memorias do passado

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"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo."
Cecília Meireles.

Ano de 962Era heian08:16amRen hayashi

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Ano de 962
Era heian
08:16am
Ren hayashi

Tudo começou quando eu tinha 12 anos. Era uma madrugada fria e silenciosa quando minha mãe entrou no meu quarto, seu olhar carregado de um desespero que eu não entendia. "Seu pai quer te ver", ela disse, e se eu soubesse o que viria a seguir, teria me escondido sob as cobertas e jamais teria saído do futon.

Meus pais me levaram para a floresta, uma viagem que se arrastava na escuridão. O medo me paralisava, mas eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Eles me levaram até um local isolado, onde um monstro aterrorizante esperava por mim. Era uma criatura humana,deformada e grotesca, um amontoado de carne e fúria. Meu pai, sem uma palavra de hesitação, me ofereceu como sacrifício, como se eu fosse uma moeda de troca para apaziguar a maldição que assombrava nossa vila.

Eles me abandonaram ali, jogada como um brinquedo quebrado. O terror que senti foi indescritível. As garras do monstro se aproximaram dos meus olhos e, no momento em que o escuro tomou conta de mim, eu perdi a visão. O último vislumbre da noite foi uma cena horrenda: a criatura se lançando em minha direção.

O que veio a seguir é uma mistura de dor e confusão. Acordei de um desmaio e, para minha surpresa, a maldição parecia ter desaparecido. O sol começava a nascer, e os pássaros cantavam, como se fossem a única prova de que um novo dia estava começando.

Arrastei-me de volta para casa, cada movimento uma tortura. Quando minha irmã mais velha me viu, seu rosto refletia uma mistura de choque e desespero. Ela não conseguia falar, apenas chorava, abraçada a mim. No fundo da casa, ouvi o resmungo furioso do homem que me sacrificou. A raiva e o desprezo dele eram palpáveis.

Naquela noite, a casa parecia um campo de batalha. O barulho dos jarros se quebrando e os gritos de raiva de meu pai preenchiam o ambiente, enquanto minha mãe se desculpava em prantos, tentando explicar o inexplicável. Eu sabia que ela estava sofrendo por minha causa, e a culpa me consumia. A dor de saber que eu era agora uma carga inútil, cega e indefesa, me atormentava.

Eu tinha um ódio profundo daquele homem que um dia chamara de pai. Quando eu era pequena, ele era carinhoso, brincava comigo, me dava doces e parecia ser o pai mais amoroso do mundo. Mas tudo mudou quando ele descobriu um segredo sobre minha mãe, um segredo que nunca me atrevi a perguntar, mas que eu já começava a compreender. O que foi revelado a ele transformou um pai carinhoso em um monstro impiedoso.

Há dois anos, minha mãe morreu, e desde então, minha vida se transformou em um inferno. Meu pai, agora completamente desprovido de qualquer remanescente de compaixão, intensificou sua crueldade. O pior foi quando ele vendeu minha irmã para um soldado, que a adquiriu para se tornar sua concubina. Ver minha irmã ser arrancada de mim dessa forma foi um golpe brutal, e eu fiquei sozinha, mergulhada em uma existência cheia de dor e solidão.

Cada dia parecia interminável, uma tortura constante sem fim à vista. E, mais uma vez, o ciclo de sofrimento se repetiu. Meu pai me entregou a uma maldição, em um ato de desespero e crueldade. A sensação de impotência e frustração era esmagadora. Eu queria vingança, queria reverter o que ele havia feito com minha família e comigo.

O desejo de ter minha irmã de volta, de sentir o conforto do colo da minha mãe mais uma vez, consumia meus pensamentos. Mas o destino parecia cruel. O homem que era o rei das maldições, conhecido por sua brutalidade, estava prestes a me devorar viva ou me usar de alguma forma horrenda. O futuro parecia sombrio e sem esperança.

Mas algo inesperado aconteceu. Em vez de me destruir, o rei das maldições me ofereceu um pacto. Ele me prometeu a oportunidade de experimentar a vingança, de fazer meu pai pagar por tudo que ele havia feito. Esse oferecimento acendeu uma pequena chama de esperança em meu coração, uma centelha de algo que eu havia perdido há muito tempo.

Eu aceitei o pacto, com a consciência de que isso significaria uma dívida a ser paga. Eu sabia que o preço poderia ser alto e que a jornada seria difícil. No entanto, o pensamento de finalmente ter a chance de fazer justiça, de reverter o sofrimento que meu pai causou, era uma motivação poderosa. Apesar da sombra que pairava sobre meu destino, eu abracei a oportunidade com a esperança de que, algum dia, eu poderia encontrar a redenção e, talvez, a paz que tanto desejei.

 Apesar da sombra que pairava sobre meu destino, eu abracei a oportunidade com a esperança de que, algum dia, eu poderia encontrar a redenção e, talvez, a paz que tanto desejei

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Notas da autora:

Olá, pessoal! Este capítulo foi uma introdução à nossa protagonista, Ren Hayashi. Não se deixem enganar pela primeira impressão dela – ela tem muito mais a revelar conforme a história avança, e as surpresas estão apenas começando. Não se esqueçam de deixar uma estrelinha e comentar para me ajudar a continuar! Também tenho uma outra história sobre Toji que vocês podem conferir. Agradeço muito pelo apoio!

Sagrado Profano- sukuna ryomen Onde histórias criam vida. Descubra agora