Capítulo XVII

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Um dia quando eu estava patinando pelo gelo, eu não conseguia parar de pensar sobre ele.

Pensava em seu sorriso, seus olhos, seu jeito de segurar a guitarra. Pensava sobre como ele me amava, e eu percebi o quanto eu era fraco sozinho. Eu sentia meu peito apertado desde o dia que disse aquelas palavras. Ele me olhou sem reação. Chorou, pediu para ficar. Disse que não ligava para a mídia, só queria que eu ficasse.

Mas eu sei que ele poderia arranjar algo melhor, qualquer coisa.

Frequentemente sentia esse frio na barriga, sempre esperando para vê-lo, para abraçá-lo e beijá-lo.

Mas agora parece que ela congelou, e não há o meu sol para ela voltar a ficar normal.

Rodopiei e saltei sobre o gelo, o local vazio, apenas eu e meus pensamentos.

Era isso que eu pensava.

Quando meu patins tocou o gelo, cortando-o levemente a superfície, ouvi um aplauso fraco. Olhei na direção do som, e lá estava um cara loiro, um pouco mais alto que eu, a raiz do cabelo crescendo em um preto natural.

– Você patina bem – ele disse quando me aproximei. Suas roupas eram simples, mas pude reconhecer que eram de marca. Usava fones aparentemente caros e um celular de última geração, eu nunca tinha visto algo daquele jeito, tinha até botões. Ele falava preguicosamente, como se não precisasse se esforçar tanto na vida.

– obrigado. – respondi, dando um sorriso amigável.

– ouso dizer que você deveria estar tendo investimento – ele diz para mim. – a patinação no gelo é um sucesso durante as Olimpíadas de Inverno. Você está com esse objetivo?

– ah... n-não, na verdade. Acho que não tenho dinheiro para isso. – digo, olhando para baixo, para meus patins de segunda mão.

Ele ergue uma sombrancelha.

– Como não tem?

– Ué, não tendo.

Ele levanta as duas agora, como se não achasse possível que alguém não tivesse dinheiro para isso.

– Mas você é muito bom.

– Ser bom não quer dizer estar num pódio. – digo, e percebo que posso estar sendo grosso. Olho para ele de novo, erguendo as mãos e começando a falar rapidamente. – m-me desculpe, eu não queria te ofender, é só....

Enquanto eu me desculpava, ele pega um cartãozinho do bolso. Tinha uma logo "KN" decorado, muito chique. Era um cartãozinho amarelo, o virei para trás e vi um número.

– se achar que for bom o suficiente, me liga. – ele coloca as mãos no bolso do moletom e sai andando.

///

Quando pesquisei na internet, quase não pude acreditar. Aquele cara era filho de gente rica que investia em bons atletas.

Pulei, gritei. Até pude esquecer o término por uns 15 minutos. Mas, quando pensei no quanto ele ficaria feliz por mim, me senti um merda de novo.

Suspirei, me sentei e encarei o cartão por um longo, longo tempo. Eu não sabia exatamente oque fazer, mas sabia que essa era uma única oportunidade na vida.

Eu sabia que precisava correr atrás dos meus objetivos, lutar com garra e determinação.

Eu lutaria para ser um atleta.

E talvez eu lutaria para ter o Kageyama comigo, novamente.

Eu iria correr atrás do meu erro.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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