prólogo

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Carla Maraisa

"Às vezes, fico pensando em como minha vida tomou um rumo tão diferente do que meus pais esperavam. Quando eu era criança, eles acreditavam profundamente que o destino sempre nos reservava algo bom, que tudo se encaixaria no final, desde que mantivéssemos a fé e o otimismo. Era um pensamento lindo, na teoria. Mas a realidade foi bem mais dura. Cresci em uma casa cheia de esperança, mas também de incertezas. Meu pai e minha mãe eram idealistas, sempre acreditando que um golpe de sorte mudaria nossas vidas. Mas, em vez disso, acabamos enfrentando uma série de dificuldades financeiras. Quando eu tinha 15 anos, o cenário já era caótico: dívidas, discussões, e finalmente, o colapso. A separação dos meus pais foi a gota d'água. Vi o sonho deles desmoronar, e a esperança deles de que algo maravilhoso viria a qualquer momento simplesmente não se concretizou. Eu tive que amadurecer rapidamente. Com a separação dos meus pais, a responsabilidade caiu sobre meus ombros. Comecei a trabalhar desde cedo para ajudar com as contas e, ao mesmo tempo, continuei meus estudos. O que eu aprendi com tudo isso é que, na vida real, esperança não paga contas, e acreditar que o destino sempre trará algo bom não resolve os problemas imediatos. Eu precisava ser prática, precisa de estratégias e de planos concretos. E a verdade é que, com o tempo, o otimismo do meu pai e da minha mãe se tornou algo que eu via como uma forma de escapismo. Cada vez que eu via projetos falharem, sonhos desmoronarem e oportunidades se perderem, percebia que o planejamento e a preparação eram as únicas certezas que eu poderia ter. Não dava mais para me apoiar em promessas vazias. Por isso, hoje eu vejo a vida de maneira diferente. Acredito na lógica, no planejamento meticuloso e na execução cuidadosa. Eu deixei de lado a ideia de um destino favorável e abracei a necessidade de controle e de ação prática. Eu sei que, se quiser que as coisas funcionem, tenho que fazer elas acontecerem, não esperar que algo mágico venha a me salvar. E é assim que vivo agora. Com os pés no chão e a cabeça focada no que posso fazer, não no que o destino pode me oferecer."

Manhattan - Nyc
15 de julho 18:47 pm

Finalmente, liberdade! Se houvesse uma palavra que me definisse nesse exato momento, seria essa. Eu me sentia livre. Livre para expandir meu conhecimento, para explorar novas possibilidades e, finalmente, para trabalhar do jeito que sempre quis. Manhattan havia se tornado minha casa de forma inesperada e, tão rápido quanto cheguei, uma nova proposta de emprego apareceu — um cargo elevado, muito acima do que eu imaginava conquistar tão cedo. A sensação era surreal.

Dentro do táxi, enquanto cruzava as ruas vibrantes da cidade, observei a garoa fina deslizar pelo vidro da janela. O som suave das gotas era uma melodia que acalmava meu espírito. Do lado de fora, o frio característico de Manhattan abraçava a cidade como uma velha amiga. Senti um arrepio percorrer minha pele, mas não era desagradável. Pelo contrário, o frio trazia consigo um conforto familiar, como se o próprio clima estivesse me dando as boas-vindas à nova fase da minha vida. Olhava para os prédios gigantescos que compunham o horizonte de Manhattan, cada um com suas luzes brilhando, um reflexo das vidas e histórias que se entrelaçavam naquela metrópole. Cada esquina carregava promessas, oportunidades, e eu estava pronta para todas elas.

Fechei os olhos por um momento e respirei fundo, absorvendo tudo ao meu redor. Eu havia vindo de tão longe, de uma realidade completamente diferente, e agora estava aqui, pronta para algo que até poucos anos atrás parecia impossível. De repente, a ansiedade e o cansaço da viagem se dissiparam, e um sentimento de algum propósito tomou conta de mim. Eu estava exatamente onde precisava estar.

O táxi parou suavemente em frente ao hotel. A fachada iluminada era imponente, refletindo o luxo e a sofisticação que a cidade prometia. Paguei o motorista, peguei minha mala e caminhei em direção à entrada, com o coração acelerado de expectativa. O ar frio me atingiu novamente, me lembrando do contraste entre a vida que eu deixei para trás e o futuro que agora se desdobrava diante de mim.

o destino me reservou você. - malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora