Prólogo

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Recomendação de música: Rise up - Andra Day.

Boa leitura!

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Wooyoung simplesmente não era compatível com o amor. Tinha o fiel pensamento de que, em sua vida passada, havia cometido uma atrocidade tão grande que ficara espiritualmente endividado, e agora os deuses queriam puni-lo.

Já havia tentado de tudo: aplicativos de namoro, promessas, simpatias e até implorou para uma cigana lhe ler as cartas. Nada funcionava.

Para piorar, quando finalmente encontrava alguém, algo saía do controle e Wooyoung surtava, literalmente, como uma criança birrenta.

Percebeu que amar não fazia parte do seu destino quando estava prestes a se casar e sua ex-noiva o deixou com a maior desculpa esfarrapada do mundo: "O problema sou eu, não você." Clássico.

Desde aquele dia, Wooyoung nunca mais quis se envolver em relacionamento algum, pois, quando pensou em se firmar com alguém, as coisas deram errado outra vez. Ele estava cansado.

Com esses pensamentos, firmava os joelhos na areia fofa da praia, decidindo entregar toda a sua dor ao mar.

Seus olhos estavam umedecidos, e o peito apertava de forma descomunal.

Mas não entenda errado todo o sofrimento de Jung. Ele tinha tudo: dinheiro, uma boa casa, bons amigos e finalmente conseguiu realizar seu sonho de viajar para fora do país. Mas tudo isso, sem alguém para compartilhar.

Sem alguém para ouvi-lo falar sobre como foi o seu dia, para abraçá-lo quando acordava no meio da noite assustado, para olhá-lo nos olhos pela manhã e rir de sua cara emburrada e do bico crescente nos lábios. Coisas bobas que mudavam o dia a dia, que davam ânimo para voltar para casa, pois sabia que, mesmo que o dia fosse um dos piores, alguém estaria lá o esperando de braços abertos para acolhê-lo.

E ele realmente não tinha isso. Começava a se culpar pelos eventos que aconteciam em sua vida, a se martirizar, achando que não merecia tudo o que conquistou.

Era por isso que a areia pinicava seus joelhos naquele momento, que as mãos suavam em abundância pelo nervosismo, e agora as lágrimas grossas escorriam pelo rosto, deixando um rastro úmido que o vento, com um sopro gelado, capturava.

Ele espalmou ambas as mãos na areia, agarrando-a inutilmente, e pôs-se a chorar. Precisava daquilo.

Os soluços não demoraram a aparecer, evidenciando ainda mais o quanto doía passar por tudo aquilo. Sendo algo bobo ou não, eram os sentimentos de Wooyoung.

Não se importou com o tempo que ficou ali, talvez tempo o suficiente para sentir sua nuca arder pelo sol quente e a boca secar, deveria estar desidratado.

Quando julgou ter chorado o suficiente e finalmente se acalmado, sentou-se sobre os calcanhares e observou o mar bonito à sua frente. A água nova que vinha, a água velha que ia.

Colocou as mãos sobre as coxas, sem se importar em sujar o short que usava, fechou os olhos e respirou fundo, inalando toda aquela maresia gostosa, tentando organizar seus pensamentos antes de se levantar e ir embora.

E quando abriu os olhos novamente, dando uma última olhada na água, notou que alguém saía do mar. Os cabelos loiros, completamente molhados, eram jogados para trás graciosamente; os olhos fechados e a boca entreaberta, provavelmente buscando ar.

Wooyoung teria o achado atraente, se não fosse uma cena tão ridícula a ponto de fazê-lo rir. Parecia até um daqueles episódios de "De Férias com o Ex", de tão micosa que foi a saída triunfal do loiro da água.

Riu alto, como se estivesse vendo o melhor meme da sua vida. Nem se importou com a garganta seca; aquilo estava engraçado demais para se preocupar com qualquer coisa, até mesmo com sua crise de choro anterior.

Apoiou uma das mãos na barriga enquanto a outra se cravava na areia, curvando-se à medida que tentava recuperar o fôlego.

Comprimiu os lábios, tentando segurar a risada que insistia em vir.

Precisou fechar os olhos com força quando o dono daquela cena horrorosa parou à sua frente, com as mãos na cintura e a sobrancelha arqueada.

Wooyoung sentiu um misto de graça e medo. Ainda queria rir, mas aquele homem gigante à sua frente provavelmente o bateria se ousasse soltar mais um "piu", então calou-se e abriu os olhos quando o outro pigarreou.

— O que é tão engraçado? — Wooyoung quase se engasgou. A voz era grave e bonita, mas o assustava.

Porém, ele não podia perder aquela oportunidade.

— Você. — E quando achou que seu riso finalmente o havia deixado em paz, bastou olhar a confusão do loiro para explodir novamente em gargalhadas. — Puta que pariu, eu vou morrer!

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Maré Mar | WooSanOnde histórias criam vida. Descubra agora