Sobre

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Sobre ter receio de se mostrar vulnerável e saber que a palavra "receio" é pouco demais para descrever esse sentimento.

Sobre desabafar sempre consigo mesmo e saber que é, e sempre será sua própria rede de apoio e conforto;
a única que te ouve, te abraça e te entende; você e você, sempre.

Sobre ninguém nunca ter se interessado, de fato, em quem você é;
pessoas que te olham, mas não te enxergam; que falam tanto e tanto, mas não te ouvem; o que a faz saber tanto sobre elas e elas tão nada sobre você.

Sobre ninguém nunca ter explorado toda essa imensidão,
tão profunda e linda,
tão encantadora e tão você, a única que a conhece até de ponta cabeça.

Sobre ninguém nunca ter ficado,
até se criar uma barreira que impede até quem tanto te conhece (você) ter acesso a você e ao que sente.

É sobre querer sentir tão intensa e verdadeiramente e ser tão intensa e verdadeiramente correspondida,
mesmo sem ainda conhecer a reciprocidade,
porque ninguém vive toda vida feliz sem cultivar essa troca.

E não, não é sobre querer sentir sem sofrer;
mas sim sobre ter a quem recorrer se sentir e, principalmente, se sofrer.

Sobre saber que, novamente, não tem ninguém além de si.
E não saber se  você mesmo é culpado por isso ou não, e muito menos o que fazer para mudar.

Sobre ter dito, algum dia, a alguém para que ela "se permitisse ser vulnerável" e saber o quão hipócrita você foi,
porque você não sabe o que é se mostrar vulnerável, já que prefere se esconder ou fingir que não sente e não sofre.

É sobre sentir e sofrer consigo mesmo,
já que nunca confiou em ninguém para entregar suas dores,
já que nunca conheceu relações tão profundas,
já que o raso parece tão confortável e mais fácil de lidar,
já que assim é mais fácil ir embora.

Mas você nunca foi, não é?
Por isso se sente tão sozinha e abandonada.
Sempre são as pessoas que vão, e você fica.
Sozinha e abandonada.

Achei esse perdido num bloco de notas, provavelmente escrevi ano passado e esqueci completamente pois fui pega de surpresa quando li 👍 juro, foi apagado totalmente da minha mente, reler foi uma experiência muito maluca

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