Capítulo2: o gesto da esperanca

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Rita acordou na manhã seguinte com a sensação de que a noite anterior havia sido apenas mais um sonho triste. A casa dos seus pais, que um dia foi repleta de vida e alegria, agora parecia vazia e os quadros pareciam que observava ela

Ela se levantou e decidiu sair para espairecer. Ao invés de se dirigir para a cidade, ela preferiu por um passeio no parque próximo à sua casa. Era um lugar que costumava frequentar com seus pais, um espaço verde que contrastava com o concreto da cidade.

Enquanto caminhava pelos trilhos do parque, Rita observava as famílias e casais aproveitando o dia, o contraste com sua própria solidão era evidente. Ela parou em um banco e se sentou, olhando para o lago onde os patos nadavam tranquilamente.
Era um lugar que deveria ter trazido um pouco de paz, mas, em vez disso, a calmaria do parque parecia intensificar sua sensação de vazio.

O pensamento de seu ex-noivo e a perda de seus pais ainda estavam presentes, uma sombra constante em sua mente. Rita se esforçou para não se deixar consumir pelo pesar, mas, cada vez mais, se sentia como uma estranha em sua própria vida.

Após algum tempo, ela decidiu que precisava de um espaço diferente, algo que oferecesse uma mudança de cenário e, quem sabe, um pouco de conforto. Seu pensamento voltou ao restaurante "Sabor da Terra". O local tinha proporcionado um breve alívio na noite anterior, e talvez voltando lá pudesse encontrar refúgio.

Decidida, Rita voltou para casa para se preparar. Viu o relógio e percebeu que estava na hora de almoçar. Não estava disposta a ficar em casa o dia todo, então se arrumou e saiu, dirigindo-se novamente para o restaurante.

Ao entrar no restaurante, a atmosfera acolhedora e familiar a envolveu. Tiago estava na cozinha, e Isaac, o garçom, estava servindo algumas mesas. Ao perceber Rita entrando, Isaac se aproximou com um sorriso educado.

Isaac: "Bom dia, dona. Que bom vê-la novamente. Vai querer sentar na mesma mesa de ontem ?"

Rita hesitou por um momento, depois assentiu. Era um lugar onde ela havia encontrado um pouco de paz, e isso era suficiente por uma ora. Ela se acomodou na mesma mesa mais afastada, enquanto Isaac se preparava para atendê-la.

Isaac trouxe o menu e ofereceu a Rita uma breve conversa, mas ela estava mais focada em apreciar a atmosfera de seus pensamentos do que em interagir. Ela pediu uma sopa e um prato principal simples, decidida a ter uma refeição tranquila.

Tiago, que estava visivelmente ocupado, deu uma rápida olhada na área de refeições e notou que Rita estava de volta. Ele abriu um sorriso e se lembrou de sua franqueza da noite anterior e decidiu se aproximar para ser o mais discreto possível.

Tiago:-"Boa tarde, dona. Espero que esteja bem. Vou preparar algo especial para você."

Rita olhou para ele com uma expressão de desdém, seus olhos castanhos refletindo a frieza de sua disposição.

Rita:-"Não preciso de nada especial. Só traga o que eu pedi,  rápido e deixe-me em paz."

Tiago fez um aceno de cabeça, mas a determinação em seus olhos estava clara. Em vez de se afastar completamente, ele decidiu fazer uma breve tentativa de interação.

Tiago: "Entendo. Mas, se precisar de algo ou se houver qualquer outra coisa que eu possa fazer para tornar sua experiência melhor, por favor, me avise."

Rita o ignorou e voltou a olhar para janela, sem mais respostas. Tiago, determinado a oferecer algum tipo de conforto, fez o possível para acelerar a preparação da comida e retornou rapidamente com a sopa.

Tiago:-"Aqui está sua sopa. Se precisar de algo mais ou quiser conversar, estarei por perto."

Rita aceitou a sopa sem fazer muito caso, e Tiago se afastou. No entanto, ele não desistiu. Ele continuou verificando de vez em quando para garantir que tudo estivesse conforme o desejado, embora Rita raramente o olhasse. Mais as vezes seus olhares se cruzavam

Quando Tiago trouxe o prato principal, ele fez uma tentativa de interação, mesmo com a resistência dela.

Tiago:-"Este prato é uma das nossas especialidades. Eu entendo que você esteja passando por um momento difícil, mas se houver algo que eu possa fazer para ajudar, estou aqui."

Rita o olhou com uma mistura de cansaço e frustração, suas palavras cortantes.

Rita:-"Você está insistindo muito. Só me deixe comer em paz."

Tiago, com um sorriso paciente, respondeu:"Desculpe se estou sendo inconveniente. Só quero garantir que você tenha uma boa refeição e que, de alguma forma, possa sentir-se um pouco melhor."

Ele se afastou, mas não demorou muito para que ele voltasse com algo inesperado. Desta vez, ele carregava um pequeno caderno e uma caneta, e se aproximou da mesa de Rita com um olhar decidido.

Tiago: "Dona, eu gostaria de lhe oferecer algo que pode parecer um pouco diferente. Tenho um pequeno caderno aqui. Se sentir vontade de escrever ou desabafar, pode ser uma forma de aliviar um pouco o peso que você carrega."

Rita olhou para o caderno, surpresa pela oferta. Ela hesitou antes de responder, sua frieza momentaneamente quebrada pela surpresa e curiosidade.

Rita: "Por que você está fazendo isso? Não tenho nada para escrever."

Tiago: "Às vezes, colocar os pensamentos no papel pode ajudar a clarear a mente. Não precisa escrever nada específico. Apenas um espaço onde você possa expressar o que está sentindo."

Rita não respondeu imediatamente, olhando para o caderno. Ela estava tão tomada pela dor e pela frustração que não sabia como reagir. No entanto, o gesto de Tiago parecia genuíno e inesperado. Ela pegou o caderno com um suspiro.

Rita: "Obrigada... eu acho."

Tiago sorriu, aliviado por ter conseguido, ao menos, oferecer algo que pudesse ser útil.

Tiago: "Se precisar de algo mais, estarei por aqui. Espero que a refeição tenha sido do seu agrado."

Rita assentiu e Tiago se afastou, deixando-a com o caderno em mãos. Ela não escreveu imediatamente, mas segurou o caderno como se ele fosse um lembrete de que alguém, mesmo um desconhecido, estava tentando se importar com ela.

Quando Rita terminou a refeição e se levantou para sair, Tiago a observou com um olhar esperançoso. Ele sabia que não podia resolver todos os problemas dela, mas estava determinado a fazer o possível para oferecer algum alívio.

Rita se virou para ele, oferecendo um sorriso fraco.

Rita: "Talvez eu volte."

Tiago sorriu de volta, ainda esperançoso.

Tiago: "Eu estarei aqui. Cuide-se, dona Rita."

Rita: "como vc sabe meu nome ? Ontem eu não te disse"

Tiago: "tenho meus meios"
o mesmo sorriu sem mostrar os dentes fazendo a mesma revirar os olhos mais soltou um sorriso

Tiago: "tá vendo eu puxei um sorriso seu, já é um avanço"

Ela revirou os olhos novamente mais dessa vez ela abriu um sorriso maior, e saiu do restaurante, sentindo um misto de gratidão e confusão. O gesto de Tiago a tocou mais do que ela queria admitir, e, ao caminhar pela rua, ela percebeu que o pequeno caderno que ele lhe ofereceu era, de alguma forma, um símbolo de um possível novo começo.

Do ódio ao amor: uma receitaOnde histórias criam vida. Descubra agora