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Saí da sala do chefe Webber sentindo uma mistura de nervosismo e alívio agora era oficial, eu fazia parte do staff do Grey Sloan. Assinei o contrato e de certa forma parecia que um ciclo se fechava e outro se abria. Deixei escapar um suspiro longo enquanto meu telefone vibrava no bolso, era uma mensagem da Jo

"Já estou indo pro restaurante, te vejo lá!"

Sorri levemente sentindo uma pontada de alívio por saber que veria Jo em breve, precisava de algo leve depois dos últimos dias, quando me virei para ir embora quase esbarrei na Amélia novamente.

— De novo nos encontrando nos corredores, hein? — ela disse com um sorriso meio sem jeito e eu sorri de volta, me sentindo um pouco menos tensa do que no primeiro encontro.

— Você está de plantão? — perguntei tentando parecer casual.

— Não, só vim ver um paciente rapidamente, agora estou livre. — ela explicou ajeitando o cabelo e parecendo um pouco sem ter para onde ir.

Sem pensar muito as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse me segurar

— Quer almoçar com a Jo e comigo? vamos encontrar no restaurante aqui perto — Amélia pareceu surpresa, mas sorriu, sincera.

— Claro, adoraria. — ela aceitou de imediato como se estivesse esperando por uma chance de conversar mais comigo.

Saímos juntas descendo as escadas até o estacionamento, o caminho estava meio silencioso, um pouco tenso como se ambas estivéssemos navegando por um território desconhecido. Lembro de como éramos próximas e como as coisas mudaram depois de tudo.

Entramos no carro e assim que coloquei o cinto, Amélia começou a relembrar.

— Você lembra da nossa última viagem da turma? — ela começou com um sorriso nostálgico. — Nós fomos pra aquela cabana no lago e o Emmett quase se afogou e aí a Maya pulou na água igual uma louca pra salvar ele, foi tão engraçado porque, no final, ele só estava fingindo... — ela riu mas minha reação foi diferente.

Senti meu estômago afundar, cada vez que o nome dela era mencionado era como se uma sombra se estendesse sobre mim um lembrete de tudo o que perdi, o sorriso que estava no meu rosto desapareceu rapidamente e o silêncio que se seguiu pareceu pesado demais e Amélia percebeu no mesmo instante.

— Desculpa, Carina, eu... não quis te fazer lembrar de nada doloroso. — ela disse com a voz baixa e sincera e eu respirei fundo tentando encontrar as palavras certas.

— Está tudo bem, Amélia eu... sei que faz parte do passado. — respondi mas minha voz falhou levemente no final.

— Eu sinto muito por vocês, sabe? — ela disse de repente, virando um pouco no banco para me olhar. — Principalmente por como tudo aconteceu, eu não faço ideia de como deve ter sido pra você.

Apertei as mãos no volante sentindo um peso familiar no peito, era o mesmo peso que carregava há quase dois anos anos, o mesmo que sempre me acompanhava toda vez que pensava em Maya no que nós éramos e no que nos tornamos. As lembranças começaram a inundar minha mente, mesmo que eu tentasse afastá-las e eu  me vi naquele dia fatídico, o dia que deu início a toda essa tragédia.

Flashback on'

O supermercado estava mais movimentado do que eu esperava para aquela hora do dia, deslizei o carrinho pelos corredores tentando me concentrar na lista de compras, mas minha mente vagava essa era uma daquelas manhãs em que minha cabeça estava em todo lugar, menos ali. Peguei o cereal favorito da Emma um dos poucos alimentos que ela comia sem reclamar e ri comigo mesma quando vi o preço.

Enemies to Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora