2○caprichos de um rei

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Ano de 962
Era heian
Ren hayashi

O silêncio entre nós se prolongava enquanto ele despia-se

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O silêncio entre nós se prolongava enquanto ele despia-se. Eu sentia cada movimento, mesmo sem ver. A água quente emitia um som suave ao seu redor, mas a tensão no ar era quase palpável. Eu não sabia se deveria agradecer ou amaldiçoar minha cegueira. Estava curiosa, inquieta. Um homem enorme e poderoso se despia diante de mim, e eu só podia imaginar o que estava à minha frente.

Finalmente, quando ele mergulhou na água, sua voz cortou o silêncio.

— O que está esperando, pirralha? — Sua voz era grave, autoritária, com uma ponta de impaciência. — Venha me lavar.

Meu corpo agiu sem pensar. Num instante, eu já segurava o balde, o sabonete com aquele cheiro inebriante de rosas vermelhas, e a pequena toalha. Cada movimento meu era um reflexo da ordem dele. Quando comecei a jogar água sobre seu corpo, meu olho direito, o único que ainda funcionava parcialmente, conseguiu ver algo dele. Meu coração disparou. Nunca tinha estado tão perto de um homem nu.

Minhas mãos tremiam levemente, mas continuei.

— Entre na água também. Está quente. — Sua voz soava menos rígida agora, quase relaxada. A água parecia acalmar seus nervos.

— Eu... eu estou suja. — Respondi, a vergonha impregnando minhas palavras. Como eu, suja e desgastada, poderia compartilhar aquele momento com ele?

Em um movimento rápido, ele agarrou meu braço, puxando-me para dentro da água com força. Soltei um grito de surpresa enquanto caía. Quando emergi, ofegante e com o rosto coberto de água, ele ria descontroladamente.

— Não foi engraçado! — Minha voz saiu trêmula, entre raiva e humilhação. — Eu quase me afoguei!

— Afogar? — Ele riu mais alto, um riso rouco e divertido. — Me poupe, a água nem é funda. E, pirralha, eu nunca deixaria você se afogar... — Ele parou, a voz se tornando mais baixa, quase maliciosa. — Pelo menos, não ainda.

A provocação me fez soltar um riso involuntário. Ele não parecia tão monstruoso assim... talvez isso fosse uma vantagem para mim. Precisava manter a cabeça no lugar.

— Tire as roupas. Ninguém toma banho termal com roupas. — A ordem foi direta, sem espaço para discussão.

Meu coração parou por um segundo.

— Eu... eu não vou tirar minhas roupas na sua frente. — Eu me senti ridiculamente exposta, não pela nudez em si, mas pelas cicatrizes que cobriam meu corpo. A vergonha de ser magra demais, frágil demais, de ser tão distante das mulheres que ele certamente estava acostumado a ver, me consumia.

— Pare de ser chata. — Ele bufou, impaciente. — Seu kimono está velho e desgastado. Amanhã, Uraume vai com você à cidade para comprar novos. Escolha algo bonito e caro. Odeio coisas baratas.

— Mas... eu não tenho como pagar por isso. — A incredulidade era evidente na minha voz. Como ele poderia esperar que eu comprasse algo tão luxuoso?

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⏰ Última atualização: Sep 18 ⏰

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