Em uma emocionante reinterpretação da trilogia "O Senhor dos Anéis", conheça Elowen, uma jovem humana criada em Mirkwood sob a proteção do rei Thranduil e ao lado de seu filho, o príncipe Legolas. Nascida de uma linhagem antiga que servia a Sauron...
"As lágrimas são a expressão da dor que não pode ser colocada em palavras." — John R. R. Tolkien. _______________________________________
ELOWEN desceu a encosta suave, os pés leves como os de uma sombra. O ar noturno, gélido e cortante, pareceu penetrar sua pele, mas não acalmou a fúria que a consumia. Adiante, avistou um pequeno bosque, e para lá se dirigiu, seus passos rápidos e determinados. As árvores, antigas e silenciosas, a rodearam, como testemunhas de uma batalha que se desenrolava dentro dela.
Segurando a adaga com firmeza, Elowen sentiu o desejo fervilhante de lançar a lâmina contra um tronco mais próximo, como se o ato pudesse, de alguma forma, dissipar o caos que se agitava em sua alma. O movimento começou com determinação, mas, ao erguer o braço, algo profundo dentro dela se quebrou, uma represa de emoções que ela não podia mais conter.
As árvores, que a tinham visto crescer e florescer entre seus galhos, estavam ali desde antes que ela soubesse quem era. E, por um momento, as palavras de Legolas ecoaram suavemente em sua mente:
"As árvores têm sentimentos, Elowen. Fomos nós, os elfos, que primeiro as despertamos para o mundo, ensinando-as a falar. Acordando-as para a vida. Elas são suas amigas, Elowen, e jamais desejariam lhe causar dor."
A lembrança da voz serena de Legolas, tão harmoniosa quanto o vento nos galhos das árvores, encheu seu coração com uma melancolia inesperada. Ela parou, a adaga ainda suspensa no ar. Como poderia ferir algo que, no fundo, a acolhia? As árvores, tão caladas, estavam vivas de uma forma que ela não podia ignorar. Elas não eram inimigas, nem alvos de sua fúria. Eram suas guardiãs, testemunhas da sua vida e do seu sofrimento.
Elowen caiu de joelhos, sentindo o impacto gelado do solo sob seu corpo. O choro começou em um sussurro silencioso, mas logo os soluços romperam a quietude da noite, ecoando como lamentos perdidos. Suas mãos se enterraram na terra, apertando-a com fervor, como se buscasse ali uma âncora que a ajudasse a conter o caos que a consumia.
O choro tornou-se incontrolável, irresistível; as lágrimas embaçavam sua visão, escorrendo pelo rosto e caindo sobre seus dedos sujos de terra. Durante muito tempo, ela lutou para negar sua verdadeira essência, mas naquele instante, a batalha havia se esgotado, e o peso de sua realidade finalmente a atingiu.
Sauron finalmente estava triunfando, como sempre fora esperado, em uma vitória que parecia imutável e predestinada.
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Nas profundezas de Mirkwood, o rei Thranduil caminhava sob as copas espessas que obscureciam a luz da lua. O perigo ali era constante, pois as criaturas sombrias de Dol Guldur espreitavam. Contudo, algo mais perturbador o guiava naquela noite, uma inquietação que não conseguia ignorar. Havia uma estranha tensão no ar, como se a própria floresta estivesse tentando comunicar algo que ele não compreendia de imediato.
