023

190 30 17
                                    

Assim que estacionei o carro no hotel o telefone vibrou no meu bolso e a mensagem da minha assistente apareceu. Era sobre a viagem de quarta-feira para o Colorado, li rapidamente, mas cada palavra parecia pesar em mim como uma tonelada.

"Maya, só confirmando o voo para o Colorado na quarta-feira. Será às 9 da manhã, e o jato particular estará pronto no terminal 4. Recomendamos que treine sua fala para o evento, principalmente focando na recuperação de imagem. Sabemos que foi uma sequência de situações difíceis, mas o evento é uma ótima oportunidade para melhorar sua reputação. Eles estarão atentos a cada detalhe, então evite improvisos. Sugiro que repasse as notas enviadas pela equipe de PR e, se precisar de ajuda, me avise."

Suspirei sentindo o peso dessa viagem, não era apenas mais um evento, era sobre a minha imagem, a minha carreira e de certa forma, tudo o que eu vinha tentando reconstruir. Não podia falhar, já tinha dado muitas desculpas e feito muitos erros públicos nos últimos meses. Depois de cada escândalo, a sensação de perder o controle da minha vida se intensificava e agora aqui estava eu prestes a me submeter mais uma vez à pressão.

Antes que eu pudesse bloquear o telefone e afastar esses pensamentos a tela piscou novamente, mas desta vez era o nome da Carina que aparecia, meu coração deu um pequeno salto, como sempre acontecia quando ela me ligava e eu não conseguia evitar o sorriso que se formava no meu rosto.

— Oi, linda — atendi tentando não deixar transparecer o quanto ouvir a voz dela ainda mexia comigo.

— Oi, Maya — a voz dela soou suave mas carregada de cansaço, eu podia sentir o quanto o dia tinha sido exaustivo para ela também.

— Tudo bem? — Perguntei sabendo que ela provavelmente ainda estava processando a terapia, assim como eu.

— Sim, estou bem só queria falar com você sobre o aniversário do Pippo, bem você sabe que é na terça feira, mas eu pensei em fazer algo pra ele no sábado. — a voz dela suavizou ainda mais e eu pude imaginar o sorriso tímido no rosto dela ao falar sobre nosso filho.

— O aniversário do Pippo? — meu coração acelerou. — Eu já consigo imaginar várias coisas que ele iria amar, podemos fazer uma festa com o tema de dragãoes, já que ano passado foi de avião ele vai ficar maluco! — a ideia me empolgou, só de imaginar o sorriso dele eu já ficava animada.

— Eu sei... ele vai adorar, mas... — Carina hesitou por um segundo e o tom de sua voz mudou. — Maya, eu não quero que o Mason vá.

A alegria momentânea desapareceu no mesmo instante, eu não estava surpresa que ela dissesse isso, mas não deixava de ser doloroso ouvir.

— Ok — respondi.

— Não quero o Mason lá, Maya, eu sei que ele é seu irmão, mas não quero. — A voz dela ficou mais firme, quase irritada.

Fechei os olhos e soltei um suspiro longo, o nome de Mason sempre trazia tensão. Ele e Carina começaram a ter atritos desde quando nós fomos pra faculdade e eu sabia que as coisas tinham ficado ainda piores nos últimos anos.

— Nem se eu quisesse, ele iria, Carina, ele me odeia. — a frustração em minha voz era clara, eu sabia que era verdade, Mason não tinha nenhum interesse em estar perto de mim, muito menos de Carina ou das crianças.

— Isso é ridículo, Maya! ele odeia você? depois de tudo o que você fez por ele? — Carina agora parecia irritada de verdade. — Você deu tudo para ele! Ele não tem o direito de te odiar assim.

— Carina, eu não quero falar sobre isso, ok? Vamos focar na festa do Pippo. — eu não queria entrar nessa discussão de novo.

Houve um silêncio tenso na linha. Eu sabia que Carina estava chateada, mas naquele momento, eu só queria mudar de assunto. O aniversário de Pippo era para ser algo alegre, e pensar em Mason só estragava isso.

Enemies to Love IIOnde histórias criam vida. Descubra agora