ingresso online, achei melhor ligar para Hoseok.

— Isso é uma coisa tão horrível de se dizer. Eu teria dado uma bofetada na cara dele! - disse ele, usando seu linguajar corajoso e sem nenhum cuidado.

Tenho mania de me defender mais do que o normal e ficar nervoso quando eu era o inocente, justamente.

— Não iria mudar muito, já que ele não quer mais me ver.

Caralho! Eu tenho que cagar para isso? Esquecê-lo de vez?

Então o Hoseok revirou os olhos e continuou raspando a colher no restante do sorvete de chocolate pela taça transparente vermelha. Ah, Hoseok era desse jeito. Molhando os pés, reclamando do calção apertado e pesado. Hoseok adorava minha casa, meu amigo bicha. Diga bicha com carinho, é claro, por que sei como ele ficaria chateado se fosse de outra maneira. Tinha sua teoria de que: “Você pode ser gay até um certo ponto, se conseguir se controlar na frente de seus amigos, parentes e na frente do pastor.”

Ele havia tocado minha campanhia depois que meus pais saíram para levar minha irmã para o dentista. Murmurando um “Cadê o controle da TV?”, instalando-se no meio da sala com sua bolsa, toalha e uma sacola com um pote de sorvete de seu sabor preferido. Dei uma olhada, e não precisava ser muito inteligente para perceber como seria a nossa tarde. Ele havia sentido a tentação de me mostrar sua revista de porno que comprara e guardava com tanto carinho e respeito para os dias mais difíceis, mas se conteve, porque não era sobre isso que queria conversar. Merda. Conversar.

Eu morava próximo à faculdade, e a piscina ficava no local mais centralizado, e com isso a qualquer momento poderíamos ser vistos por alguns de nossos colegas. Depois perguntariam para mim quem era a “garota” que estava tomando sol comigo e por que não a levava até nosso grupo de estudos para apresentá-la a todo mundo. Não sei se Hoseok ainda possui a peruca de sua avó consigo. Só para sacanear aqueles caras mesmo.

— Sabe… quando meu último ficante me deixou, eu não saí por aí sentindo dó de mim. Eu peguei minha moto, sai de casa e dormi com meu primo de segundo grau. - Hoseok lambeu a pontinha da colher com um pouco de sorvete.

Sua confissão me pareceu suspeita, então pergunto a ele:

— Quando foi isso? Semana passada?

Se Hoseok realmente conhecesse todas as bichas com posições sociais tão elevadas... Estou falando dos homens poderosos, não do seu tio vereador que aparece de vez em nunca, dizendo que possui futuro na política. Tão falso e inibido, que sua cara de uva-passa nem disfarçava suas verdadeiras intenções.

— Falando assim faz parecer que sou um pervertido. Foi no verão passado, passei um tempo na casa dos meus tios e aconteceu. Deveria ter visto como o cara ficou vermelho de ciúmes quando soube. Acho que você também deveria fazer o mesmo. Mostre ao Kim. Continue frequentando Babylon, escolha um cara bonito e mais gostoso que ele. Você não é de se jogar fora, sabia?

Hoseok foi criado pelos tios, por que sua mãe não tinha um centavo, até que um dia agarrou suas malas e partiu em um carro, indo embora junto com um advogado doze anos mais velho que si, abandonando o único filho. “Dever está vivendo uma vida boa, e cheia de aventura. Então, que ela aproveite enquanto pode. Por que não última vez que vi uma foto sua, tinha mais rugas na cara do que aneis nos dedos. Mas ainda estou esperando uma camisa nova e um ipod novo que me prometeu. Posso emprestar para você, temos o mesmo tamanho, mais ou menos. Não sinto nenhum ressentimento por ela. Não tive tempo de conhecê-la a esse ponto.” Lembro-me dessas palavras ditas por ele quando tocamos no assunto. Nunca soube de alguém que Hoseok tenha odiado, nem sua própria mãe. Ele continuava sendo o próprio a se odiar.

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