parte I - capítulo VII

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o eco do silêncio

Nathan caminhava com passos firmes e calculados pela trilha da floresta. As árvores, altas e imponentes, formavam um corredor natural que se estendia à sua frente, com galhos retorcidos e cobertos de musgo. A luz do dia atravessava as folhas, criando manchas douradas no chão, e o ar ainda tinha um toque fresco de manhã. O som de suas botas esmagando as folhas secas era o único ruído além do leve farfalhar das árvores ao redor.

Embora estivesse claro, a sensação de isolamento era forte. As árvores pareciam formar uma barreira contra o mundo exterior, e a trilha que ele seguia parecia longínqua, como se o afastasse da civilização a cada passo. Nathan andava com determinação, a expressão séria, seu olhar fixo à frente, mas sua mente estava a mil.

O rapaz retirou o telefone do bolso da jaqueta, seus dedos rápidos discando o número já decorado. Ele levou o aparelho ao ouvido enquanto avançava pela floresta silenciosa.

— Sou eu — disse ele assim que o outro lado atendeu, a voz firme, carregada de autoridade.

Do outro lado, alguém respondeu com hesitação. Nathan parou brevemente, franzindo a testa enquanto ouvia, seu olhar vagando pelos troncos altos ao redor, como se esperasse que algo estivesse espreitando. A floresta parecia ainda mais silenciosa agora, exceto pelo som distante de um pássaro ou dois.

— Um corpo vai chegar aí em breve... — ele continuou, o tom firme, mas sem pressa. — Isso, se já não tiver chegado.

Ele ouviu a resposta nervosa do outro lado. A pessoa hesitava, a ansiedade evidente em cada palavra que escapava. Nathan apertou os olhos, o cenho franzido, enquanto ponderava a situação, respirando profundamente.

— Não, você não vai tocar nele — a voz de Nathan se tornou mais fria, mais controlada. — Eu quero vê-lo antes de qualquer coisa.

Os raios de sol brilhavam mais intensamente agora, atravessando as copas das árvores e lançando sombras compridas ao longo do caminho que ele seguia. Nathan estreitou os olhos, ouvindo com atenção a voz que tremia do outro lado da linha. O desconforto do interlocutor era quase palpável.

— Olha, não tem 'mas', nem desculpa — ele cortou a resposta que ouvia, seu tom agora duro e ameaçador. — Você sabe que está nas minhas mãos. Se eu vazar aquele vídeo, sua vida está acabada. Entendeu?

Nathan fez uma pausa, deixando o silêncio cair enquanto o outro lado processava a ameaça. O vento quente passou entre as árvores, agitando as folhas e quebrando o silêncio por um momento. O sol brilhava forte, mas a tensão no ar era densa.

— Ótimo. — Nathan finalmente disse, satisfeito com a submissão do outro. — Já sabe o que fazer. Vou esperar sua ligação.

Ele desligou o telefone com um movimento rápido, sem hesitação. Guardou o aparelho de volta no bolso da jaqueta, seus olhos varrendo o ambiente ao redor com a mesma vigilância de antes. Cada detalhe do caminho que seguia estava gravado em sua memória. Ele sabia que não poderia se dar ao luxo de erros. O corpo daquele lobisomem era algo que ninguém mais poderia ter acesso, e ele precisava garantir isso.

Enquanto caminhava pela trilha, seus pensamentos retornaram a Richie. Aquele garoto misterioso, a quem ele agora estava arriscando tanto para proteger. Havia algo profundamente perturbador em Richie, uma conexão que ele ainda não compreendia completamente. Nathan não gostava da sensação de estar envolvido em algo tão fora de seu controle, mas era tarde demais para voltar atrás.

O sol brilhava intensamente, e conforme ele voltava para o carro após encerrar a ligação, sentiu a tensão nos ombros aumentar. Havia muito em jogo agora, e ele sabia que precisava manter a cabeça fria. Nathan abriu a porta do carro, entrou, e ligou o motor, que roncou em resposta. Ele acelerou pela estrada sinuosa, com o caminho de volta para a propriedade da tia Brie parecendo mais longo do que o habitual. A cada quilômetro, seus pensamentos o arrastavam de volta ao corpo no necrotério e ao plano que teria de executar nas próximas horas.

Amor, Facas e LobisomensOnde histórias criam vida. Descubra agora