Hyemalis

1 | Cryst

Eu estava sentada em cima de uma árvore perto do campo de treinamento lendo um livro. Mas, acho que talvez devesse me apresentar, não é?

Meu nome é Crystal Snow, eu sou o que chamam de meio-sangue, bom, pelo menos é assim que chamam os filhos de humanos com deuses, eu sou filha da Quione, a deusa do inverno. Quione não costuma ter filhos, o que significa que eu sou a única filha dela.

Perto do campo de treinamento, avistei alguns campistas do chalé de Deméter ajudando os sátiros com a plantação de morangos.

O chalé de Deméter e eu nunca simpatizamos muito, principalmente eu e o conselheiro chefe do chalé de Deméter, Anthony William.

Essa briga começou quando Deméter e Quione tiveram uma briga a milhares de anos atrás para decidir qual das duas seria a deusa do inverno. E por Quione ter ganhado, Deméter ficou com raiva, e essa briga não ficou apenas entre elas.

William estava vindo em direção ao campo de treinamento com seu arco e flecha branco com detalhes marrom e dourados. Não haveria o menor problema de ele estar indo para lá, se a árvore em que eu estava livro não ficasse ao lado da arena de arco e flecha.

— Pronta para perder amanhã na escalada, Snow? — perguntou William
— Eu já perdi alguma vez na escalada? —  retruquei
— Para tudo há uma primeira vez, e a sua vez de perder vai chegar
— Em primeiro lugar "vai chegar" não significa que vai ser amanhã, e em segundo lugar eu acredito em fatos, não probabilidades.

Eu fui embora em direção ao meu chalé, William continuou trainando.

Já estava de noite, e eu estava lendo meu livro sentada na minha cama quando ouço algumas batidas na porta do meu chalé, eram minhas amigas, Mahara Lyer, filha de Afrodite, e Annabeth Chase, filha de Atena. Mahara havia tido a brilhante ideia de fazer algo chamado festa do pijama, eu não sabia exatamente o que era aquilo, mas ao que parecia, era muito comum de se fazer no chalé 10.

— Você não sabem o que é uma festa do pijama, não é? —  perguntou ela. Parece que ela percebeu o fato de eu não está entendendo nada do que estava acontecendo ali. Balançei a cabeça afirmando que não sabia o que era aquilo.
— Bom, uma festa do pijama é uma noite que você faz com suas amigas e vocês ficam comendo doces, pintando as unhas e passando algo que se chama máscara de argila. Segundo a Mah — respondeu Annabeth
— Exatamente!

Ficamos lá a noite toda, rindo e comendo doces. De tanto Mahara implorar eu deixei que ela pintasse minhas unhas, ela pintou em um tom de branco levemente cintilante. Mah pintou a unha de Annabeth de roxo com alguns detalhes dourados. Acho que nunca imaginei me ver com a unhas pintadas, mas, quando se tem uma amiga filha de Afrodite, é de se esperar que ela queira lhe arrumar sempre que puder.

Mahara estava trançando meu cabelo enquanto Annabeth esperava secar a máscara facial que Mahara passou nela.
— Então, Cryst, e o Anthony? — perguntou a Mah
— O que tem ele? — perguntei
— A, não sei, é que vocês dois seriam um excelente casal
— Isso nunca aconteceria, a gente vive discutindo um com o outro —  falei
— Mas tem muitos livros de romance em que eles são rivais e no final eles ficam juntos — disse Mahara
— Ela tem razão, Cryst —  disse Annabeth — você e o Anthony combinam.
Eu fitei Annabeth, é sério isso? Eu e Anthony William como um casal? Isso é simplesmente impossível de se acontecer.
— Mah, eu amo que você seja assim, e eu sei que sua mãe é literalmente a deusa do amor, mas nem tudo é um livro de romance.
— Mas isso não significa que você e o Anthony não possam ser amigos — disse Annabeth

***

No dia seguinte, quando amanheceu, Annabeth e Mahara voltaram para os seus chalés. Quando acordei, notei que havia algo... Diferente? Eu não sabia explicar, mas eu tivera a impressão de que estava mas frio do que nos últimos dias, o que era estranho pois era verão. Resolvi ir até a Casa Grande falar com Quíron, talvez ele me falasse alguma coisa.

Quando cheguei na Casa Grande, Quíron estava observando os campistas que treinavam no campo de treinamento e o sr. D estava lendo sua resvista que não soube distinguir sobre o que era por conta da dislexia.

— Crystal! Que bom vê-la por aqui! —  exclamou Quíron — O que lhe trás aqui? — perguntou ele. Ele estava falando em seu tom de voz tranquilo de sempre
— Quíron, tem alguma coisa de errado com os deuses, ou, sei lá, qualquer coisa?— perguntei
— Por que haveria algo de errado Cryst? — perguntou Quíron. Seu rosto mudou a expressão, agora ele parecia um pouco mais preocupado do que antes.
— Eu não sei é só que, algo parece estranho, é como se eu pudesse sentir isso
— Olhe, Cryst, não há nada de errado, a escalada começará daqui algumas horas, e você precisa se preparar. Não se preocupe com isso, ok? — disse ele. Quíron falou de uma forma tão tranquila que consegui balançar a cabeça afirmando que sim.

Mais tarde, tentei esquecer isso, afinal, a escalada  acontece apenas uma vez no ano, todos os verões, costuma acontecer depois do almoço, e esse ano não será diferente. 

Estavam todos os campistas reunidos no pavilhão do refeitório.

Os cascos de Quíron ecoou no chão do pavilhão do refeitório.
— Heróis! — chamou ele — Vocês conhecem as regras! Os primeiros chalés a competir serão o chalé de Deméter, representado por Anthony William, contra o chalé de Quione, representando por Crystal Snow. E em seguida, o chalé de Atena, representado por Annabeth Chase contra o de Poseidon, representado por Percy Jackson. Vocês devem escalar a parede e pegar a bandeira que está no topo. Eu serei o médico e juiz do campo. Nada de ferimentos intencionais, por favor! Todos os itens mágicos são permitidos. Assumam suas posições!

William e eu assumimos nossas posiçõe. A escalada consiste em dois chalés escolherem um campista para participar representando seu chalé. Cada um com uma espécie de corda elástica presa na cintura para caso de queda. Afinal, são quatro metros de altura, ninguém sobreviveria a uma queda dessa altura.

— Pronta Snow? — perguntou William

— É claro, estou sempre pronta —  respondi

A escalada começou e William logo começou a subir a parede, eu, andei para trás para pegar impulso, e comecei a correr. Por alguns segundos, consegui correr pela parede, o que obviamente não durou muito e tive que começar a de fato escalar. O importante era que meu plano tinha dado certo e eu acabara de passar William.

Senti algo puxar meu pé e escorreguei, era William que conseguiu passar por mim enquanto eu tentava manter o equilíbrio.

--- Ops. Cuidado onde pisa, Snow --- debochou William. 

Já estávamos a mais de dois metros e meio de altura, e William ainda estava na minha frente. Eu não poderia deixa-lo vencer, tinha de arrumar um jeito de passar na frente dele. Foi ai que lembrei de minha espada. Minha katana. Quíron me deu ela quando eu tinha dez anos, disse que era um presente de Quione para mim, e que era parecida com a katana dela. A katana tinha uma espécie de ligação comigo. Eu podia joga-la para qualquer lugar e ela sempre retornaria para mim.

Ela tinha apenas o cabo, a lamina aparecia apenas quando eu queria. Joguei o cabo da katana em direção aos pés de William, ele perdeu o equilíbrio, aproveitei e conseguir passar na frente dele.

William de alguma forma conseguira me alcançar e agora estava bem ao meu lado. Faltavam apenas meio metro de altura para chegarmos no topo. Que era onde estava a bandeira.

Eu consegui finalmente chegar ao topo, e, para minha infelicidade, William também. Assim que chegamos no topo, nós dois corremos em direção a bandeira. Que por sorte eu conseguira pegá-la.