Capitulo 8: estou bem

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Os dias que se seguiram à noite em que Rita apareceu à porta de Tiago passaram lentamente, como se o tempo estivesse tentando arrastar seu corpo cansado pelo calendário. O luto ainda estava presente, uma sombra constante que permeava cada pensamento, cada tarefa, cada silêncio prolongado. No entanto, algo dentro dela havia mudado. Aquela breve abertura emocional com Tiago, o colapso, e o ombro silencioso que ele ofereceu, abriram um pequeno espaço em seu coração endurecido. Não era muito, mas era o suficiente para que ela começasse a questionar sua própria resistência ao mundo à sua volta.

Naquela manhã de quarta-feira o sol estava escondido atrás de nuvens densas, tornando o dia cinzento e monótono, o tipo de dia em que qualquer decisão parecia pesar mais que o habitual. Rita estava sentada à mesa da cozinha, olhando para uma xícara de café pela metade. O silêncio da casa era quase sufocante, exceto pelo som ocasional do vento batendo contra as janelas. Seus pensamentos vagavam, inquietos, enquanto a xícara esfriava em suas mãos.

Ela suspirou, levantando-se da cadeira e indo até a janela. Lá fora, o mundo parecia tão indiferente à sua dor, tão normal. As pessoas caminhavam pelas ruas, carros passavam, e a vida continuava, como se nada houvesse mudado. Ela sentiu um aperto no peito, uma sensação de desconexão profunda. Como ela poderia continuar vivendo quando tudo dentro dela parecia tão despedaçado?

no fim da tarde, Rita entrou devagar, observando cada detalhe do ambiente. Não havia nada de diferente — os mesmos móveis, as mesmas fotos antigas — mas ela se sentia mudada de alguma forma.

Ela sentou-se no sofá, com as pernas cruzadas, e pegou o caderno que Tiago lhe dera semanas atrás. Ainda havia poucas páginas escritas, mas hoje ela sentia vontade de continuar. Pegou uma caneta e começou a escrever, hesitando no início, mas logo as palavras começaram a fluir. Eram pensamentos desordenados, memórias de seus pais, sentimentos de perda e, curiosamente, menções de Tiago.

Escrever trouxe uma estranha sensação de alívio. Ela não precisava colocar tudo em ordem ou encontrar respostas para suas perguntas. Apenas expressar o que estava preso dentro de si já era suficiente. Quando terminou, fechou o caderno e recostou-se no sofá, olhando para o teto. O silêncio que antes parecia sufocante agora parecia um pouco mais acolhedor.

Ao pegar o controle remoto, ligou a TV, ela colocou novamente na série you, Talvez assisti-la fosse o que ela precisava para continuar se distraindo. De qualquer forma, o futuro ainda parecia incerto, mas algo dentro dela começava a se abrir, mesmo que aos poucos

Do ódio ao amor: uma receitaOnde histórias criam vida. Descubra agora