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O som dos passos ecoava pelos corredores de mármore da universidade enquanto Jang Wonyoung se dirigia ao estúdio de arte. As paredes altas e imponentes a cercavam, fazendo-a se sentir pequena, quase insignificante. Havia algo na grandiosidade do lugar que sempre a deixava desconfortável, como se tudo ao redor fosse um lembrete constante de que ela precisava se provar. Ser uma das melhores em sua turma, manter a bolsa de estudos, atender às expectativas da família – tudo isso pesava sobre seus ombros, oprimindo sua capacidade de respirar.
No entanto, a arte era sua fuga. Desde pequena, Wonyoung se via fascinada pelo poder das cores, das formas que, quando bem utilizadas, poderiam expressar o que as palavras falhavam em transmitir. Cresceu em um ambiente onde tudo tinha um padrão, uma exigência, e sua única válvula de escape era o papel, a tela, o pincel. A menina que sempre seguia as regras e buscava agradar os outros, na arte, permitia-se ser quem quisesse.
Mas mesmo na arte, Wonyoung carregava o peso das expectativas. Sua mãe, uma professora universitária renomada, e seu pai, um empresário bem-sucedido, sempre esperaram que ela fosse "a filha perfeita". Notas impecáveis, comportamento exemplar, envolvimento em atividades extracurriculares. No ensino médio, Wonyoung conseguiu cumprir cada uma dessas exigências, mas ao custo de sua própria liberdade e felicidade.
Foi durante o ensino médio que ela descobriu seu amor pela aquarela. Lembrava-se claramente do dia em que, em uma aula de artes, a professora trouxe uma variedade de tintas e pediu aos alunos que simplesmente “sentissem” a cor. Wonyoung hesitou a princípio, já que estava acostumada a seguir instruções rígidas, mas quando seu pincel tocou o papel, algo dentro dela mudou. A água misturada às cores criava formas inesperadas, uma harmonia que ela não conseguia prever ou controlar. E, pela primeira vez em muito tempo, Wonyoung não precisou ser perfeita – a beleza estava na imperfeição, no fluxo livre da tinta.
No entanto, mesmo com sua paixão pela arte crescendo, não foi fácil convencer seus pais a permitirem que ela seguisse esse caminho. Eles queriam que ela cursasse Direito ou Medicina, algo que garantisse um "futuro estável". Para eles, a arte era apenas um hobby, um passatempo. Mas Wonyoung não se via em outra profissão, e após muitos debates e discussões, conseguiu que seus pais aceitassem a ideia – com a condição de que ela fosse a melhor. Eles deixaram claro que esperavam resultados excepcionais.
Assim, quando Wonyoung conseguiu a bolsa para a prestigiada universidade de artes, foi uma mistura de alívio e apreensão. Estava feliz por ter conquistado seu lugar, mas sabia que o verdadeiro desafio começaria ali. Cada projeto, cada avaliação, tudo era uma nova prova de que ela merecia estar naquele lugar. E, mais importante, uma forma de justificar a decisão que havia tomado contra a vontade de seus pais.
O primeiro semestre foi duro. Ela se isolou, preferindo trabalhar sozinha nos projetos. A interação com os colegas de classe era mínima. Ela sempre foi reservada, mas na faculdade, isso se intensificou. Havia um medo constante de não ser boa o suficiente, de que qualquer interação pudesse expor suas inseguranças. O estúdio de artes, que deveria ser um refúgio, às vezes parecia mais um campo de batalha.
Naquela manhã, enquanto caminhava pelo campus para mais uma aula de artes, Wonyoung não conseguia se livrar da sensação de desconforto. Ela sabia que um novo projeto em duplas seria anunciado, e a ideia de trabalhar com outra pessoa a deixava nervosa. Estava acostumada a criar sozinha, a controlar cada aspecto de sua obra. Como seria depender de alguém? E se essa pessoa não entendesse sua visão? Ou, pior, se a julgasse por suas escolhas artísticas?
Ela entrou no estúdio silenciosamente, como sempre fazia, escolhendo um canto mais afastado. Observou os colegas de longe, mas evitou qualquer contato visual. Seus dedos brincavam nervosamente com a alça de sua mochila enquanto o professor começava a falar.
- Turma, atenção, por favor! - a voz do professor ecoou pela sala, quebrando o leve murmúrio das conversas. - Hoje vamos começar um novo projeto em duplas, e eu já organizei os pares.
O estômago de Wonyoung deu um nó. Ela se preparou mentalmente para a ideia de dividir seu espaço criativo, embora ainda resistisse a essa ideia. Por que não posso simplesmente fazer sozinha?, pensou, sabendo que não havia como evitar a situação.
- Park Sunghoon, você vai trabalhar com Jang Wonyoung - anunciou o professor, sem dar chance de contestação.
Ela ergueu os olhos e viu o rapaz que responderia por aquele nome. Sunghoon era um dos poucos alunos que, assim como ela, parecia preferir o silêncio. Ele estava sempre concentrado, imerso em suas criações, e Wonyoung o admirava por isso. Não era alguém que buscava chamar a atenção, mas seu talento era inegável. As obras de Sunghoon eram expressivas, muitas vezes abstratas, e carregavam um ar de mistério que intrigava a menina.
Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu um leve arrepio. Não de medo ou desconforto, mas de curiosidade. Sunghoon a olhava de uma maneira que ela não conseguia interpretar. Talvez ele estivesse tão inseguro quanto ela em relação à parceria. De qualquer forma, ela sabia que não tinha escolha. Eles precisariam encontrar uma maneira de trabalhar juntos.
- Oi - ele disse, se aproximando. Sua voz era calma, quase hesitante.
- Oi - respondeu Wonyoung, tentando manter a compostura. Ela não gostava de interações sociais desnecessárias, mas algo em Sunghoon parecia... diferente. Menos ameaçador.
- Eu sou Sunghoon. Parece que seremos parceiros - ele continuou, oferecendo um sorriso leve.
Ela assentiu. - Sim... eu sou Wonyoung.
O silêncio entre eles era palpável, mas, ao contrário do que ela imaginava, não era desconfortável. Ambos pareciam estar medindo suas palavras, tomando cuidado para não invadir o espaço do outro. E, de certa forma, isso aliviava Wonyoung. Não era uma pressão imediata para se abrir ou compartilhar mais do que o necessário.
À medida que a aula continuava e eles começaram a discutir o projeto, Wonyoung percebeu que, talvez, Sunghoon fosse exatamente o tipo de pessoa com quem ela poderia trabalhar. Ele era calmo, metódico e tinha uma abordagem cuidadosa. Quando mencionou que trabalhava com carvão e tinta a óleo, ela sentiu uma pontada de admiração. Sunghoon era direto e confiava no que fazia, algo que ela sempre quis em si mesma.
Quando ele sugeriu combinar as duas técnicas – o carvão e a aquarela –, Wonyoung ficou surpresa. Não era algo que ela teria pensado sozinha, mas fazia sentido. Era como se ele tivesse lido sua mente, compreendido o que ela queria, mesmo sem ela precisar dizer em voz alta. Talvez, afinal, trabalhar com ele não fosse tão assustador quanto imaginara.
Ao final da aula, enquanto eles discutiam a ideia de explorar emoções humanas por meio da arte, Wonyoung começou a se sentir um pouco mais à vontade. Ainda havia muitas barreiras entre eles, mas pela primeira vez desde que havia entrado na faculdade, ela sentiu que poderia compartilhar um pouco de sua visão com outra pessoa. Talvez Sunghoon entendesse o que a arte significava para ela. Talvez ele também estivesse tentando escapar das expectativas, assim como ela.
E, embora ela não soubesse ainda, essa parceria marcaria o início de algo muito maior do que apenas um projeto de faculdade.
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Vou tentar não demorar muito com as atualizações, cliquem na estrelinha e comentem o que acharam.
Obrigada pela leitura > <
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𝖺𝗆𝗈𝗋 𝖾𝗆 𝗍𝗈𝗇𝗌 𝗉𝖺𝗌𝗍é𝗂𝗌 - 𝗌𝗎𝗇𝗀𝗁𝗈𝗈𝗇
Romance. ݁ 🎨 ָ֢ ࣪ 𝗣𝗮𝗿𝗸 𝗦𝘂𝗻𝗴𝗵𝗼𝗼𝗻, 𝗎𝗆 𝖾𝗌𝗍𝗎𝖽𝖺𝗇𝗍𝖾 𝖽𝖾 𝖺𝗋𝗍𝖾𝗌, 𝗌𝖾 𝖺𝗉𝖺𝗂𝗑𝗈𝗇𝖺 à 𝗉𝗋𝗂𝗆𝖾𝗂𝗋𝖺 𝗏𝗂𝗌𝗍𝖺 𝗉𝗈𝗋 𝗌𝗎𝖺 𝗇𝗈𝗏𝖺 𝖼𝗈𝗅𝖾𝗀𝖺 𝖽𝖾 𝗍𝗎𝗋𝗆𝖺, 𝗝𝗮𝗻𝗴 𝗪𝗼𝗻𝘆𝗼𝘂𝗻𝗴, 𝗎𝗆𝖺 𝗀𝖺𝗋𝗈𝗍𝖺 𝗊𝗎𝖾 𝗇ã𝗈 𝗀...