Tudo o Que Eu Realmente Queria

Começar de novo

Hope andou de um lado para o outro consertando tudo, caso a noite corresse como o esperado. Ela se sentou no pequeno sofá onde estava dormindo. Era mais fácil para ela dormir lá do que em sua própria cama, que sempre parecia vazia.

"Você consegue, Hope", ela tentou se animar "além disso, é tarde demais para você se arrepender disso"

Ela também não dormia mais do que algumas horas por noite desde o dia em que Argos a trouxera de volta, mas sabia que essa não era a causa da exaustão familiar que a dominava. Eram as memórias de sua vida anterior que vinham com mais força em seus sonhos. Às vezes, ela pensava que tentar esquecer era sua única esperança de fugir das memórias que a assombravam. Outras vezes, especialmente à noite, ela pensava em procurar uma maneira de retornar à sua vida anterior, embora ela só existisse em sua mente, era o que ela desejava.

"Ele não escolheu morrer, Josie, e o que você sabe sobre decisões quando deixa Lizzie tomar todas elas por você"

"Eu não queria dizer isso"

"Ok, Hope, eu sei exatamente o que você queria dizer e você está certa, é melhor eu ir".

Ela desejou poder se livrar da lembrança de Josie se afastando dela, seus olhos vermelhos quase em lágrimas, e essa lembrança a assombrava tanto quanto as outras, porque era a última que elas compartilhavam. Ela não conseguia suportar o pensamento de que a havia machucado com seu descuido.

Ela ouve uma batida na porta. Ela chegou na hora, ela pensou com uma sombra de sorriso. Algumas coisas nunca mudam, não importa em que universo fosse. O sorriso desapareceu quando ela se lembrou de como as coisas eram diferentes de como ela queria. Ela parou e foi abrir.

Josie ficou na frente da porta com um olhar desafiador nos olhos.

"Oi, Hope. Estou aqui, você pode parar de me enviar bilhetes ou mensagens de texto agora", ela disse secamente.

Bem, ela ainda está com raiva.

"Bem, eu pensei que você não falaria comigo a menos que eu lhe desse uma razão", confessou Hope.

Hope se afastou para deixá-la passar, Josie entrou com os braços cruzados defensivamente.

"O que era tão importante que depois de me ignorar, você decidiu me ligar?"

Para qualquer outra pessoa, a morena poderia ter parecido simplesmente irritada, aquele temperamento que ela mantinha escondido do mundo, mas agora começando pelo fato de que a tríbrida havia inundado seu telefone e quarto com ligações e bilhetes até que ela atendesse, mas Hope não era ninguém. Ela era a mulher que a amava, que sabia tudo sobre ela, até a maneira como seus ombros ficam tensos quando algo a incomoda e ela não quer que ninguém saiba. Exatamente o quão tensos eles estão agora.

Foi preciso tudo o que ela tinha para evitar puxá-la para perto e segurá-la até que toda a dor que ambas estavam sentindo desaparecesse. Ela tenta pensar como ela teria se desculpado antes, mas parecia que uma vida inteira havia se passado desde então. E parada ali com o cheiro familiar de seu perfume lembrando-a do que havia perdido, ela sabia que não podia simplesmente voltar para aquele momento quando elas trocavam conversas inúteis, fingindo não ver como cada uma se sentia sob a superfície.

Esperando não assustá-la, a tríbrida deu um passo à frente.

"Sinto muito por ter machucado você, Josie. Eu estava com raiva e descontei na única pessoa que tentou me ajudar, eu não quis dizer o que disse", disse Hope sinceramente.

Josie olhou nos olhos azuis de Hope e sentiu a tensão deixar seus ombros. Ela nunca admitiria, mas odiava brigar com a tríbrida.

"Ok, Hope. Eu entendo que você estava em um momento difícil".