Capítulo 5

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Algumas centenas de anos depois

Alguns dias, Hermione não se lembra do que era existir durante o dia. A sensação do sol em seu rosto. Uma vida como parte da sociedade.

Aqueles primeiros dias que separam aquela vida desta são pouco mais que um borrão, escondido em um canto distante de sua mente. Ela era jovem, idealista, dedicada à ideia de realização e de fazer a diferença de alguma forma.

Já faz tanto tempo que ela mal reconhece a jovem que um dia foi.

Ela escorregou para a vida que agora vive como uma simples troca de capa, comprometendo-se com seu trabalho até que ele estivesse concluído. Até que seus planos mudassem.

Um pequeno coven de vampiros do norte, desesperados pelos rumores que começaram a se espalhar, roubaram uma cópia do trabalho dela – e no final, eles aperfeiçoaram sua fórmula por conta própria. Hermione nunca quis o crédito pela reversão vampírica, e ela estava muito contente em permanecer nas sombras, observando enquanto seu trabalho mudava a vida de milhares ao redor do globo.

Ela, por sua vez, assistiu a grande parte disso de fora.

Separada do mundo que ela conhecia, mas não sozinha.

Ela e Draco viram o mundo, passaram anos explorando e anos se estabelecendo. Meses separados e anos juntos – e sempre, atraídos um para o outro pela magia que os une. Sempre se mantiveram próximos.

Eles viveram em cidades e vilas, nas selvas e nas praias do mundo. Em países onde os vampiros são reverenciados em vez de temidos. Onde a noite é celebrada.

Eles viram todos que já conheceram desaparecerem. Amigos e familiares, colegas de trabalho e conhecidos, perdidos na busca incessante do tempo. Enquanto os dois simplesmente seguiram em frente, explorando as muitas facetas que a vida lhes proporcionou até que os anos começaram a sangrar juntos.

Porque para Draco, ela agora sabe, o que ele odiava não era ser um vampiro, mas sim enfrentar um tempo interminável sozinho.

Eles viram nações surgirem e ruírem, observaram as mudanças do mundo à distância, indiferentes à imediatez da existência humana.

E ainda assim, ela consegue se lembrar do voto que fizeram depois que seus primeiros cem anos juntos se passaram.

Se chegar a hora, Draco disse a ela, quieto e reverente, com o olhar fixo no céu, que a visão da lua cheia não inspira mais admiração, seguiremos em frente.

Entrelaçando os dedos, ela levou os nós dos dedos dele aos lábios e sussurrou:

Combinado.

Alguns dias agora, ela se sente cansada. Ele estava certo em dizer a ela que essa vida seria estimulante à sua própria maneira. Que ela se perderia na emoção dela – e por tantos anos, eles se perderam.

Por vidas, eles viram o mundo juntos. Tantos anos que ela não consegue contar, e na maioria das vezes, eles não se incomodam. Eles tiveram muito mais tempo do que ela jamais imaginou – tanto tempo que eles estão juntos que seus corações estão simplesmente entrelaçados, suas almas duas metades da mesma.

E agora...

Ela sentiu a mudança nele tão certamente quanto dentro dela.

Que está na hora.

Chegou a hora de se tornarem humanos novamente, de viver os anos restantes de suas vidas como mortais, até sucumbirem à fragilidade da idade.

Segurando dois pequenos frascos na mão, ela oferece um a ele. Juntos, eles removem as rolhas; a poção cheira a todas as coisas que ela mais ama na noite.

— Eu te amo — ela sussurra, buscando o conforto que conhece no prateado dos olhos dele.

Draco sorri, aquele sorriso suave e indulgente que ela passou a conhecer tão bem.

— Eu te amo — ele retorna, brandindo seu frasco. — Para nossa próxima e última aventura juntos.

Seus olhos ardem de lágrimas, mas ela não tem dúvidas.

E em um pedaço de terra coberto de vegetação nos arredores de Londres, onde antes havia uma pequena cabana de madeira, eles começam de novo.

Fim

Undead Eternal | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora