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Chegar na casa da minha mãe sempre era como um mergulho no passado cada canto daquela casa estava impregnado de memórias de momentos bons e ruins que moldaram quem eu era. Quando parei o carro em frente à entrada senti uma onda de nostalgia, do lado a casa dos Montgomery parecia exatamente igual. Foi ali naquela casa, que a história entre mim e Carina começou no ensino médio. Um início de algo que mudou completamente o rumo da minha vida.

Com Felippo pendurado no meu quadril, andei até a porta, Carina vivia dizendo que ele já estava grande demais para isso que eu deveria deixar ele andar mais, mas para mim ele ainda era meu bebê e enquanto ele quisesse eu o carregaria. Emma por outro lado, andava ao meu lado independente e cheia de atitude como sempre.

Toquei a campainha e enquanto esperávamos, eu olhava ao redor me perguntando como as coisas podiam mudar tanto e ao mesmo tempo parecer tão iguais. Quando a porta finalmente se abriu o rosto da minha mãe se iluminou ao nos ver, seus olhos brilharam ao olhar para mim e claro pros netos.

— Ah meus amores! — ela falou  se abaixando para abraçar Emma e Felippo, enchendo eles de beijos, eles estavam um pouco tímidos no começo, provavelmente pela falta de contato diário com a avó mas logo cederam sorrindo e aceitando o carinho.

Entramos na casa, o cheiro familiar de algo doce me encheu e eu podia ver a curiosidade nos olhos da minha mãe, ela me olhou claramente surpresa enquanto seguíamos para a sala.

— Por que você não me avisou que vinha, Maya? — ela perguntou, me puxando pra um abraço rápido antes de olhar para as crianças. — E quantos dias vocês vão ficar?

Antes que eu pudesse responder Emma sempre rápida se adiantou.

— Nós nos mudamos de vez para Seattle, vovó! eu o Pippo e a mamãe Carina

Katherine olhou para mim com as sobrancelhas erguidas surpresa, eu apenas dei os ombros incapaz de explicar todo o caos e as emoções que envolviam aquela mudança. Não era uma conversa para se ter ali e ela sabia disso.

— Bem, então é bom que vocês tenham vindo! — ela sorriu, tentando mudar o clima. — Vocês chegaram no dia perfeito, fiz sorvete de morango e está uma delícia, quem quer?

Nem precisei dizer nada, Emma e Felippo correram animados para a cozinha empolgados com a promessa de sorvete caseiro e eu fiquei ali parada por um momento, observando a cena. Minha mãe sempre sabia exatamente como fazer os netos se sentirem em casa e isso de alguma forma me trouxe uma pontinha de alívio.

Suspirando segui até o meu antigo quarto, tudo lá dentro estava exatamente como eu tinha deixado , as fotos nas paredes, as escritas escondidas as lembranças de um tempo mais simples, onde eu achava que tinha muitos problemas. Era estranho como aquele espaço ainda me proporcionava uma sensação de conforto, mesmo depois de tanto tempo.

Me joguei na cama e fechei os olhos por um momento, deixando a tranquilidade do lugar me envolver, foi aqui nesse quarto onde eu me escondi quando Carina me expulsou de casa, passei dois dias aqui tentando processar a dor, a humilhação e a culpa. Mas também foi ali que decidi que não ficaria longe dos meus filhos  e que de alguma forma, eu lutaria para recuperar o que perdemos o que não aconteceu.  Tudo parecia tão fresco na minha mente, principalmente o dia em que o caos explodiu.

Flashback On'

O escritório estava sufocante, eu andava de um lado para o outro sem saber o que fazer, enquanto o meu agente de relações públicas falava ao telefone, tentando desesperadamente controlar o estrago. Carina estava sentada no sofá com o rosto entre as mãos chorando baixinho, a tensão no ar era insuportável e eu sentia uma mistura de raiva, frustração e desespero.

Enemies to Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora