parte I - capítulo VI

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verdades nas sombras

Nathan e Richie voltavam pelo mesmo caminho que haviam feito antes, entrando furtivamente no bosque. O silêncio da floresta parecia ainda mais pesado agora, com o frio e o céu nublado pressionando-os. Richie estava exausto, e Nathan, embora mais controlado, não conseguia esconder o cansaço mental que sentia. As vozes dos policiais ainda ecoavam à distância, mas já não eram mais um problema imediato.

Após cruzarem a linha de árvores, eles se depararam novamente com a parede da escola. Nathan se aproximou de uma das janelas dos vestiários, um basculante quase esquecido, e a empurrou com facilidade.

— Vamos, entra — ele sussurrou, ajudando Richie a subir pela abertura estreita. Richie se arrastou para dentro, a respiração pesada e nervosa.

Nathan logo o seguiu, caindo com leveza no chão de azulejos gelados. O cheiro abafado de desinfetante e mofo enchia o ar. O ambiente era escuro, exceto pelas fracas luzes de emergência que davam um tom fantasmagórico aos corredores do vestiário. O som de passos ecoando parecia amplificado, o que fez Richie parar abruptamente.

— A gente precisa sair rápido — sussurrou Richie, tentando soar confiante, mas seus olhos inquietos revelavam o contrário.

— Relaxa — Nathan disse em voz baixa, embora a tensão em seus ombros fosse evidente. — O difícil já passou. Vamos só seguir pelo corredor e voltar ao carro.

Eles avançaram com cuidado, movendo-se pelas sombras enquanto passavam pelas portas de armários e paredes descascadas. O barulho de água pingando de algum cano ao longe ecoava pelos corredores, criando uma atmosfera de suspense. Estavam quase saindo quando uma figura surgiu de repente à frente deles, no fim do corredor.

— Nate? — Graham chamou, sua voz surpreendentemente alta no silêncio opressivo da escola.

O coração de Nathan pulou uma batida. Richie congelou ao seu lado, o corpo inteiro ficando tenso. Ambos pegos de surpresa, a saída tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.

Nathan forçou um sorriso rápido, tentando controlar o pânico que ameaçava aparecer em sua voz.

— Graham! — disse ele, tentando soar casual. — O que você faz aqui?

Graham parecia ligeiramente surpreso, mas logo um sorriso curioso se formou em seu rosto. Ele desviou o olhar para Richie, que parecia um cervo sob os faróis de um carro.

— Eu só vim buscar umas coisas que esqueci na enfermaria — respondeu Graham, os olhos agora fixos em Richie. — E... quem é ele? Esse é o meu primo, o garoto do orfanato na Alemanha, não é? — Ele lançou um olhar desconfiado para Nathan. — Qual é mesmo seu nome, primo?

O desconforto era palpável no ar. Nathan sabia que havia sido pego na mentira, não tinha muito o que fazer.

— Como você...?

— Eu falei com sua tia Brie hoje mais cedo — explicou Graham, cruzando os braços. — Ela me disse que ficou surpresa de eu ter encontrado um familiar assim, do nada.

Nathan sentiu o rosto esquentar. A mentira parecia estar desmoronando mais rápido do que ele esperava.

— E o que você disse pra ela? — perguntou Nathan, tentando manter a compostura, enquanto Richie permanecia imóvel, observando a troca de olhares entre os dois.

Graham soltou um pequeno suspiro, como se estivesse analisando a situação.

— Eu disse que estava procurando por ele há muito tempo e que finalmente o encontrei — disse Graham, sua voz calma, mas seus olhos ainda avaliavam Richie com cuidado. — Mas você me deve uma boa explicação se quiser que eu continue com essa história.

Amor, Facas e LobisomensOnde histórias criam vida. Descubra agora