XV

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Estava deitado na cama, faz um bom tempo, na verdade fazem horas, ou talvez dias. Eu não queria nada, não sentia nada, há não ser o vazio dentro de mim. Tristeza e raiva me corroendo por dentro.
Tinha vergonha de mim mesmo. Tinha nojo de mim. Eu não conseguia me olhar do espelho. Nem forças para me desculpar eu tinha.
Minha alma estava apossada de desilusão, impotência, descrença e ódio. Ódio daquele homem, mas eu era tão fraco, tão sem voz. O que eu posso fazer?

TOC, TOC*
Ouvir o bater da porta, me tirando dos meus pensamentos intrusivos. Mas apenas não respondi, eu não quero ser incomodo, ao mentiras não agora. Têm sido dias sem ele e eu agradeço mentalmente por isso.

— Senhor? - Chamou uma das empregadas, acho que essa já é a quarta vez que ela vem. " O senhor precisa de comer. Isso não fará bem para sua saúde."

— Obrigado, mas eu não tenho fome, querida. Talvez mais tarde. Tudo bem?- Tentei virar o meu corpo fraco em sua direção e esboçar um sorriso para não a preocupar. Eu sei que o patrão dela é cruel ao ponto de matá-la se eu não comer. — Jogue sanita a baixo como da última vez.

Ela olhou triste para mim, mas apenas concordou e fez o que pedi.

Depois dela ter limpado bem o local onde jogou o alimento, ela saiu e sorriu para mim. " O senhor é tão bom, muito obrigada pelo que está fazendo. Espero que possas comer da próxima vez."
— Obrigado eu pelo ajuda. Eu só preciso descansar um pouco e depois estarei no meu melhor outra vez.- Ela concordou e saiu do quarto depois de alguns minutos, para não levantar suspeitas

Enfim sozinho outra vez. Mas parece que o mundo não queria dar a paz que eu preciso. Mais uma vez o som ecou pelo quarto.
"TOC, TOC TOC* foram três toques pausadamente. Estranhei o facto de serem três batidas, já que a moça da pouco sempre bate apenas duas vezes. Então me senti obrigado a dar permissão para que seja lá quem fosse, entrasse de uma vez.

— Oi! - Disse um jovem de olhos e cabelos bicolores. Ele era alto, parecia ter um bom porte físico apesar da bata branca cobrir uma boa parte dele. Mas a grande mancha em seu rosto não deixava de gritar por atenção. — Eu sou Todoroki Shōto, seu médico.

— Ham, está bem. Acho que eu não preciso me apresentar, no fim das contas.

— Assim eu fico magoado.— Disse calmo, apesar de dizer que ficaria magoado, q sua expressão facial não mudou nadinha. Era estóico, mas estranhamente reconfortante.

— Desculpa. — digo envergonhado. — Sou Miforiya Izuku, é um prazer.

Ele pareceu sorrir com os olhos, ao menos eu pude notar.

— Sei que não tens comida. Não precisas arranjar desculpas.

— Eu...- procurei pelas palavras certas, mas não veio nenhuma a tona. — Eu só não tenho fome.

— Tudo bem. - ele concordou calmamente e sentou-se na poltrona perto da minha cama. — Mas será que o seu serzinho não tem?

Eu, meu Kami! Como pude ser tão egoísta. Mais uma vez a ficha caiu. Senti a ardência em meus olhos.
— Eu não queria machucar ele. - chorei com medo de perder ele também. — Eu juro que estava de cabeça quente e não pensei direito.

— Tudo bem, deite para fora, eu estou aqui para isso. Ele sabe pelo que o seu pai está passando,

Sorri me sentindo melhor e limpei as lágrimas.— Não tenho problemas em ser chamado de mãe.

— Então a mamãe tem preferência. - ele afirmou mais para si do que para mim; aquilo pareceu ser algo bem reconfortante para o mesmo.— Posso chamá-lo pelo nome?

— Eu acho que sim. Na verdade eu não tenho problemas com isso, mas sabe, o Bakugou não vai gostar.

— Eu sei, isso pode ser o nosso segredo, Izuku. - Ele leva o indicador sobre os lábios fazendo um gesto muito familiar.

— Kazu. - Digo espantado. Meu filho fazia a mesma coisa...

— Então você notou. Izuku, podes confiar em mim. Eu sei que sou um completo estranho nesse momento, mas eu posso te ajudar. Eu sei pelo tem passado esses tempo todo. Eu só quero vos proteger. - ele sussurrou agarrando a minha mão.

— Eu não sei, Bakugou não vai deixar, eu estou bem. Ele me ama e só me pune porque eu cometo muitos erros, mas eu tenho melhorado um pouco, sabe?

— Izuku, ele não te ama, amor não machuca, não intimida, não oprime e não humilha. Eu sei que estás em uma fase de negação, eu sei que o verdadeiro Izuku, o Izuku que eu quero resgatar, sabe que pode sair dessa.

Minha cabeça começou a doer muito. Vozes daquele homem surgiram aos turbilhões. Eu senti cada toque seu. — Não! - eu gritei tão alto que a minha garganta doeu. — Eu sou dele, ele vai me pegar de volta se eu tentar, eu sei, sempre foi assim. Ele arranca tudo de mim. Uma parte de mim quer lutar, mas sempre que olho para aqueles olhos carmesim eu sei que o outro lado de mim não me deixa lutar, esse é o lado mais forte, o Izuku fraco, que tem medo, que se esconde nesse mundo colorido para fugir da dor. O Izuku que não lutou pelo próprio filho.

— Não és fraco. - ouvia os seus encorajos sem conseguir tirar o meu olhar do chão, eu me senti pior que lixo. — tu és forte, muito forte, Kazu se gaba da mãe que tem, de como os seus abraços e colos são bons para ele, mesmo estando machucado. Se fosses tão fraco assim, conseguirias proporcionar esses momentos bons para ele. Ele tem dado no duro nas terapias, isso para receber um elogio seu.

— Eu não sabia. Ele é um menino incrível. - como alguém fraco tem um filho tão forte.

— Ele puxou a mãe. - ele levantou o meu queixo.
— Se ele entrar, o senhor vai ser morto.
— Au! Sério? Senhor? Essa doeu, devemos ter a mesma idade. E eu sei dos riscos.
— porquê faz isso por nós?
— Porque eu sinto que é o certo a ser feito. - Ele sorri, tinha algo mais. Mas era tão oculto que eu não pude decifrar.
— Agora vamos cuidar de ti e desse serzinho.
— Corro grande risco de perder esse também?- passei a minha mão em proteção. Estava com muito medo de ver isso acontecer outra vez.
— Eu não vou mentir que está tudo bem. Mas eu posso lhe garantir que comigo aqui, vai ficar tudo bem.- ele sorri ainda com a mão no meu rosto. — Por hoje vamos apenas comer, tudo bem?
Eu concordei com a cabeça. Pedindo com tanto carinho, teria como ser grosseiro e negar?

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⏰ Última atualização: Sep 14 ⏰

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Não existem heróis aqui!- Bakudeku darkOnde histórias criam vida. Descubra agora