Capítulo 1

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A chuva descia forte, os gatos da caverna se espalhavam entre as tocas. De um buraco, as gotinhas de chuva caiam em cima da pedra de Estrela de Carvalho, e deslizavam para o lago.

A - Chuva... eu nunca vi antes, apenas da janelinha de casa.

P'C - Você nunca viu chuva, pequena? Bem, ela causa doenças.

A - Não quero ficar doente!

Pena de Coruja havia pegado uma certa intimidade com a gatinha.

P'C - Sabe... você se parece com meus filhotes.

A - Filhotes? Posso conhecer eles?

A gata abaixou a cabeça, seus olhos nublaram de tristeza.

P'C - Eles... estão no clã das estrelas. Perdi eles, os clãs sequestraram os pobrezinhos, e mataram.

Azulzinha abaixou a cabeça; esses gatos eram tão horríveis assim?

A - Qual o nome deles?

P'C - Eram 3... Filhote de Esquilo, Sol e Filhote de Madeira.

A - Sinto muito pela sua perca...

P'C - Sem problemas, é normal perder pessoas importantes.

Do alto da pedra, Estrela de Carvalho convocou um chamado para as duas gatas.

P'C - Venha, ele quer ver você.

As duas felinas foram até a pedra, Pena de Coruja teve que ajudar ela a nadar.

E'C - Azulzinha, pensei muito. Você não tem para onde ir, nem onde ficar. Que tal se juntar ao nosso clã? Você não tem coleira, e não gosta de duas pernas.

A - Me juntar ao clã? Mas eu posso morrer!

E'C - Você não pode morrer, nosso clã tem guerreiros e muitos jovens fortes para proteger todo o clã.

A - E os filhotes de Pena de Coruja?

Estrela de Carvalho abaixou as orelhas, também ficou triste. A gata imaginou que ele era o pai dos filhotes.

E'C - Eles eram meus filhotes... eles fugiram do clã, e o clã da guerra matou eles...

Pena de Coruja se sentou, também triste.

A - Sinto muito...

E'C - Mas olhe, se você não quiser ficar aqui você pode ir para outro clã. Ou ser solitária... ou até morar com algum solitário, próximo aos duas pernas.

A - Eu acho que vou me juntar.

E'C - Perfeito! Deixe-me chamar os restantes dos felinos.

O gato levantou e ficou na beira da pedra, convocando os felinos.

E'C - Gatos do clã observador, convoquei esta reunião para anunciar a vocês que nosso clã acolheu uma gata. Antes gatinha de gente, mas ela nunca esteve de acordo com sua vida. Convidamos ela, e ela se juntou a todos nós.

Da beira do rio, um gato miou alto; era listrado de preto.

?? - Não me falaram sobre nenhuma permissão para entrada de gatinhos de gente! Aposto que nem o representante sabe dessa história. Ela ao menos provou alguma coisa?

P'C - Este é Presa Partida. Logo se tornará veterano, é sábio. Mas acho que tem um cocô de raposa enfiado na garganta dele agora!

P'P - Não sou surdo, Pena de Coruja. Oque eu falei é simples! Não é aceito nenhum gatinho de gente em todos os clãs, e você sabe porquê!

P'C - É claro que eu sei! Mas é uma questão sabia, Presa Partida.

E'C - Calem todos a boca. Eu falei para Pelo de Urso sobre o encontro com ela sim, ele apoiou. Agora, por favor. Vamos todos resolver isso, ela não tem lar.

Alguns felinos sussurram entre si, mas no fim chegaram a um acordo. A gata entra no clã.

E'C - Se for assim, pelo menos terá o nome de aprendiz.

Ele olhou para a gata, e assim teve um nome óbvio.

E'C - Diante do clã das estrelas, nomeio esta aprendiz. E espero que eles aprovem minha escolha de nome e convite para entrada do clã.

Ele deu uma pausa, respirando fundo.

E'C - O nome desta aprendiz será Pata Misteriosa, pois sua origem é um mistério. Não demonstra nada, além de silêncio. Eu serei seu mentor.

Pata Misteriosa! Pata Misteriosa!

Alguns dos aprendizes gritavam. Entre eles, principalmente uma gata cor de castanhola.

Assim a reunião se encerrou. A gata desceu da pedra junto a Estrela de Carvalho e Pena de Coruja.

E'C - Iremos começar o aprendizado amanhã. Me espere junto a Pena de Coruja, certo?

P'M - Tudo bem!

Alguns dos aprendizes correram até ela.

C - Pata Misteriosa, Pata Misteriosa! Achei o seu nome incrível! Me chamo castanha! Soube que você era gatinha de gente e... Minha nossa, que cicatriz incrível!!

P'M - Ah... você acha?

C - É incrível! Eu acho que quem tem cicatriz é forte.

P'M - Obrigado! E pelo visto você tem duas.

A gata percebeu as cicatrizes, uma no ombro e outra no focinho.

C - Ah, eu tenho 8 luas. Foram cicatrizes de quando eu era filhote! Uma raposa tentou me sequestrar do ninho, aí eu fugi mais fui atacada.

P'M - Caramba! Mas oque é "raposa"?

C - São animais vermelhos enormes, de patas pretas. Tem o focinho enorme, e fedem muito!

P'M - Devem ser feias! Imagine, focinho grande!

C - Minha mentora tem focinho grande, mas ela é linda!

P'M - Oh, desculpe, não sabia.

C - Sem problemas. Agora vamos! Vou te mostrar todo o acampamento.

Assim foram. Castanha e Pata Misteriosa. Será uma dupla amiga? Ou... amigos falsos que virariam inimigos?

Gatos Guerreiros: O Mistério da Estrela PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora